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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Lula na berlinda!

 PROCURADOR DECIDE PEDIR INVESTIGAÇÃO DE ACUSAÇÕES DE VALÉRIO CONTRA LULA
 

O Estado de São Paulo

O Ministério Público Federal vai investigar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva com base na acusação feita pelo operador do mensalão, Marcos Valério, de que o esquema também pagou despesas pessoais do petista, O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu remeter o caso à primeira instância, já que o ex-presidente não tem mais foro privilegiado. Isso significa que a denúncia pode ser apurada pelo Ministério Público Federal em São Paulo, em Brasília ou em Minas Gerais.

Aos integrantes do MPF Gurgel tem repetido que as afirmações de Valério precisam ser aprofundadas. A decisão de encaminhar a denúncia foi tomada no fim de dezembro, após o encerramento do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Condenado a mais de 40 anos de prisão, Valério, que até então poupava Lula, mudou a versão após o julgamento.

Ainda sob análise do procurador-geral da República, o depoimento de Valério em setembro do ano passado, revelado pelo Estado, e os documentos apresentados por ele serão o ponto chave da futura investigação que, neste caso, ficaria circunscrita ao ex-presidente.

O procurador da República que ficar responsável pelo caso poderá chamar o ex-presidente Lula para prestar depoimento. Marcos Valério também poderá ser chamado para dar mais detalhes da acusação feita ao Ministério Publico em 24 de setembro, em meio ao julgamento do mensalão. Petistas envolvidos no esquema sempre preservaram o nome de Lula desde que o escândalo do mensalão foi descoberto, em 2005.

Mentiroso. Ao tomar conhecimento das acusações feitas por Valério, Lula o chamou de mentiroso. "Eu não posso acreditar em mentira, eu não posso responder mentira", reagiu o ex-presidente, em dezembro do ano passado.

No depoimento de 13 páginas, Valério disse ter passado dinheiro para Lula arcar com "gastos pessoais" no início de 2003, quando o petista já havia assumido a Presidência. O empresário relatou que os recursos foram depositados na conta da empresa de segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy. Nas palavras de Valério, Godoy era uma espécie de "faz-tudo" de Lula.

Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98,5 mil.

Oficialmente, Freud Godoy afirmou que o dinheiro serviu para o pagamento de serviços prestados durante a campanha eleitoral de 2002. Esses serviços, admitiu Freud Godoy à época da CPI, não foram formalizados em contrato e não houve contabilização formal das despesas.

No depoimento, Valério disse que esse dinheiro tinha como destinatário o ex-presidente Lula. Ele, no entanto, não soube detalhar quais as despesas do ex-presidente foram pagas com esse dinheiro. Conforme pessoas próximas, Valério afirmou que esse pagamento ocorreu porque o governo ainda não havia descoberto a possibilidade de gastos com cartões corporativos.

Gurgel volta de férias na próxima semana e vai se debruçar sobre o assunto. A auxiliares, o procurador já havia indicado que seria praticamente impossível arquivar o caso sem qualquer apuração prévia. No fim do ano, a subprocuradora Cláudia Sampaio e a procuradora Raquel Branquinho, que colheram o depoimento de Valério, foram orientadas por Gurgel a fazer um pente fino nas denúncias.

A intenção era identificar possíveis inconsistências no depoimento e armadilhas jurídicas. Gurgel, por mais de uma vez, manteve reservas sobre a acusação feita por Valério. E publicamente afirmou que o empresário é um jogador. Mas não desqualificou de pronto as afirmações do operador do esquema.

O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que seu cliente vai aguardar "o destino que será dado ao expediente".

Cobrança. No STF, a revelação das acusações levou integrantes do tribunal a cobrarem investigações. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, afirmou em dezembro que não haveria outra saída senão investigar. "O Ministério Público, em matéria penal, no nosso sistema, não goza da prerrogativa de escolher o caso que leva adiante, que caso ele vai conduzir. É regido pelo princípio da obrigatoriedade, tem dever de fazê-lo", disse.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Que pais é esse!

Presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, ameaça não cumprir decisão do STF e poderá manter  os "mensaleiros" no Legislativo

Deputado Federal Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara dos Deputados

O verso título deste post do imortal poeta Renato Russo (1960-1996)  foram lembrados em mais um episódio triste da cultura política brasileira. Ao ver o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmar taxativamente que se rebelará contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu hoje (17) que os condenados no processo do mensalão deverão perder os seus mandatos legislativos, é algo enojante.

Onde-que em um país sério-o Poder Legislativo, ou quem quer que fosse, ousaria descumprir a decisão da mais alta Corte de Justiça. Isso parece coisa de republiqueta, não de uma nação que assombra o mundo com o seu desenvolvimento econômico pujante.

Ouça a música "que país é esse" clicando no link abaixo:

Ouça aqui "que país é esse"


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Efeitos do mensalão


Correio Brasiliense

O Supremo Tribunal Federal entendeu, majoritariamente, que o objetivo do PT era usar o mensalão, sujando nossa democracia, a fim de abrir caminhos eleitorais ao partido. Em troca dessa operação criminosa, porém, com a notória aprovação de Lula, o PT abdicou de sua maior riqueza: o exemplo de procedimento político mais ético entre todas as nossas agremiações partidárias.

Antes dele, nessa questão, era a UDN que liderava em tal procedimento, até que fez outra escolha: deixou de defender a democracia, para apoiar o regime de 1964. Falou-se, então, que os velhos udenistas, sem macacão e sem mácula, haviam formado o PT.

Tal sigla é cópia traduzida do nome, em alemão, de Partido dos Trabalhadores, cujo líder (Karl Lueger) se elegeu prefeito de Viena, por mais de 14 anos. Como diria Duda Mendonça, publicitário de Lula, a marca PT "pegou", na segunda ou terceira eleição disputada pelo dirigente petista.

Hoje, talvez só os aposentados se lembrem da campanha em que Lula se elegeu. Ele jurou não prejudicá-los, mas, ao empossar-se na Presidência, taxou a economia dos aposentados. Brizola, presidente do PDT, exibiu em seu programa partidário, na tevê, a imagem de Lula jurando não mexer nas aposentadorias. O ex-presidente FHC quis fazer o mesmo, porém fora derrotado, no Congresso, graças aos votos do PT.

A conclusão da maioria do STF sobre o mensalão foi terrível para o PT. Mas, em plena eleição municipal, seus cabos eleitorais foram a presidente da República e o ex-presidente Lula. Fizeram comícios, com cobertura de todos os meios de comunicação, ao contrário das candidaturas de oposição. Seria isso lícito, em pleito com urnas de última geração e retratos de todos os candidatos? Seria bom que o Superior Tribunal Eleitoral respondesse a tal pergunta, para termos eleições limpas, em pleito republicano e democrático, igual para todos os litigantes, Brasil afora. Alguém já disse que o poder, não limitado por leis, nunca está protegido e costuma cair.