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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Nano crônica: De volta ao Cine Roxy





No final dos anos 90, o Cine Roxy era o point para o pessoal que gostava de filmes adultos em São Luís. Hodiernamente, lá funciona o Teatro da Cidade, que é gerenciado pela Prefeitura de São Luís e apresenta atividades culturais. 

Naqueles dias convidei uma gatinha para sair e tive a feliz ideia de assistir a um filme lá por conta da programação costumeira. Na minha cabeça, iria criar um "clima" propício para a noite que se desenhava favoravelmente. 

No entanto, o tiro saiu pela culatra e o filme exibido era de Karatê. Nada de John Holmes e cia, somente Bruce Lee dando cacetadas em exércitos de taiwaneses ninjas. Ontem, no Teatro da Cidade, durante uma palestra no I Seminário Municipal de Transparência e Combate à Corrupção, rememorei o episódio com amigos. Óbvio, todos sorriram da minha desventura.


domingo, 15 de abril de 2012

Crônica para uma noite de domingo


Rubem Braga (1913-1990)
Despedida
Rubem Braga

E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho? Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus. A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.