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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Mau exemplo no centro do poder

 Congresso e pelo menos 5 prédios que abrigam ministérios têm problemas como falta de alvará



O Globo

BRASÍLIA - A maioria dos órgãos públicos da Esplanada dos Ministérios e da administração federal garante que segue as normas de segurança para evitar incêndios e tragédias como a de Santa Maria (RS). Mas nem tudo está 100%. Há desde edifícios sem alvará a projetos de prevenção que ainda estão em processo de elaboração. No Congresso, existe até mesmo uma saída de emergência trancada. Quem está em situação pendente promete resolver tudo em breve. Entre os ministérios, há ao menos cinco prédios que têm algum tipo de pendência. Neles, funcionam oito pastas. Também há problemas na Câmara dos Deputados e no Senado.

Em artigo publicado no GLOBO no dia 4, o ex-deputado Paulo Delgado (PT-MG) disse que "o plenário da Câmara dos Deputados não tem habite-se e reúne mais deputados do que o Brasil precisa. Superlotado, o lúgubre vespeiro que é seu interior não resiste ao pânico. Se houver sincera agitação, por medo ou violência, metade dos deputados morre esmagada, para alegria de quem não vê seriedade na política. Não há janelas, saída de emergência, tudo é carpete, pelas portas não passam duas pessoas às pressas".

Questionada a respeito, a Câmara rebateu o ex-parlamentar, mas reconheceu que é preciso fazer melhorias. "Não procede a declaração de que o plenário não estaria apto a enfrentar uma situação de pânico, pois o local possui portas amplas e saídas alternativas, não apenas a saída principal e uma acessória. Possui também saídas pelo comitê de imprensa, pela sala VIP e pelas galerias superiores. Porém, entendemos que sejam necessárias melhorias na sinalização dessas rotas de fuga", informou a assessoria de imprensa da Câmara.

O GLOBO constatou que, de fato, algumas dessas rotas de fuga são mal sinalizadas. Outra saída, a das galerias superiores, está até trancada. Ainda segundo a assessoria, houve uma consulta em dezembro último ao Corpo de Bombeiros, que concluiu: "A Câmara dos Deputados tem condições físicas para enfrentar incêndios".

A Câmara destacou ainda que o tombamento do prédio do Congresso Nacional dificulta a adaptação às normas brasileiras de segurança. Informou também que está em desenvolvimento pela equipe técnica da Casa um projeto para construir outro edifício anexo (atualmente são quatro). Pela proposta, esse edifício contará com auditório para 600 lugares, "alternativa para reuniões plenárias com capacidade de lotação acima da permitida ao plenário (...) a fim de contemplar as exigências normativas".

Senado espera nova licitação

O Palácio do Planalto também é tombado, mas isso não impediu que fosse construída uma saída de emergência durante a reforma do prédio, concluída em 2010. Na época, a saída foi trancada, mas atualmente ela se encontra desobstruída.

O Planalto também informou que o edifício principal e seus anexos estão em ordem e em conformidade com as normas de segurança. "Não há registros de sinistros de vulto e os eventuais são prontamente atendidos pelos brigadistas de serviço", informou a assessoria. No Planalto, além da Presidência da República, funcionam cinco ministérios ou secretarias com status de ministério: Casa Civil, Relações Institucionais, Secretaria Geral, Gabinete de Segurança Institucional e Comunicação Social.

O Senado informou que o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) realizou visitas técnicas em 2010. Os Bombeiros notificaram o Senado, que "abriu processo administrativo para contratação de empresa especializada na elaboração dos projetos necessários à adequação dos edifícios e áreas externas do Senado Federal às normas de prevenção, detecção, alarme e combate a incêndio e pânico".

Mas, na licitação, as duas empresas participantes foram desclassificadas e um novo projeto básico está sendo elaborado, com previsão para ser finalizado em março, quando outra licitação será realizada. Em 2010, o Senado teve um caso de incêndio na Secretaria Especial de Informática (Prodasen), mas, segundo a assessoria de imprensa da Casa, os Bombeiros foram acionados e ninguém se feriu.

O Ministério das Comunicações - responsável pelo prédio onde também funciona o Ministério dos Transportes - foi questionado se possui algum documento emitido pelos Bombeiros. Em nota, informou que o prédio foi construído há 44 anos e que "naquela época, os edifícios públicos não necessitavam de alvará de funcionamento".

Já o Ministério do Meio Ambiente informou que "está licitando a elaboração de um projeto dos sistemas de prevenção e combate a incêndio". O objetivo é adequar o prédio - onde também funciona o Ministério da Cultura - "às atuais exigências contidas nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, quanto aos requisitos que regem os sistemas de prevenção e combate a incêndios para edificações existentes".

Nessa licitação, foi incluída uma série de equipamentos contra incêndios. Sobre o plano de combate a incêndio, o Meio Ambiente informou que ele deverá ser aprovado pelo Corpo de Bombeiros do DF.

O Ministério da Previdência também informou que ainda está aguardando a aprovação do Corpo de Bombeiros ao seu plano de combate a incêndio, que foi protocolado em 2012. No prédio da Previdência, também funciona a pasta do Trabalho.

O Ministério da Justiça comunicou que o alvará depende de regularização pela Secretaria de Patrimônio Público (SPU), mas que já pediu essa providência. Informou ainda que possui um plano de combate a incêndio atualizado e encaminhado ao Corpo de Bombeiros, mas que ainda precisa homologá-lo.

A Controladoria Geral da União (CGU) informou que está na fase conclusiva da implantação do novo projeto de prevenção e combate a incêndios para o prédio onde funciona. Esse projeto começou a ser implantado depois dos apontamentos feitos pelo Corpo de Bombeiros na última vistoria feita pelo órgão, no dia 26 de janeiro de 2011.

Em novembro do ano passado, um eletricista da CEB, a companhia de eletricidade da capital federal, morreu eletrocutado no subsolo do prédio onde funcionam os ministérios do Esporte e do Desenvolvimento Agrário e a Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Ele morreu após a explosão de um transformador de energia, no qual fazia manutenção. Segundo o Ministério do Esporte, o edifício está em conformidade com as normas de segurança exigidas.

O Ministério da Educação (MEC) também já teve problemas com uma subestação da CEB localizada em seu edifício. Segundo a assessoria do MEC, desde 2009 já houve o registro de três princípios de incêndio envolvendo a subestação.

Isso levou o órgão a encaminhar uma solicitação para sua retirada, mas ele ainda não obteve retorno da companhia de eletricidade. Outros três ministérios na Esplanada registraram princípio de incêndio no passado: Desenvolvimento, em 2006; Previdência, em junho de 2012; e Cidades, em setembro do ano passado.

Defesa teve última vistoria em 2007


O GLOBO também perguntou aos órgãos públicos quando foi feita a última vistoria do Corpo de Bombeiros nos prédios. Entre os que responderam, o que teve uma vistoria há mais tempo foi o Ministério da Defesa: dezembro de 2007. A pasta, porém, ressaltou que anualmente faz um exercício de evacuação com auxílio dos Bombeiros. O prédio do órgão que teve vistoria há menos tempo foi o Ministério da Saúde: janeiro de 2013.

O GLOBO procurou, ainda, os Bombeiros do Distrito Federal para saber quais são as condições de segurança dos prédios da administração federal. Em resposta, a corporação se limitou a dizer que, "sobre a situação dos ministérios e demais prédios, o Corpo de Bombeiros está realizando essas vistorias desde junho de 2012 e o relatório está em fase de conclusão".

Há na administração federal 38 ministérios ou órgãos com status de ministério. Até o fechamento da edição, O GLOBO não recebeu retorno de três deles: Ministério da Fazenda, Ministério da Agricultura e Secretaria de Portos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Os novos "marajás" do serviço público



Por Ana D' Angelo
Correio Brasiliense


Os dados não estão totalmente ao alcance do contribuinte, como manda a Lei de Acesso à Informação. Mas um levantamento detalhado do Correio, com base no que está disponível nos sites da Câmara dos Deputados e do Senado, revela uma radiografia dos salários mais altos da República. Mesmo com rendimentos iniciais de R$ 6,7 mil (Câmara) e R$ 13,9 mil (Senado), a maioria dos seus servidores tem renda bruta de R$ 20 mil ou mais. No Senado, essa proporção chega a 84,7%. Na Câmara, a 63,6%.

O detalhamento da folha de pessoal do Senado revela ainda que, entre os técnicos legislativos, cargo para o qual se exige apenas o ensino médio, 83% estão nessa faixa salarial. Entre eles, há os técnicos de informática, operadores de câmera e antigos motoristas e seguranças que foram reenquadrados como policiais legislativos.

Com salário inicial de R$ 18,5 mil, apenas 15% dos analistas legislativos (de nível superior) — os que ingressaram em 2010 e em 2011 — estão na margem a partir desse valor até R$ 19,9 mil. Quase o que ganham, por exemplo, juízes de tribunais estaduais, R$ 21,7 mil, e de federais, R$ 22,7 mil. Apenas 6,1% dos técnicos do Senado têm salário entre R$ 13,9 mil (remuneração inicial da carreira) e R$ 17,9 mil (veja ilustração).

Os 64 auxiliares legislativos remanescentes, que ingressaram apenas com o ensino fundamental para servir cafezinho, fazer limpeza e operar máquinas de tirar cópias, têm proventos entre R$ 17,2 mil e R$ 27 mil. Hoje, todos estão lotados na gráfica do Senado. Mais de um terço dos servidores da Casa, 36,7%, recebem mais que um ministro do Supremo Tribunal Federal, que é o teto constitucional. Entre os 1.109 funcionários desse seleto grupo, estão dois antigos auxiliares legislativos e 285 técnicos. Há ainda 680 analistas, 123 advogados e 157 consultores.

Todos esses quantitativos são maiores porque boa parte recebe também adicional de especialização por ter curso de graduação (caso dos auxiliares e dos técnicos), pós-graduação ou mesmo mestrado e doutorado. Em julho, o Senado também fez diversos pagamentos em folha suplementar, que não foram incluídos no levantamento do Correio pela dificuldade de identificar a quem pertencem. Além desses valores brutos, os servidores do Legislativo recebem auxílio-alimentação líquido de R$ 740, que é creditado em dinheiro na conta.

Câmara
Embora costume alegar que paga remunerações menores que as do Senado, a Câmara não fica muito atrás. Lá, 23% dos funcionários — 780 pessoas — ganham acima do teto do funcionalismo. Quase dois terços do quadro de pessoal efetivo têm contracheque de R$ 20 mil ou mais. Apenas 7,3% dos técnicos (de nível médio) estão com vencimentos totais entre R$ 6,7 mil, que é o piso desse cargo na Casa, e os R$ 13,9 mil, que correspondem ao menor salário inicial vigente no vizinho Senado. Outros 20% embolsam bruto por mês entre R$ 16 mil e R$ 19,9 mil. Isso se deve ao fato de a categoria ter tido reajuste em julho (leia mais na página 8).

No Executivo, que tem 1,05 milhão de servidores ativos, entre civis e militares, são 456 os que com renda acima do teto constitucional de R$ 26.723,13 — ou 0,04% do total. Com uma diferença: no Executivo e no Judiciário, nenhum deles recebe mais que esse valor, pois sofre o abate-teto, que corta a parcela de toda a remuneração acima do topo legal.

Os funcionários da Câmara e do Senado, por sua vez, conseguiram liminar no Tribunal Regional Federal da 1º Região que deixa de fora do cálculo do teto as gratificações por cargos comissionados. Um analista, por  exemplo, que tem rendimento básico de R$ 22.727, vantagens pessoais de R$ 8.758 e gratificação de função de R$ 3.194 consegue manter o salário bruto em R$ 29.917, e não nos R$ 26,7 mil, como ocorre com os trabalhadores dos outros Poderes.

A exceção no Executivo são os ministros e alguns servidores que embolsam remuneração extra — os chamados jetons — por participação em conselhos de empresas em que a União tem algum tipo de participação. Por decisão do governo, o jetom não entra no cálculo do teto. Os ministros do STF também decidiram que a renda que alguns recebem por dar aula em universidades públicas não é computada no limite.

Regulamentação
Ao Correio, o Senado afirmou que a forma de publicação da remuneração dos servidores, que não inclui a soma de todas as verbas que compõem o salário do mês, foi definida pelo Ato nº 10 de 2012, do Primeiro-Secretário, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB). A determinação incluía a divulgação dos nomes dos funcionários, mas foi suspensa por ordem judicial.

"Todos os demais dados são públicos e estão divulgados em dois formatos — texto e planilha —, o que facilita a leitura e viabiliza a pesquisa e a realização de quaisquer cálculos pretendidos", diz a nota da assessoria de comunicação da Casa, destacando que o Senado foi "pioneiro na divulgação dessas informações em formato de dados abertos".

Já a Câmara alegou que a Lei de Acesso à Informação não faz referência à divulgação de salários. Assim, afirmou, "cada órgão fez sua regulamentação interna". No caso da Câmara, foi determinada por meio do Ato da Mesa 45/2012.

 Nomes divulgados
O Senado será obrigado a divulgar os nomes dos servidores na internet. O presidente do Tribunal Regional Federal da 1º Região, Mário César Ribeiro, suspendeu a liminar da 7ª Vara Federal em Brasília, que havia permitido a omissão dos nomes dos funcionários na publicação da lista de salários. A liminar foi concedida a pedido do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal (Sindlegis). A Advocacia-Geral da União recorreu. Falta agora a decisão do TRF para a Câmara, que deverá ser no mesmo sentido.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Congresso Nacional retarda divulgação de salários


BRASÍLIA. O Congresso Nacional demonstra não ter qualquer pressa em divulgar os dados sobre os salários de seus servidores públicos, em atendimento à Lei de Acesso à Informação, que entrou em vigor no último dia 16. Tanto o Senado quanto a Câmara alegam que ainda estão estudando a melhor forma de fazer tal divulgação, e as ações indicam que há um jogo de empurra entre as duas Casas. As direções sinalizam que pretendem usar o prazo máximo, aquele estabelecido pelo Executivo, 31 de julho. Após reunião da Mesa do Senado, ontem, foi anunciada a decisão de aguardar a definição da Câmara e do Tribunal de Contas da União (TCU), para padronizar o modelo de divulgação. Mas a Câmara também não tratará do assunto nos próximos dias.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse ontem que a decisão terá que aguardar sua volta da China, depois do feriado de Corpus Christi, na próxima quinta-feira. Maia embarcaria ontem à noite para China e terá eventos oficiais até 9 de junho.

Em entrevista, ele reafirmou que a Casa divulgará os salários dos servidores, mas adiantou que o tema ficará em suspenso pelo menos até a segunda quinzena de junho. E confirmou que nem tudo poderá ser divulgado sobre os salários dos mais de 7,3 mil funcionários concursados e comissionados da Câmara.

- Estamos analisando neste momento como será feito, quais serão os temas ou as rubricas dos salários que serão divulgados. E estamos com um grupo da Câmara, sob a coordenação da Diretoria-Geral, tratando sobre esse assunto. Quando voltar da viagem à China vou fazer uma reunião da Mesa que tomará a decisão definitiva - disse o presidente, negando que o atraso represente resistência do Legislativo em expor todos os dados: - Não há nenhum problema se for divulgado no dia 31 de julho ou antes. Até porque não haverá alteração dos salários dos funcionários efetivos da Câmara até lá. Não é um tema que traga problema para o país ou que estimule a curiosidade das pessoas sobre quanto é que recebem os servidores da Câmara.

O Senado fez reunião da Mesa Diretora, mas não chegou a uma conclusão sobre a forma como dará publicidade aos salários dos seus mais de 6,5 mil servidores. O diretor da Secretaria de Comunicação Social, Fernando César Mesquita, informou que tudo está sendo estudado em conjunto com a Câmara e o TCU.

A Mesa Diretora já decidiu que os vencimentos serão apresentados de forma individual, com o nome de cada funcionário, de acordo com ato que será publicado no Boletim Administrativo do Pessoal (BAP), mas outras informações sobre rendimentos, como férias e bonificações, ainda estão em análise, explica Fernando César. Na divulgação dos salários no Senado devem ser incluídas as gratificações e valores pagos acima do teto. Mas ficam de fora pensão e valores de empréstimos consignados.

No caso da Câmara, Marco Maia argumentou que é importante analisar a forma de divulgação dos dados, alinhando o processo às leis, até para evitar processos judiciais contestando a medida. Segundo Maia, alguns servidores já entraram na Justiça, por entenderem que a medida fere a privacidade.

O Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis) já anunciou que prepara uma batalha judicial para impedir a divulgação dos rendimentos. O presidente da entidade, Nilton Paixão, disse que divulgar os salários dos servidores públicos pode fomentar a indústria do sequestro relâmpago, um tipo de crime que cresce em Brasília.

--- É uma questão de segurança do servidor e de seus familiares. Divulgar o nome do servidor com a respectiva remuneração pode expor toda a família a um risco desnecessário - argumenta Nilton Paixão, por meio de nota do Sindilegis.

Fonte: O Globo