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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Os famigerados "anões do orçamento": uma história de corrupção e assassinato

Por Welliton Resende

João Alves
Escândalos de corrupção na História recente do Brasil são rotina. Fica até difícil para qualquer brasileiro enumerar os três últimos casos, por exemplo. Pois bem, caro leitor, o ano de 1993 sacudiu o país em um dos piores tsunamis políticos causados pela corrupção: o célebre caso dos "anões do orçamento".

Tudo começou a partir de denúncias do economista José Carlos dos Santos, integrante da quadrilha e chefe da assessoria técnica da Comissão do Orçamento do Congresso. No entanto, José Carlos não fez as denúncias imbuído de espírito de arrependimento, tão comum às pessoas de boa índole; ele o fez para encobrir um outro crime igualmente terrível: o assassinado de sua esposa  Ana Elizabeth Lofrano.

Ele imaginara que o caso dos anões iria tirar a atenção da imprensa do assassinato de sua esposa. Em princípio,  sob a esdrúxula alegação de "lavar a própria honra" tentou justificar o crime, no entanto, com o decorrer das investigações a polícia concluiu que Elizabeth ameaçava denunciar os podres da máfia e eclodir todo o esquema. Anos mais tarde, na cadeia, José Carlos tentou o suicídio, mas foi salvo pela carceragem. Perdeu a gorda aposentadoria do Senado Federal e hoje vive no ostracismo e  bem longe das altas rodas de Brasília.

Registre-se, por oportuno, que a expressão "anões do orçamento" fora cunhada não porque os larápios de meia-idade fossem fãs incondicionais da obra de Walt Disney, e sim porque apresentavam baixa estatura física e (mais baixa ainda) moral. Considerações físicas à parte, os anões foram congressistas que final dos anos 80 e início dos anos 90 formaram quadrilhas para desviar recursos do orçamento da união.

O modus operandi deles era destinar emendas parlamentares para entidades filantrópicas ligadas a parentes e "laranjas". Mas o principal eram os acertos com grandes empreiteiras para a inclusão no orçamento de  grandes obras, em troca de propinas. Para justificar a riqueza, um dos anões, o deputado federal João Alves, soltou esta pérola: "Deus me ajudou e eu ganhei dinheiro, tive a sorte de acertar na loteria 13 vezes".

Felizmente, como na estória de Disney, o caso teve um final feliz: os anões foram investigados e cassados perante uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de grande repercussão nacional. Para estes, a bruxa malvada fora implacável. E não pensem que o Maranhão sairia ileso desta, o deputado federal Cid Carvalho fora investigado e também cassado pela CPI. Prá variar!

José Carlos dos Santos