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terça-feira, 28 de abril de 2020

O controle social é divino



Por Welliton Resende

Não foi à toa que o controle social da administração pública mereceu atenção e as bênçãos do Papa João Paulo II ( hoje São João Paulo II). 
Apregoava o Sumo Pontífice à época que "a igreja encara com simpatia o sistema da democracia, enquanto assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas e garante aos governados a possibilidade quer de escolher e controlar os próprios governantes, quer de os substituir pacificamente, quando tal se torne oportuno". 
Chamo isso de o legislador divino.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Corrupção nossa de cada dia




Por Nathalie Coutinho Pereira*

Enraizadas na sociedade brasileira, as pequenas corrupções são praticadas constantemente no nosso dia a dia. Por serem muitas vezes despercebidas e rotineiras, acabaram sendo aceitas culturalmente.

Considera-se, portanto, que não se trata apenas de desvirtuamentos éticos, mas sim de condutas, que em sua maioria são configuradas também como ilegais. Exemplos clássicos estão sendo divulgados pela página do facebook da CGU, dentre outras atitudes, temos:

COMPRAR PRODUTOS FALSIFICADOS: Corrupção nossa de cada dia, em que além de ser antiética, estamos sujeitos as sanções penais, pois a violação de direito autoral é produto de crime.

NÃO DAR NOTA FISCAL: Corrupção nossa de cada dia, em que o simples ato de não entregar e, principalmente de não cobrarmos estaremos facilitando a lesão ao fisco.

FALSIFICAR ASSINATURAS: Corrupção nossa de cada dia, conduta antiética e ilícita por ser considerado crime de plágio.

ROUBAR TV A CABO: Corrupção nossa de cada dia, conhecido como gato, constituindo-se de um ato ilícito por ser equiparado como o crime de subtração a coisa alheia móvel.

APRESENTAR ATESTADO MÉDICO: Corrupção nossa de cada dia que se enquadra em crimes de falsidade ideológica e falsidade de atestado médico por quem entrega e uso de documento falso por quem utiliza.

Inúmeras outras pequenas corrupções são praticadas corriqueiramente, tendo a gravidade, muitas vezes, ignorada pelo meio social. Continuamos com tais condutas, sem perceber que independente do grau, estamos prejudicando a sociedade, apesar das grandes corrupções tomarem maiores proporções.

O que vemos atualmente é que ao se falar de corrupção associamos impulsivamente a classe politica, desconsiderando que no anonimato procedemos também com deslealdade e desrespeito com os nossos semelhantes: jogamos lixo na rua, furamos fila, aceitamos troco errado etc. A corrupção não está limitada apenas ao ambiente público, este é apenas reflexo do que temos visto no nosso dia a dia.

Devemos ter um posicionamento diferente em relação a nossa corrupção rotineira, observando que tais atitudes interferem nas relações sociais, transformando-se num ciclo vicioso, trazendo prejuízos econômicos e morais. Situação que está gerando um ambiente social, cuja convivência aos poucos torna-se insuportável e a desconfiança passa a ser o lema da sobrevivência.

E, enquanto a corrupção acentua-se de forma significativa no nosso dia a dia...

Como vamos cobrar a mudança do contexto corrupto praticado em todas as esferas dos poderes?

Como vamos pedir uma revolução de valores e princípios éticos e morais?

Como vamos exigir uma metamorfose radical das consciências dos cidadãos, se todos nós o somos?

Praticar e aceitar pequenas corrupções autorizam a permanência das grandes corrupções. Costumamos atirar pedras no politico desonesto e, no anonimato procedermos com igual falta de escrúpulos com os nossos semelhantes. Isso é o que caracteriza-se como falta de educação para a ética e a cidadania. Valores que passam a ser banalizados, porque ninguém os ensina.

A educação é a única alternativa capaz de transformar essa realidade. Através do processo de conscientização e, principalmente do engajamento nas instituições escolares é que teremos um resultado, mesmo que a longo prazo.

Não é preciso apenas acreditarmos, é preciso atitude. Entendermos que a nossa corrupção de todo dia é uma cultura que legitima as maiores corrupções. Entendermos que nós mesmos é que somos a resposta para as nossas próprias perguntas no que refere-se aos problemas sociais existentes no nosso país. Entendermos que deve haver primeiramente uma mudança no nível micro.

Felizmente o nosso estado já deu o primeiro passo, uma pequena e importante iniciativa para tentar combater essas condutas. A inserção da palestra “As pequenas corrupções do dia a dia” na programação das capacitações realizadas nos municípios através do Curso de Controle Social e Cidadania está sendo um avanço, efetivado a partir da repercussão surpreendente na página do facebook da CGU acerca da temática. Contemplar tal assunto só tem a contribuir para o lindo projeto desenvolvido pela equipe. Apesar de que por enquanto, apenas alguns municípios foram beneficiados com a nova ação, acredita-se no alcance de um grande sucesso em todos os que forem contemplados no decorrer do curso.

Me sinto feliz por ter sido uma das privilegiadas em ministrar a palestra, representando Matões, município que trabalho e a primeira cidade a receber o curso com a nova programação. Experiência inesquecível, que me levou a evidenciar a importância de se promover no evento a reflexão sobre as pequenas práticas corruptas e seus reflexos na sociedade. Esperando a disseminação do assunto nos mais variados ambientes sociais por aqueles que tiveram presentes e que participavam com tamanha atenção e interesse.

Agradeço ao coordenador Welliton Resende pela oportunidade.

Com fé, coragem, determinação, dedicação, atitude e mobilização, acredito que um dia não viveremos, mas veremos de algum lugar nossas gerações vindouras usufruindo de serviços públicos de qualidade. Veremos um país de oportunidades e de igualdade. Veremos um sistema diferenciado, em que as relações sociais serão mais saudáveis e desinteressadas. Assim, veremos a valorização do “ser” substituído do “ter”, a essência preponderando sobre a aparência.

E, finalmente no último tijolo daquela construção que falaste Weliton. Sabe o que vai acontecer? Todos indagarão uns aos outros e a si mesmos o porquê de ainda existir órgãos de controle e de prestações de conta, se a sociedade já alcançou a verdadeira coexistência pacifica e todos os seres já haviam resgatados o mais puro dos princípios da natureza humana: A HONESTIDADE.

E nós, querido Weliton, de algum lugar renasceremos só para ter a certeza que todos os sonhos, por mais utópicos que eles aparentam, um dia eles se realizarão. E o único sonho vivido será o nosso, pois estaremos colhendo o que plantamos num futuro que só a Deus pertence.



Nathalie é caxiense, professora e pesquisadora.
 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dinheiro público: quando roubar tem que deixar de ser a regra


Por Welliton Resende*

Dinheiro público tem destinação certa: a finalidade prevista na legislação que ampara a sua transferência ao estado ou município, ou outra entidade. Portanto, qualquer desvio de finalidade na utilização destes recursos é considerado um ato de corrupção.

O gestor público (governador, prefeito, secretário, etc) deve se ater aos instrumentos legais quando dá aplicação destas verbas. Qualquer desvio, é tipificado como um ato de corrupção.

A nossa sociedade deve ser absolutamente intransigente com quem desvia o dinheiro que deveria ser destinado às políticas públicas, normalmente mitigadoras da situação de abandono das comunidades.

Em nosso querido e amado Brasil, sabemos das dificuldades de se reaver ao erário o dinheiro desviado. Logo, PREVENIR a corrupção se faz necessário. E mais que isso, se faz urgente.

O controle social para ser palpável pela maioria das pessoas deve prescindir de três coisas: prestação de contas acessível fisicamente ao cidadão, responsabilização de quem der causa aos desvios e, por fim, cidadãos com capacidade de verificar as prestações de contas e entregar os "achados" aos órgãos de controle, tais como, CGU, Polícia Federal, Ministério Público e TCU.

Com a ação dos "auditores sociais", juntamente com os demais atores do Estado, a situação tende a mudar. Em minha opinião, o corrupto é um verdadeiro psicopata, se ele vir oportunidade, vai levar o dinheiro. Assim, quanto mais olhos estiverem sobre os recursos públicos, mas difícil será o seu desvio.

 Não é fácil! mas se dermos o primeiro passo construiremos a manhã desejada.

Welliton Resende é auditor e coordenador do
 Núcleo de Prevenção à Corrupção da CGU-MA

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Estratégias para o fortalecimento do combate à corrupção nos municípios maranhenses

Escola pública em Pindaré-MA
Por Welliton Resende*

Combater a "praga dos séculos", que é a corrupção,  não é uma tarefa fácil e deixar esta missão a cargo apenas dos órgãos de controle dificulta ainda mais. Desse modo, elaborar estratégias de enfrentamento sem envolver a sociedade torna a tarefa, além de mais árdua, menos eficaz.

Assim, debruçando-se sobre esta perspectiva, creio que algumas que podemos começar pelo seguinte:

1-Unificar e uniformizar as estratégias de ação dos setores envolvidos com o combate à corrupção, nos diversos municípios maranhenses.

Algumas ações isoladas já estão em curso, como por exemplo, o trabalho do Centro de Direitos Humanos de Tutóia (MA), os seminários promovidos pelos Irmãos La Salle em Presidente Médice (MA), Fórum Jorge Moreno, a ONG Balaiada em Nina Rodrigues, a OCCIS em Santa Luzia, o CDH em Açailândia, os sítios www.controlecidadao, www.dinheiropublico, blog do controle social. Destacam-se, ainda, as ações realizadas pelos órgãos públicos: CGU (Programa Olho Vivo no Dinheiro Público), TCU (Diálogo Público), TCE-MA (Programa Contas na Mão) e Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e Administrativa-MCCEA do MPE.


2-Formar auditores socais.

Em face de os órgãos de controle (CGU,TCU, TCE,CGE, MP) estarem sediados nas respectivas capitais e, por questões de logística, as ações ocorrem normalmente por amostra, faz-se necessário que o próprio cidadão fiscalize os recursos públicos no município onde reside. Assim, o papel das entidades será o de instrumentalizar estes cidadãos com vistas ao exercício do controle social, ou seja, na formação desses atores. Para tanto, poderão ser utilizadas diversas ferramentas, tais como, técnicas expositivo-dialogadas (palestras, seminários, painéis, etc), uso da internet (blogs, sítios,etc), programas de rádio, elaboração de cartilhas voltadas ao controle (já disponível a “DESCOMPLICANDO”).

3-Envolver as associações de servidores dos órgãos de controle (Associação de Servidores do TCE, União Nacional do Analistas e Técnicos de Finanças e Controle-CGU, AUDITAR do TCU, dentre outras).

A causa do combate à corrupção deve ser incrementada com a participação dessas entidades, agregando valor intelectual e peso na formação de um inconsciente coletivo voltado à causa.

4-Aproximação com o Poder Legislativo Estadual e os representantes do Estado no Congresso Nacional, com vistas a angariar apoio para a aprovação de projetos de lei voltados para o incremento da transparência e do controle, meios eficazes de combate à corrupção.

a) A LRF precisa obrigar que o prefeito(a) emita listas de pagamentos efetuados, patrimônio e de arrecadação;
b)O Decreto-Lei  201/67 deve prever o afastamento imediato do prefeito(a) nos casos de pagamento a empresas-fantasmas e destruição de provas, inclusive coagindo testemunhas;
c)Alterar a CF para que o provimento dos cargos de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado deixe de ser político, devendo recair sobre os servidores da carreira cuja entrada se deu através de concurso público;
d)O prefeito(a) deve divulgar na internet mensalmente uma listagem de todos os pagamentos efetuados, especificando o CNPJ, CPF, valores , nome e endereço. Essas informações deverão estar acessíveis às receitas federal e estadual;
e)Definir como crime organizado a atuação de grupos que desviam recursos da merenda escolar, fundeb, SUS etc. e passar a atuação para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

5-Criação de um Fórum Permanente que congregue todas as entidades que objetivem combater a corrupção.

Envolve reuniões periódicas e permanentes, divulgação através de peças informativas, etc.

6-Acompanhamento in loco dos processos licitatórios realizados nos municípios.

A Lei 8.666/93 assegura, no seu Art. Art. 41, § 1º, que qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação desta lei (…).

7-Interagir com Conselhos Municipais de Acompanhamento e Controle Social-CACS (FUNDEB, CAE, CMETI, PBF, CMAS e CMS).

Os conselhos são os instrumentos formais de acompanhamento dos programas federais nos municípios, portanto, são de importância estratégica para a causa do controle social, tendo em vista que possuem poder decisorial de aprovação, ou não, das prestações de contas. Auxiliar os conselhos dando-lhes diretrizes que fortaleçam a sua legitimidade, autonomia e representatividade potencializando, assim, o controle existente.


8-Firmar parcerias com os Promotores de Justiça das Comarcas dos municípios.

Esses atores são muito importantes, tendo em vista que a Promotoria de Justiça é o primeiro órgão ao qual devem ser dirigidas as denúncias, formuladas por meio de representação. Caso julgue a denúncia fundamentada, a Promotoria abre inquérito civil público para investigar os fatos. Uma vez comprovadas as denúncias, inicia-se uma ação civil pública por improbidade administrativa e ações criminais, quando for o caso.

9-Divulgar à comunidade os canais de apresentação de denúncias.



*Resende é auditor e coordenador do Núcleo de Prevenção à Corrupção da CGU-MA
Welliton Resende


terça-feira, 25 de junho de 2013

João Capiberibe, o pai da transparência

Senador João Capiberibe (PSB-AP)

O senador João Capiberibe (PSB-AP) foi o grande mentor da transparência no Brasil. É dele este passo generoso para a cidadania, que é a LC nº 131. Certamente já tem o seu lugar na História do Brasil.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Por que se pratica tantos atos de corrupção neste país?

Por Welliton Resende

A pergunta acima pode ser respondida de forma muito objetiva. As fraudes e a corrupção diminuirão à medida que forem inibidas as oportunidades para que ela possa vir a ocorrer. Nesse sentido, as orientações da Policia Militar para que o cidadão não seja vítima de um assalto ilustra bem a situação.
Se dermos a mínima chance ao ladrão, ele irá furtar-nos (ou mesmo roubar-nos). Como dizia  minha avó, em um de seus adágios populares mais famosos, "a ocasião faz o ladrão". Portanto, caros leitores, se deixarmos os cofres públicos sem nenhuma vigilância é a mesma coisa que darmos a nossa senha bancária ao meliante.

Superada esta etapa, para que as "oportunidades" sejam mitigadas, algumas estratégias devem ser postas em prática, tais como:

Punição tempestiva e adequada dos atos de corrupção

O que amedronta efetivamente o corrupto é a possibilidade de ele pagar por seus crimes. Se as punições começarem a ocorrer certamente os ataques ao erário diminuirão.

Garantia de que o processo de aprovação e alocação de emendas parlamentares obedeça a regras definidas e transparentes

Emendas parlamentares hoje transformaram-se em balcão de negócios. Existe até um comércio paralelo de venda de emendas parlamentares para que sejam direcionadas a empresas e ONG's de fachada.  Urge, repensar este modelo de concessão de EP's.


Criação de controles que hostilizem as fraudes e atos corrupção nas corporações privada

Todos os setores da Administração Pública (União, Estados, DF e municípios) devem dispor de uma controladoria e ouvidoria. Quanto mais controle sobre o dinheiro público, menor as chances de os corruptos lograrem exito.

Integração dos órgãos de controle do Estado

Acabar com a "vaidade institucional". Isto é simples, mas reduziria a superposição e propiciaria a realização de ações conjuntas de controle. Nesse contexto, o modelo de parceria entre a CGU e a Polícia Federal é um ótimo exemplo.

Fortalecimento dos partidos políticos

Acabar com as legendas de "aluguel" e com os "donos" de partido. A sociedade tem que se apropriar do seguinte: o mandato é do partido, não do candidato.

Redução da pressão tributária sobre as empresas (redução da sonegação fiscal e do "caixa dois")

De acordo com o ilustre professor Fernando Resende (SEFAZ-MA), a forma mais justa e equilibrada de o país realizar as suas políticas públicas é por meio da tributação das famílias nacionais. Mas, reitera, esta tributação deve ser justa e respeitar a capacidade contributiva do cidadão.

Aumento do prazo prescricional nas ações de improbidade

De acordo com a legislação nacional, se um corrupto não for punido até  5 após a realização do seu ato criminoso a pena prescreve e ele não pode mais sofrer nenhuma sanção. Isto é uma aberração, pois estes crimes deveriam ser imprescritíveis e tornado hediondos (sem direito a fiança).

Responsabilização penal das pessoas jurídicas pela prática dos crimes contra a Administração Pública

Aqui uma inovação, pois, até então, pessoa jurídica não podia ser responsabilizada.

Alteração da legislação que trata dos financiamentos de campanhas eleitorais e das prestações de contas

O estupro da Administração Pública começa na campanha política, onde o candidato(a) tem que fazer acordo obscuros para garantir recursos para a compra de votos. O financiamento das campanhas políticas deve ser público, com fiscalização atuante e prestação de contas transparente.

O papel do contador

Tal qual  nos filmes de suspense: a culpa é sempre do mordomo. Caros leitores, vocês já notaram que o contador é sempre o responsável pelos atos de corrupção quando a "casa cai".  Creio que teríamos um grande avanço se ao invés de responsabilizar o profissional contábil por atos dos seus clientes, a lei lhes impusesse o dever de informar, então, sim, sob pena de responsabilização.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

A nova utopia: de Thomas Morus aos dias atuais


Haverá um dia em que teremos, verdadeiramente, o exercício pleno da cidadania?

Thomas Morus imaginou uma ilha perfeita dotada de justiça social chamada Utopia
Por Welliton Resende

Há muito pensava em escrever um artigo para homenagear a minha crença na utopia de uma sociedade sem corrupção e vi que já fui precedido por muitos outros autores. Aliás, não foram apenas "autores" foram seres iluminados, travestidos de pessoas,  que deixaram a sua marca na História universal.



Com este pequeno ensaio pretendo propagar minha crença utópica de que o controle social dos recursos públicos é a ferramenta  de transformação da nossa sociedade e ao fazê-lo deparei-me com Thomas Morus e outros contestadores libertários do século XVIII.

Desde o mítico jardim do éden o homem tenta construir um modelo de sociedade parecida com a perfeição e para este humilde ensaísta  o que mais se aproximou deste ideário foi  Morus, filósofo e contestador inglês. A velha máxima de que cada pensador é influenciado pelo seu tempo é plenamente verossímil.

Thomas via no mundo novo descoberto por Colombo a possibilidade de a humanidade construir uma nova sociedade isenta das barbáries cometidas pela coroa inglesa e pelo mercantilismo. Para descrever este "mundo fraterno e justo" ele escreveu, em 1516,  o livro Utopia. A obra refere-se a um mundo onde tudo é correto, humano, justo e fraterno. 

Voltando aos dias atuais, alguns estudiosos de renome acreditam piamente que a construção da cidadania perpassa pela educação; não a educação apenas informativa, mas a formativa que vislumbra dar o fomento a cada pessoa do que é verdadeiramente ser cidadão, ou seja, um indivíduo dotado de senso crítico capaz de interagir e mudar o curso das coisas que, a seu ver, necessitam serem corrigidas.

A cidadania adormecida, que  vivenciamos hoje, é a principal responsável pelo estado de corrupção presente em todas as esferas de poder nacionais. Cresçamos enquanto homens e mulheres conscientes de nossas responsabilidades, se não por nós mesmos, que seja pelos nossos filhos.

Um resgate urgente da ética se faz necessário para que tenhamos uma sociedade melhor. Controle Social, Ética e Cidadania Ativa, são as palavras de ordem do novo tempo: o tempo do cidadão.




sexta-feira, 11 de maio de 2012

139 projetos de combate à corrupção estão parados no Congresso

Site Contas Abertas
Enquanto a população se movimenta em mais de 80 atos contra a corrupção em todo o país, o Congresso Nacional continua engessando a luta. Segundo levantamento da Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção, coordenada pelo deputado federal Francisco Praciano (PT- AM), existem 139 proposições relevantes ou eficientes para o combate à corrupção em trâmite no Congresso Nacional, algumas paradas há mais de 10 anos.

A primeira reunião da Frente este ano aconteceu no último dia 5 de abril. De lá pra cá, 19 proposições receberam designação de relator, 20 receberam pareceres nas respectivas Comissões e nove receberam votação. Além disso, dois projetos tiveram a redação final aprovada e um teve Comissão Especial criada.

Para a coordenação da Frente, as inúmeras movimentações nas proposições contidas no levantamento já são resultado do empenhos dos parlamentares vinculados a essa luta. “Apesar disso, não podemos deixar de notar que a maioria das proposições na Câmara dos Deputados ainda não recebeu a atenção devida por parte do Congresso Nacional, estando paralisadas em alguns casos há muitos anos”, afirmou o deputado Praciano.

É o caso, por exemplo, do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 445, de 1997, que estabelece garantias a servidor público que denunciar apropriação ou desvio de bens ou valores públicos. Em março de 2003, o relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, dep. Edmar Moreira, apresentou parecer pela inadmissibilidade. Em abril daquele não, o parecer foi aprovado pela Comissão. Um mês depois, o deputado Gonzaga Patriota, autor do projeto, recorreu contra o parecer. Até agora o recursos não foi apreciado pelo Plenário.

Com o relatório em mãos desde o início do ano, a coordenação da Frente passou a cobrar a análise e votação das proposições pelas Comissões por onde as mesmas tramitam, bem como suas votações pelos Plenários das duas Casas. “Continuaremos atuando, a fim de que esses assuntos não sejam esquecidos, mas sim decididos pelo Parlamento”, afirma Praciano.

Dos 139 projetos de lei, 103 são da Câmara dos Deputados e 36 no Senado Federal. As proposições foram divididas em 15 temas gerais, que vão desde “Proposições que procuram tipificar crimes de corrupção” até “Proposições de combate ao nepotismo”.

Dentre os temas, um esteve em evidência durante grande parte do ano passado. São 17 propostas paradas que estão agrupadas entre “Proposições que tratam das organizações não governamentais (ONGs) e da sua relação com a administração pública”. Do total, 14 estão engavetadas desde que foram propostas, em 2007.

Questionado pelo Contas Abertas sobre a possível falta de vontade política para a celeridade da votação dos projetos, Praciano afirmou que os processos que dizem respeito ao tema tramitam de forma lenta não apenas no Congresso, mas também no Judiciário e no Ministério Público. “Aprovar estes projetos significa dar um passo importante na luta contra impunidade, que, por sua vez, vai ter impacto direto no combate a corrupção”, afirma.

sábado, 28 de abril de 2012

Combate à corrupção, uma luta de todos

Dia do Basta à Corrupção em São Luís-MA

 Por Alexandre Pereira Rocha



O combate à corrupção é parte fundamental do processo de consolidação do regime democrático. Assim, cada vez mais nações de todo mundo se preocupam com o problema da corrupção. Tanto que, atualmente, o problema suplanta os limites dos Estados e torna-se numa questão transnacional. Daí organismos internacionais vêm formulando documentos no intuito de unificar os métodos de enfrentamento à corrupção.

De forma conceitual, a corrupção é um comportamento que contraria a ética, a moralidade, a tradição, a lei e a virtude civil. De forma prática, ela é o uso da posição pública de um indivíduo para proveitos pessoais ilegítimos. Isso ocorre tanto na esfera privada como na pública e, geralmente, envolve conluio entre indivíduos dos dois setores. Ou seja: "a corrupção é o comportamento de indivíduos privados ou de funcionários públicos que se desviam de responsabilidades estabelecidas e usam sua posição de poder para servir a objetivos particulares e assegurar ganhos privados".

Em 1996, a Organização dos Estados Americanos (OEA) firmou a Convenção Interamericana Contra a Corrupção (CICC). Nela, a luta contra a corrupção foi considerada uma das peças-chave para o fortalecimento da democracia e o desenvolvimento econômico. Essa convenção é pioneira no gênero, pois se constituiu no primeiro tratado inter-regional versando sobre o problema da corrupção.

No ano seguinte, em 1997, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) firmou também uma Convenção Anticorrupção. Essa convenção se destaca por priorizar o enfrentamento da corrupção no setor público. Aliás, admoestou para que os países adaptem suas legislações com o fito de criminalizar a corrupção de servidores públicos, inclusive de servidores estrangeiros.

Nesse corolário, mais de 110 países assinaram a Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Corrupção, em 2003. De acordo com Giovanni Quaglia, representante do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), a corrupção é um problema mundial que requer respostas de igual dimensão. A globalização ocasionou a inter-relação das nações. De um lado isso trouxe benefícios, como o alastramento da tecnologia e da informação. De outro, malefícios, como a internacionalização das práticas delituosas. A corrupção se insere neste último caso, uma vez que atitudes corruptas operadas num país podem afetar outros. O combate a elas, portanto, precisa de medidas coletivas.

Os tratados anticorrupção não têm aplicabilidade imediata. Afinal, dependem de ratificações pelos países signatários, ou seja, implementação via legislações nacionais. Por certo, os tratados se constituem num esforço coletivo de vários Estados, os quais embarcam na missão de controlar e prevenir a corrupção, de enfrentá-la de forma integrada. Tal empresa mostra a gravidade do problema, o qual ocupa papel de relevo na agenda mundial, semelhante à questão do meio ambiente e à do terrorismo.

O Brasil é participante das convenções mencionadas, mas nem por isso o país está livre da corrupção. Aliás, nos últimos anos o problema parece ter se agravado, pois os escândalos de corrupção - notadamente no setor público - sucedem-se de forma alarmante. Nada obstante, não é a corrupção que aumentou, porquanto é o combate e a divulgação dela que se intensificaram.

As legislações e as instituições brasileiras evoluíram no combate à corrupção, malgrado a impunidade. Hoje há vários meios de acompanhar os gastos públicos. Bem como instituições aptas a investigar e receber denúncias. Nesse campo se destacam Ministério Público, Receita Federal, Tribunal de Contas da União e Controladoria Geral da União (CGU). Este último órgão, inclusive, foi criado em 2001 com a precípua função de defender o patrimônio público, de prevenir e combater à corrupção.

A criminalização da corrupção pode ser feita por atos, isto é, leis, normas e tratados, todavia o combate é processo contínuo a ser observado por todos. Essa é uma guerra justa. Afinal os dividendos são repartidos democraticamente pela comunidade internacional, pela humanidade. Destarte, cabe aos governos e à sociedade civil de cada Estado lutar pela universalização de uma cultura anticorrupção, a qual transcenda fronteiras, poderes e interesses.




sexta-feira, 9 de março de 2012

Corrupção poderá ser crime hediondo



O Projeto de Lei 3238/12 apresentado pelo deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) visa incluir a corrupção no rol dos crimes hediondos. Francischini acredita que a medida vai desestimular a prática desse crime, além de fornecer mais elementos para a responsabilização dos culpados.

Os crimes hediondos são aqueles que possuem extremo potencial ofensivo. Esses crimes não podem ser objeto de anistia ou fiança. Além disso, as penas atribuídas a esses crimes devem ser cumpridas inicialmente em regime fechado.

Para confirmar a intolerância da sociedade brasileira contra a corrupção, esta foi uma das proposições mais votadas na 1ª Conferência Estadual sobre Transparência e Controle Social-Consocial. Em breve, o blog vai divulgar as 20 propostas priorizadas pelos delegados do Maranhão que irão à etapa nacional da conferência.


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

OS PERSONAGENS DA CORRUPÇÃO



Por Nathalie Coutinho*

Fazendo uma análise sobre a política brasileira, a má gestão pública em largos extratos da população nacional. É notório que a corrupção é um dos principais problemas que faz com que o país continue vivendo numa democracia meramente formal, em que na prática o exercício da cidadania, que por sua vez tem um significado ideológico, está longe de se tornar real. Partindo pro foco, sabe-se que a corrupção causa prejuízos gravíssimos a sociedade, uma vez que a desigualdade se acentua cada vez mais, mas não é minha atenção apenas apontar os erros dos outros, ou seja, dos gestores políticos. Pretendo analisar a nossa conduta como cidadão e eleitor para que possamos perceber que se a política brasileira é assim a culpa não é somente dos gestores públicos.

No artigo anterior, Gevérson Aparício fez uma articulação interessante entre a corrupção e a miséria, realmente este problema social destrói, violenta e pode até matar, mas vamos fazer uma reflexão sobre a corrupção como uma falta de ética, que é um código de conduta que visa a um fim comum, o bem social, o que leva ao bem-estar coletivo.

Até aí tudo bem, mas vejamos: a corrupção é um termo facilmente aplicado a um homem público porque ele está em evidência e nos parece distante, mas é preciso reconhecer que a deslealdade com o semelhante é praticada sem constrangimento em todos os níveis de nossa sociedade.

É cômodo apontarmos a falta de lisura de alguns políticos no que concerne a coisa pública, mas esse desrespeito com o ser humano é tão condenável quanto a atos que constantemente costumamos praticar, como por exemplo, a arrogância e a impaciência de passar à frente de alguém em uma fila até a ausência de consciência ao jogar lixo na via pública. Costumamos atirar pedras no político desonesto e, no anonimato, proceder com igual falta de escrúpulos com o semelhante. Isso é o que se caracteriza como falta de educação para a ética, para a cidadania, valores que passam a ser banalizados, pois ninguém os ensina.

A falta de ética generalizada gera uma sociedade cuja convivência se torna quase insuportável e a desconfiança passa ser lema de sobrevivência. Não estou querendo justificar a atitude de corromper como muitos políticos fazem na gestão pública, simplesmente cito que devemos repensar mais sobre as nossas ações, antes de julgar os gestores. Falo isso pelo fato de que muitos dos cidadãos vendem seu voto, trocam por mercadorias e ainda querem cobrar dos políticos, sendo que já foram pagos pelos seus votos.

O que se define neste contexto é que tanto o político quanto o eleitor são corruptos, por venderem sua consciência, por prejudicar não só a si com tal atitude, mas a sociedade como um todo. Quanto se trata da propina, isso se torna mais nítido, pois de que adianta a lei municipal que proíbe a presença de casas comercias em determinado bairro de uma cidade, se ela existe para decisões em contrário? Corrupto é quem recebe e quem paga a propina, tanto quem exige quanto que dá.

Sei que a corrupção não é só falta de ética, vai muito além disso, mas o que se pretendeu enfocar mesmo, foi a necessidade de se estabelecer uma política que faça com que os cidadãos tenham a verdadeira noção da importância de seu voto, não só para o bem individual, mas para a sociedade em geral, para o bem coletivo, pois o que se percebe é que há uma falta de conhecimento dos cidadãos em argumentar e denunciar os políticos de mau caráter, mas ao mesmo tempo, vemos que com a atuação da CGU através de ações que visam informar a todos sobre como devemos proceder diante de situações que envolvem a corrupção, a má gestão política, acredito que aos poucos essa realidade será transformada e quem sabe um dia viveremos num país de oportunidades, de respeito e coexistência pacífica.


*Professora caxiense.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Ex-Governador Jackson Lago ataca prefeito de Icatu




Esta informação chegou há poucos dias à redação do Blog do Controle Social.

No período da campanha eleitoral, o ex-governador Jackson Lago, para atingir seu ex-aliado, o Prefeito de Icatu (MA) Juarez Lima, lançou 20 mil exemplares de um panfleto intitulado "carta aberta à população icatuense".

Nesse folheto, o ex-governador Jackson Lago informou à população icatuense a quantidade de recursos que transferiu para o município e onde deveriam ser aplicados os montantes dos recursos, durante o período de sua gestão. Em comício em uma praça de eventos chamada "Clube Palmeirão", o ex-governador disse que o Município de Icatu foi um dos que mais recebeu recursos de sua administração.

Para os ouvintes do Programa Icatu em Debate, que é levado ao ar na cidade todos os sábados, isto não é nenhuma novidade. Desde o início de 2010 que o Programa vem divulgando a quantidade de recursos que o Governo do Estado repassou à Icatu.

O programa informou, por exemplo, que a estrada que liga a Sede de Icatu até o Povoado Sertãozinho já estaria asfaltada. As informações foram levantadas no Portal da Transparência do Governo do Estado (www.portaldatrasnparencia.ma.gov.br). E não há qualquer vestígio de asfalto no trecho mencionado.

Enfim, todas as informações veiculadas no Programa Icatu em Debate foram confirmadas pelo próprio ex-governador do Estado do Maranhão,Jackson Lago.

Em tempo, o Programa Icatu em Debate é uma grande inciativa de controle social dos recursos públicos. Nota 10 para o exemplo!

Em breve, a redação do blog terá um cópia do panfleto e o publicará na íntegra.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Os inimigos da segurança pública





Por Nathalie Coutinho*

Com os conflitos entre traficantes e policiais no Rio de Janeiro, pode-se observar que as aparências enganam, que nem sempre os “traficantes” são traficantes e os “policiais” são policiais. Digo isso pelo simples fato de que vivemos num país em que o rótulo e o estereótipo prevalecem no momento de conhecer uma pessoa, ou seja, se é um traficante, um bandido, um marginal, estes possuem características próprias, seus trajes são perfeitamente reconhecíveis como tais e denunciam o que realmente são.

Não estou defendendo estes criminosos, só faço uma análise de como o status e o papel social pode provocar um impacto nas pessoas, quer dizer que o policial, por ser policial merece todo respeito possível, afinal de contas tem uma integridade intelectual inigualável e uma sensibilidade social invejável, mas e estes que abusam de sua autoridade, que aproveitam a autonomia que possuem para invadir as casas dos cidadãos e lhes desrespeita, violando a integridade física e psicológica dos mesmos e tomando atitudes contraditórias ao seu código de ética?

Tudo isso que está acontecendo neste contexto, faz-se refletir que a corrupção policial é uma das principais inimigas da segurança pública. Já não basta o problema de encontrar os criminosos traficantes e aprisioná-los, agora os próprios “defensores” da população precisam ser identificados em meios a centenas de justos, competentes e sensíveis com a situação, por terem cometidos diversos atos contra os cidadãos e seus patrimônios, agindo contra a lei e ocasionando prejuízos aos que sofreram os maus tratos, havendo ocorrendo de roubos e ameaças.

O que se tem percebido é que a violência tomou conta da sociedade em geral e, que agora está sendo evidenciada de uma forma mais explícita nesta parte do país, mas em outros largos extratos da população brasileira ela continua sendo praticada das mais diversas maneiras, fazendo com que os cidadãos sintam medo de sair de suas residências para desenvolver alguma atividade, seja passear ou até mesmo trabalhar, dessa forma , as pessoas estão se acomodando cada vez mais, envelhecendo, pois a juventude não é mais vivida como antigamente. Com o estado de espírito pobre, “ser jovem” se tornou um adjetivo raro de encontrar em alguém, pois atualmente já não se luta em comunhão por direitos, já não se tem uma perspectiva de vida como antes, principalmente via-educação e, pior já não se sonha...

Voltando ao caso da busca pelos traficantes em morros no RJ, o que se observa é que estes detém de um poder no lugar que mora, espalhando terror por onde passam e um dos motivos que ocasiona medo e desconfiança por parte das pessoas que, de certa forma convivem com eles é de possuírem armas dos mais variados tipos. Armas estas, que muitas vezes nem os policiais possuem. Ao contrário do que as os cidadãos sentem ao perceberem a presença dos traficantes, percebe-se que estes não temem muito com a presença dos policiais em seus territórios e, um dos problemas talvez seja o fato de que os criminosos procurados possuem armas também avançadas e os policiais não detém de recursos mais eficientes.


Com a falta de investimento destes materiais, essenciais para o desenvolvimento do trabalho dos policiais, dificulta uma ação mais produtiva e mais eficaz. O Poder Público deve ter um olhar mais amplo para esta questão, pois muitas vezes alega não ter dinheiro para fazer tal investimento, enquanto isso os traficantes detém dos melhores equipamentos para possíveis confrontos.

Diante disso, tenho a consciência de que só nos resta esperar que os gestores públicos continuem tomando providências cabíveis e, acima de tudo louváveis, efetivando com a colaboração de outras instâncias, políticas sociais que favoreçam a busca pela paz, ações coletivas que fazem com que os criminosos, tanto os traficantes quanto os próprios policiais, que estão aproveitando a situação e agindo de má fé, sejam encontrados e identificados e levados as autoridades competentes, para que paguem pelos atos ilícitos que cometeram. Assim, acredita-se que o nosso país aos poucos alcançará a dimensão de sua grandeza através do predomínio da liberdade, fraternidade e justiça.


*Caxiense, professora e idealista.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Prefeito foge com medo da CGU




Deu no blog do Itevaldo:


A chegada do pessoal da Corregedoria Geral e Justiça (CGJ) na semana passada, na cidade de Tutóia, deixou o comando municipal em polvorosa. Vereadores, secretários municipais e o próprio prefeito Raimundo Nonato Baquil, o Diringa (PSDB), confundiram os veículos e a equipe da CGJ do Tribunal de Justiça (TJ-MA), com o pessoal da Controladoria Geral da União (CGU).

Assessores e correligionários de Raimundo Baquil não tiveram dúvida ao avistarem a comitiva da CGJ se aproximando da cidade de Tutóia – num comboio com muitos veículos de cor preta – e anunciaram que era a CGU e a Polícia Federal. CGU e Polícia Federal espalhavam.

Em ato contínuo, Raimundo Baquil, secretários e vereadores aliados bateram em retirada da cidade. A movimentação de lanchas e camionetas foi intensa na noite em que a equipe da CGJ chegou à Tutóia.

Durante a CPI da Pedofilia na Assembleia Legislativa neste ano, o prefeito Raimundo Baquil foi um dos investigados. Diringa foi acusado de oferecer presentes a duas garotas de 13 e 14 anos em troca de sexo.

O que tanto assustou o prefeito Diringa ao saber que uma equipe da CGJ chegava a Tutóia? Apenas a confusão com a sigla da CGU? Foram os carros pretos?

Calma, prefeito.

domingo, 21 de novembro de 2010

Prefeitura de Icatu paga R$ 9 mil por duas camisetas




O Diário Oficial do Estado do Maranhão publicou, no dia 01/11/10, página 4, um extrato de contrato muito curioso.
De acordo com o DOE, a Prefeitura Municipal de Icatu pagou a empresa MI Alves um valor de R$ 8.999,99 pela aquisição de 2 camisetas para o programa do Governo Federal Projovem Trabalhador.
No entanto, em consulta recente ao DOE não foi constatado que houve qualquer retificação do aviso publicado. Portanto, pode ser que não tenha havido erro de digitação.

De qualquer forma, vale o que está escrito no Diário.

Com a palavra as autoridades públicas do Estado do Maranhão.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Índia cria dinheiro para combater a corrupção



A nota, que é igual a uma cédula de verdade, foi criada por uma ong para tentar envergonhar os funcionários públicos corruptos. A ideia é que, quando um funcionário público pedir caixinha ou propina, o cidadão responda "molhando a mão" do corrupto com a nota de zero rúpia. Mais de 1 milhão de notas já foram distribuídas, com vários casos de sucesso que foram destaque na mídia do país. Um funcionário público de Tamil Nadu, estado no sul da Índia, ficou tão envergonhado que devolveu todas as propinas que havia coletado.


FONTE: Super Interessante

domingo, 30 de maio de 2010

Elite maranhense vive da corrupção no setor público





Entevista dada ao Jornal Vias de Fato


Estamos às vésperas do período eleitoral. No Maranhão, a necessidade de mudança é evidente. Aqui, mais do que em qualquer outro estado do país, a política foi ocupada pelo crime organizado. Vivemos num lugar onde os ditos políticos (que na verdade não são políticos) tornaram-se naturalmente donos de hospitais, emissoras de TV, mega universidades, grandes empreiteiras, agências de publicidade, hotéis cinco estrelas, imensas fazendas de gado, shoppings centers, entre outros negócios. Tudo sob a proteção da máfia, com a conivência de uma sociedade oprimida e a omissão de muitos agentes sociais.

Somos os piores, dentro de um país onde é evidente que a maioria das campanhas (tanto para o Legislativo, como para o Executivo) é financiada com dinheiro público (federal, estadual e municipal) e por empresas privadas que querem obter vantagens e privilégios. Por sugestão de um grupo de leitores, o Vias de Fato resolveu tratar desta questão. É possível falar em mudança no Maranhão, sem enfrentar a questão da corrupção? O patrimonialismo em nosso Estado é uma espécie de câncer generalizado? É incurável?

Lembramos que em nossa edição de janeiro, Manoel da Conceição, líder de trabalhadores rurais e figura emblemática da luta social do Brasil, disse que “o domínio do Sarney ajudou a degenerar o Maranhão. Hoje, roubar no Maranhão virou coisa comum. Generalizou e ao mesmo tempo banalizou. Hoje, isso está dentro dos sindicatos. Antigamente, alguém ser chamado de ladrão no interior do Maranhão era uma grande ofensa. Hoje não”.

Indagado pelo jornal se isso não era um problema nacional, Manoel respondeu que “no momento em que nós somos os mais pobres e mais atrasados do Brasil, tudo de ruim pega contra nós”. Segundo ele, sob o domínio da atual oligarquia, “a pobreza do Maranhão não é só econômica, mas também política. É a pobreza ideológica. Essa degeneração, para mim, é o que ficará de pior”.

Outro que falou sobre o tema foi o professor Flávio Reis (Ciências Sociais/UFMA). Em artigo publicado na nossa edição de dezembro, intitulado “A Política do Engodo e o Engodo da Política” ele disse que, “num estado onde os grupos políticos se organizam e agem como máfias, a ‘libertação’, se acontecer, não virá de nenhum agente investido na posição de salvador, nem de alguma ação redentora do Governo Federal”. Segundo ele, o Maranhão é um Estado que tradicionalmente simboliza o atraso no país, “na medida em que a mistura de política e crime, o festival de nepotismo e enriquecimento ilícito envolvendo os três poderes, ganha contornos de escândalo nacional”.

Para tratar deste tema, escolhemos como nosso entrevistado do mês Welliton Resende. Ele foi analista do Tribunal de Contas do Estado e hoje é auditor da CGU, a Controladoria Geral da União, órgão do Governo Federal, ligado à Presidência da República, que trabalha na defesa do patrimônio público, na busca pela transparência das administrações e no combate à corrupção. Um órgão responsável por auditorias e outras atividades de controle.

Welliton chegou a estas funções após ser aprovado em concurso público. Hoje, além de trabalhar na CGU, ele comanda o Blog do Controle Social, onde se define como um educador popular. Rotineiramente ele percorre o interior do Maranhão dando palestras e participando de eventos de capacitação sobre este tema. Leiam a entrevista.

Vias de Fato - Num lugar atrasado, como é o caso do Maranhão, a impunidade é maior? Qual é a prática mais rotineira da corrupção em nosso Estado e quais as suas raízes?

Welliton Resende - O atraso do Maranhão é, sem dúvida, um dos grandes motivos para a impunidade que vivenciamos, e esse atraso, me arriscaria a dizer, tem a ver com as nossas instituições. Nossa Justiça, por exemplo, é extremamente conservadora e não se permite sintonizar-se com os novos tempos. E as raízes da corrupção em nosso Estado estão fincadas na inação do Poder Judiciário em cumprir o seu papel e isso é um grande incentivo para os desvios de conduta de muitos prefeitos e prefeitas em nosso Estado.

Vias de Fato - Aqui, nas páginas deste jornal, alguns entrevistados já afirmaram com todas as letras que a oligarquia que comanda o Maranhão (grupo Sarney) tem entre os seus pilares o controle que mantém do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas. É este controle que garante a impunidade dos seus correligionários. É uma situação onde todos têm liberdade para roubar, desde que continuem a servir o comando da máfia. Esta seria, em sua opinião, uma das raízes do problema? Ou é apenas uma delas?

Welliton - É apenas uma delas. O grande problema, volto a frisar, é que as indicações para os cargos de conselheiro e desembargador estão atreladas ao viés político. Dessa forma, que isenção poderiam ter estas pessoas diante de um “pedido” de quem os indicou? Esta é, indubitavelmente, uma das tragédias do nosso sistema.

Vias de Fato - A miséria e a corrupção andam de braços dados no Maranhão. Uma é fruto da outra? Quem mais sofre com os efeitos da corrupção e da impunidade?

Welliton - A relação entre miséria e corrupção é totalmente pertinente. Vejam um exemplo: no Tribunal de Contas da União (TCU) o Maranhão tem uma quantidade de gestores duas vezes maior que o Estado de Minas Gerais respondendo a processos. E em Minas existem mais de 800 municípios e nós apenas 217. E, da lista dos 10 municípios mais pobres do Brasil o Maranhão conta com 9. São números que nos permitem, objetivamente, chegar a esta conclusão. E que mais sofre com isso? O cidadão mais humilde.

Vias de Fato - Dê sua opinião sobre a relação da corrupção, com a recente tragédia ocorrida em Imperatriz, onde crianças morreram por falta de leitos em hospitais públicos.

Welliton - Em meu blog (blogdocontrolesocial.blogspot.com) demonstrei como fiscalizar a aplicação dos recursos da saúde através dos sistemas do Datasus, e pude perceber, que havia, inclusive, cabeleireiras que estavam registradas como médicas. Portanto, os recursos da saúde pública quase sempre vão parar no bolso de prefeitos e prefeitas. A situação de Imperatriz é emblemática e demonstra o atraso de nossos gestores com relação às ações de média e alta complexidade do nível de gestão da saúde.

Vias de Fato
- Recentemente, o governo de Roseana fez muita propaganda falando do Portal da Transparência. Fala como se fosse uma iniciativa do próprio Governo do Estado. A existência do portal não é conseqüência de uma política do Governo Federal?

Welliton - Exatamente. Em 25 de maio de 2009 foi publicada um Lei Complementar à Constituição, a LC Nº 139/2009, que exige que até 25 de maio de 2010 os estados e municípios acima de 100.000 habitantes devem ter o seu portal da transparência. Caso não seja implantado, estarão sujeitos a responder por crime de responsabilidade.

Vias de Fato - Como você avalia este Portal da Transparência no Maranhão?

Welliton - Acesso sempre e recomendo a todos que o façam; creio que alguns ajustes ainda devam ser realizados no que diz respeito ao agrupamento das informações. Para se ter uma idéia, para que eu obtenha as informações sobre o município de Icatu, por exemplo, tenho que recorrer exaustivamente a várias páginas, pois ele aparece classificado em várias mesorregiões ao mesmo tempo. Uma falha, pois dificulta as consultas por parte dos usuários. Se houvesse apenas uma classificação por município, ficaria muito melhor, pois otimizaria a pesquisa.

Vias de Fato - A partir de tuas respostas se conclui que o atual governo do Maranhão fez o Portal da Transparência porque foi obrigado a fazer. E fez de uma forma que cria dificuldade para quem quer fiscalizar. Pelo exemplo que você deu de Icatu, temos no Maranhão um portal obscuro, não um portal transparente. É isto?

Wellitom - Apesar de muito boa a iniciativa, o portal ainda carece de alguns ajustes para que possa servir verdadeiramente à nossa sociedade com as suas informações.

Vias de Fato - Em sua opinião, quais os mecanismos mais eficientes para combater a corrupção?

Welliton - Sem dúvida alguma é a transparência aliada ao conhecimento mínimo sobre controle social. Quando o cidadão, conhecedor dos seus direitos, é informado do valor dos recursos que devem ser aplicados em seu município, pode fazer uma cobrança mais qualitativa junto aos gestores.

Vias de Fato - Qual o papel da sociedade civil neste combate?

Welliton - É a vigília permanente. O dinheiro é público e em prol do povo. E, este mesmo dinheiro deve ser aplicado para o benefício de todos, e não o contrário, como podemos constatar analisando os relatórios de fiscalização da CGU disponibilizados na Internet.

Vias de Fato - Até que ponto, num Estado como o Maranhão, a corrupção favorece a concentração de renda?

Welliton - A corrupção drena os recursos para determinada elite, deixando a população à mercê de atendimento básico das políticas públicas.

Vias de Fato - Você acredita que a elite maranhense é, em grande parte, fruto deste patrimonialismo?

Welliton - O MA apresenta uma elite riquíssima e que apresenta um padrão de consumo extremamente elevado. Como justificar isso se não contamos com uma economia desenvolvida? É óbvio que são os recursos públicos que estão alimentando esta riqueza toda.

Vias de Fato - Recentemente, na chamada Operação Rapina, a Polícia Federal prendeu vários prefeitos do Maranhão, envolvidos com desvio de recursos da UNIÃO especialmente da saúde e da educação. Fale sobre isto.

Welliton - Apenas alguns poucos foram pegos, ainda há muita gente solta por aí. O intuito da maioria quando decide concorrer não é trabalhar pelo povo e sim locupletar-se. Para isso, contam com o aparato de quadrilhas especializadas em financiar campanhas públicas e depois “administrarem” os municípios. Alguém ainda tem dúvida de o porquê termos 9 dos 10 municípios mais pobres do Brasil?

Vias de Fato - As Câmaras Municipais têm o dever constitucional de fiscalizar as prefeituras. Elas têm cumprido este papel no Maranhão? Nós recebemos recentemente em nosso jornal, várias denúncias de Câmaras que, além da tradicional subserviência ao Poder Executivo, passam semanas sem se reunir.

Welliton - Na realidade, na grande maioria das Câmaras Municipais existe o fenômeno do “Mensalinho”, que é um valor que os prefeitos e prefeitas mal intencionados pagam por fora aos vereadores para que não fiscalizem a gestão municipal. Assim, não cumprem seu dever constitucional de fiscalizar as prefeituras. O “Mensalinho” é um verdadeiro estupro ao Poder Legislativo, pois ele corrompe o estado democrático de direito que prega, acima de tudo, a separação e a independência dos poderes. Uma desgraça para o nosso Maranhão.

Vias de Fato - Você foi funcionário concursado do Tribunal de Constas do Estado (TCE), órgão responsável pela fiscalização contábil, financeira, operacional e patrimonial do Estado, incluindo aí todos os municípios. No entanto, no TCE maranhense existem várias anomalias funcionais, tais como funcionários apadrinhados e gente que recebe sem trabalhar. Além disso, como em todo o Brasil, os conselheiros são indicados politicamente. No caso maranhense, todos chegaram ali sob a nefasta influência do grupo Sarney. Parece óbvia a constatação de que não é possível confiar muito no TCE. Qual sua opinião a respeito?

Welliton - Lanço este olhar sob o seguinte espectro. A instituição TCE é valiosíssima para a nossa sociedade, mas precisamos mudar esta forma de acesso ao cargo de conselheiro. Em minha modesta opinião, este cargo deveria ser provido através de concurso público, como ocorre para o ingresso na magistratura. Creio que esta seria uma boa saída para que as Cortes de Contas pudessem efetivamente cumprir o seu papel.

Vias de Fato - Na atual estruturação do estado brasileiro, as funções dos tribunais de contas não ficam prejudicadas, uma vez que o trabalho de técnicos podem ser desfeitos pelo Poder Legislativo, quase sempre sujeito à interferência do Poder Executivo?

Welliton - Não é assim, há que se fazer uma distinção entre contas de governo e contas de gestão. O que o Poder Legislativo aprecia e emite um parecer prévio é sobre as contas de governo. No que concerne às contas de gestão, o Legislativo em nada opina, cabe o relatado no processo. Em meu blog informo mais sobre estas contas.

Vias de Fato - Você acompanhou o Tribunal Popular do Judiciário? Até que ponto aquela iniciativa da sociedade civil pode contribuir para a melhoria das instituições públicas do Maranhão?

Welliton - Acompanhei esta experiência e acredito que ela foi um marco histórico na relação da nossa sociedade com o Poder Judiciário. O TPJ reflete o quanto a nossa justiça é cara, aristocrática e lenta. Creio que foi um “tapa com luvas de pelica” em nosso Poder Judiciário.

Vias de Fato - Até onde a corrupção generalizada atrapalha um processo de mudança em nosso estado?

Welliton - Se as pessoas não pararem de ver o cargo público como forma de enriquecimento pessoal não teremos qualquer mudança em nossos indicadores sociais e continuaremos a ser o pior em todos os índices. Queremos morar em um país que na próxima década será a 5ª economia mundial e continuarmos vivendo como se vive em Angola? A escolha é somente nossa.

Vias de Fato - E a disputa eleitoral, ela já nasce comprometida com a corrupção?

Welliton - Como predomina a compra de votos em nossas eleições necessita-se de muito recurso para se eleger. Aí entram os famosos e nefastos emprestadores de dinheiro para as campanhas eleitorais: os agiotas.

Vias de Fato - Como você avalia a posição do eleitor, que em muitos casos vota em notórios corruptos?

Welliton - Estrita falta de opção, porque o eleitor que vende o voto é tão, ou mais corrupto, que o candidato que o compra. Além disso, o cidadão de bem está condicionado pelo status quo a se manter distante deste processo. A idéia é “só tem bandido nesse meio, como eu não sou, não entro”. É o que eles querem que façamos, daí a nossa falta de opção.

Vias de Fato – Os mecanismos de controle da gestão pública que o Brasil dispõe hoje são eficientes? O que poderia ser feito para melhorar?

Welliton - São muito bons e eficientes em nível federal, no que concerne aos níveis estadual e municipal, ainda há muito a ser feito. As mudanças implementadas na LRF pela LC Nº 139 obrigarão os estados e municípios a criarem os mecanismos de transparência do Governo Federal. Aí vai começar a melhorar. A regra da transparência é o maior antídoto contra a corrupção. Chegaremos lá!

Vias de Fato - Explique para o nosso leitor o que é LRF e LC nº 139.

Welliton - A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi uma lei complementar à Constituição Federal/88, que instituiu sanções pesadas para os gestores que desequilibrassem as finanças públicas, quer seja nos estados, municípios , união e também nos poderes. E a Lei Complementar nº 139/2009 acrescentou alguns artigos à LRF, que passou a exigir que os estados e municípios com mais de 100.000 habitantes deveriam ter o seu portal da transparência até o dia 29/05/2010.

Vias de Fato
- Até quando viveremos em uma sociedade aonde somente os pobres, negros e ladrões de galinha vão para a cadeia e os bandidos de colarinho branco continuarão com seus habeas corpus preventivos? O que a sociedade pode fazer para mudar isto?

Welliton - Já está mudando, e o caso do governador de Brasília, José Roberto Arruda, é emblemático. Mas é um processo lento, eu diria, de amadurecimento de nossas instituições. Como não há mais lugar para as revoluções, esta construção deve ser realizada por meio da Democracia e seus mecanismos de participação popular já existentes. E basta para a sociedade conhecê-los.

Vias de Fato - O caso do José Roberto Arruda nos parece uma exceção. Ele é de um partido decadente (o ex-PFL), que hoje está na oposição ao governo Lula. Quando se trata de gente com poder nos parece bem mais comum o escândalo do Senado, onde Lula trabalhou pessoalmente pela impunidade. Ali, a grande imprensa também saiu desmoralizada, pois após um acordo envolvendo PT, PMDB e PSDB, ela abandonou repentinamente o escândalo, como se ele tivesse tido uma solução. Como você mesmo disse “é um processo lento”, mas que se tornará ainda mais lento ainda, se a sociedade esperar passivamente pelas instituições. Tem que ter pressão e participação popular. Você não acha?

Wellinton - Claro, a mobilização popular é a chave para conseguirmos ver a bandeira da cidadania tremulando em nosso país. Radicalização da cidadania é preciso!

Vias de Fato - Você falou de mecanismo de participação popular. Que mecanismos são esses a que você se refere?
Wellinton - O primeiro deles são os Conselhos Municipais de Acompanhamento e Controle Social, que são instâncias formadas no seio da própria sociedade para fiscalizar a correta aplicação dos recursos públicos. Outra inovação trazida pela Lei de Responsabilidade Fiscal foi a de que a participação popular é requisito indispensável para que os instrumentos de planejamento da gestão municipal tenham validade. Desse modo, se determinado município não discutiu com a sua população a elaboração da Lei Orçamentária Anual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Plano Plurianual, estes instrumentos de gestão não terão validade, o que acarreta ao gestor público uma multa de 30% sob os seus vencimentos anuais.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Prefeito de Serrano sacou R$ 4 milhões irregularmente







Vejam a ótima matéria publicada no JP:


Em entrevista coletiva concedida ontem pela manhã, o delegado federal Pedro Roberto Meireles Lopes revelou que Vagno Pereira, o "Banga" (PT do B), 39 anos, prefeito em exercício de Serrano do Maranhão sacou um total de R$ 4 milhões de dinheiro público, de forma irregular, ou seja, com cheques avulsos. "Banga" foi preso em flagrante pela Polícia Federal (PF) na última sexta-feira, 19. De acordo com o delegado, que preside o inquérito sobre o caso, é prática corriqueira, no estado, a realização, por parte dos gestores públicos, de saques com cheques avulsos, efetuados por gestores públicos, em nome de suas respectivas prefeituras, o que torna a transação irregular. "Pagamento com dinheiro público deve ser feito com cheque nominal ao fornecedor de serviço ou bem, ou por meio de ordem bancária, e não sacado em cheque avulso em nome da prefeitura", explicou Pedro Meireles.
O gestor de Serrano (situada a 480 quilômetros de São Luís) foi preso na sexta-feira após sacar R$ 22.600 do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e depositar na conta de dez pessoas físicas, algumas próximas a ele, além do saque de R$ 10 mil do Fundo Nacional de Saúde (FNS), mais precisamente do programa federal Piso de Assistência Básica (PAB), tendo como favorecida a Câmara de Vereadores. Para o delegado Pedro Meireles, os saques do prefeito com cheques avulsos não querem dizer que a verba tenha sido desviada.
Além de Vagno Pereira - que em 2008 foi eleito vice-prefeito de Serrano do Maranhão na chapa de Leocádio Olímpio Rodrigues (PDT), prefeito afastado há cinco meses -, foi preso o irmão de "Banga", Elton Pereira. As prisões ocorreram no município de Cururupu (a 451 quilômetros de São Luís, vizinho a Serrano), em decorrência da Operação Rapina 5, que tinha por objetivo investigar denúncias relativas à má aplicação de recursos públicos destinados ao município de Serrano.


Pedro Meireles fala sobre a operação que resultou na prisão de "Banga" (detalhe)
Outras cidades - O delegado Pedro Meireles afirmou que a Operação Rapina 5 foi criada exclusivamente para apurar o caso de Serrano do Maranhão, mas isso não impede que outras cidades também possam ser investigadas. Segundo Pedro Meireles, o prefeito anterior do município - Leocádio Rodrigues - foi afastado pelo Ministério Público Estadual por desvio de verba pública, e também está sendo investigado pela PF, por efetuar vultosos saques de recursos federais.
"Esta operação é um trabalho contínuo das edições anteriores da Rapina. Fizemos uma série de investigações veladas na cidade e conseguimos identificar os acusados pelas operações financeiras fraudulentas. Com eles encontramos comprovantes de transferências bancárias ilícitas, originadas das contas da Prefeitura Municipal de Serrano do Maranhão. Com o banco, obtivemos cópias dos cheques avulsos utilizados nas transações, bem como das fitas de caixa, que revelaram os destinatários dos recursos", relatou Pedro Meireles.
O delegado explicou que todas as verbas públicas federais do município foram sacadas de forma irregular, e, devido à natureza distinta das verbas envolvidas, foram abertos dois inquéritos, posteriormente encaminhados ao Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão e ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília/DF. As pessoas que receberam o dinheiro oriundo da transação irregular também serão investigadas. A Controladoria Geral da União (CGU) também atuou na Operação Rapina 5 e estará monitorando o sistema corporativo de todas as prefeituras, a fim de evitar ações ilícitas.
Os presos foram indiciados nas penas do Decreto-lei nº 201/1967, art. 1º, incisos I, III e XIV que tratam da apropriação e desvio de verbas públicas, bem como negar execução de lei federal.
A Rapina 5 foi desencadeada por 10 policiais federais da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado, além do apoio técnico da CGU. Os dois presos, que estavam na carceragem da Polícia Federal, no Bairro da Cohama, seriam encaminhados ainda ontem para uma unidade prisional da capital, a ser designada pela Secretária de Segurança Pública.



PF já prendeu 20 prefeitos em cinco operações ‘Rapina’ e na ‘Orthoptera’

POR OSWALDO VIVIANI

Com a prisão, na sexta-feira (19), do prefeito em exercício de Serrano do Maranhão, Vagno Pereira (PT do B), já são 20 os prefeitos ou ex-prefeitos maranhenses presos pela Polícia Federal desde dezembro de 2007, quando foi desencadeada a Operação Rapina 1. Eles foram pegos na "malha fina" dos órgãos investigadores - além da PF, o Ministério Público Federal, a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União -, que fiscalizam a utilização dos recursos públicos por parte dos gestores. Veja a seguir o "listão" dos prefeitos e ex-prefeitos do Maranhão presos nas cinco operações Rapina e na Operação Orthoptera.

RAPINA 1 (13 de dezembro de 2007)
1. José Cardoso do Nascimento, o "Zé Tude" (PSC), de Araioses
2. Maria Sônia Oliveira Campos, a "Soninha" (DEM), de Axixá
3. Iara Quaresma do Vale Rodrigues (PDT), de Nina Rodrigues
4. Marinalva Madeiro Neponucena Sobrinho (PSB), de Tufilândia
5. Aldenir Santana Neves (PDT), de Urbano Santos
6. Abnadab Silveira Leda (PTB), de Urbano Santos
7. Cleomar Tema Carvalho Cunha (PSB), de Tuntum
8. Luiz Gonzaga Muniz Fortes Filho, o "Gonzaguinha" (PT do B), de S. Luís Gonzaga
9. Francimar Marculino da Silva, o "Mazim" (PMDB), de Gov. Newton Bello
10. João Teixeira Noronha (PMDB), de Paulo Ramos
RAPINA 2 (2 de abril de 2008)
11. Domício Gonçalves da Silva (PRB), de Centro Novo do Maranhão
12. Perachi Roberto de Farias Moraes (PDT), de Marajá do Sena
RAPINA 3 (5 de março de 2009)
13. Dioni Alves da Silva (PSDB), de Ribamar Fiquene
14. João Alves Alencar, o "João do Oliveira" (PR), de Senador La Rocque
RAPINA 4 (28 de abril de 2009)
15. Nelson Ricardino Castilho (PTB)
16. Patrícia Maciel Ferraz Castilho (DEM), de Montes Altos
17. Washington Luís Silva Plácido (DEM), de Governador Edison Lobão
18. Idélzio Gonçalves de Oliveira (PTB), de São Pedro da Água Branca

RAPINA 5 (19 de março de 2010)
19. Vagno Pereira (PT do B), de Serrano do Maranhão
ORTHOPTERA (17 de novembro de 2009)
20. Heloísa Helena Franco Leitão (DEM), de Alcântara