Mostrando postagens com marcador Peter Gowan. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Peter Gowan. Mostrar todas as postagens

sábado, 19 de novembro de 2016

Como os Estados Unidos dominaram o mundo (Parte II)

A roleta global do Regime do Dólar-Wall Street (DWSR)


Peter Gowan (1946-2009)

Por Welliton Resende


Por meio da senhoriagem os Estados Unidos fazem oscilar o preço do dólar internacionalmente para um lado e para outro. Além disso, Wall Street pressiona para:

- remover barreiras ao livre fluxo dos recursos em ambas as direções;

-para dar direitos plenos aos seus operadores de negociar nos sistemas financeiros e nas economias de países-alvo; e

-para  reformular os sistemas  financeiros dos países-alvo com vistas a se adaptarem às estratégias comerciais dos seus operadores e clientes americanos.

Com a vantagem competitiva da quase falta de regulamentação, iniciou-se um processo corrosivo para enfraquecer a regulamentação dos operadores financeiros de outros países (Tóquio, Frankfurt, Zurique, Paris, Hong Kong e Cingapura). Praticamente não há oposição a esta ordem, os Estados Unidos, inclusive, obrigam o G7 ( grupo dos 7 países mais ricos do mundo) a rezar pela sua cartilha. 

As súbitas oscilações do dólar produzem tsunamis nas balanças comerciais e nos termos de comércio dos países. Desse modo, os governos nacionais têm apenas dois caminhos:

-utilizar os empréstimos de Wall Street como uma proteção; ou,

- se empenhar em um ajuste macroeconômico interno (ajustes fiscal brasileiro, por exemplo). É óbvio que a última opção  vai ser derivativa da força  sociopolítica interna do governo.

Nesse Regime de Dólar de Wall Street (DWSR), o papel do FMI é o de assegurar que o país tomador de empréstimo faça ajustes internos de modo a manter os serviços de sua dívida em dia. Pela intervenção do FMI/Banco Mundial, o país em crise torna-se mais tarde capaz de reintegrar ao DWSR, mas dessa vez com grandes problemas de serviço da dívida e geralmente com uma estrutura financeira enfraquecida.

Para piorar, o ambiente externo é tão propositadamente volátil e o país em questão tem mais probabilidade de se deparar com uma nova crise financeira em um futuro não muito distante.

O paradoxo de DWSR é o fato de que essas crises financeiras não enfraquecem o regime: na verdade o fortalece. Isso ocorre por 4 fatores:

1-Nas crises os recursos tendem a se deslocar das mãos dos detentores de riqueza do setor privado no país envolvido para Wall Street e isso o fortalece;


2-Para pagar suas dívidas, agora mais elevadas, o país tomador deve exportar para a área do dólar de modo a encontrar os recursos para o serviço da dívida;

3-Os riscos enfrentados pelos operadores financeiros dos Estados Unidos são inteiramente cobertos pelo FMI;

4-O enfraquecimento dos países do sul (periféricos, tomadores) fortalece o poder de barganha das instituições de crédito de Wall Strett sobre como determinar futuros financiamentos.


Siga Resende no Twitter