Por Welliton Resende
Na
sociedade moderna os indivíduos acreditam que são sujeitos do próprio destino,
mas não o são apenas em um nível muito pequeno. As pessoas acreditam tolamente em
uma “igualdade de oportunidades” para quem quer “vencer na vida”.
Em
verdade, o caminho dos “vencedores” já está pré-decidido por vantagens
acumuladas desde o berço. A ideologia da “meritocracia”
é um completo engano e transforma privilégio social em “talento individual”.
Você,
atento leitor(a), crer mesmo que o filho de um carroceiro e o de um médico
terão as mesmas oportunidades em um dos países mais desiguais e injustos do
planeta (Brasil)?
Na
competição desenfreada da sociedade moderna, adquire todo sentido o pensamento
de Axel Honneth - filósofo e sociólogo alemão- sobre a importância das relações
afetivas e emocionais familiares como pressuposto para o exercício do trabalho
pelo indivíduo.
Nesse
sentido, como o filho do carroceiro, pegado como exemplo, que nunca viu o pai
lendo, apenas fazendo serviços braçais e brincando com os instrumentos desse
tipo de trabalho, pode ter sucesso escolar?
Nessa
linha de pensamento, as crianças das
classes inferiores já chegam à escola como “perdedoras”, enquanto as crianças
da classe média já chegam “vencedoras” pelo exemplo e estímulo paterno e
materno efetivamente construído.
Jessé Souza
(2015) revela, por meio de pesquisa acadêmica, que nas “classes populares” os
exemplos bem-sucedidos na família são muito mais escassos, quando existentes. Quase
todos necessitam trabalhar muito cedo e não dispõem de tempo para estudos, o alcoolismo,
fruto do desespero com a vida, ou abuso sexual sistemático, são muito
relatados.
Assim, a
tríade disciplina, autocontrole e pensamento prospectivo (visão de futuro), que
são pressupostos básicos de qualquer aprendizado na escola ou no mercado competitivo,
é parcial e incompleto, ou até inexistente, nas classes populares.
Portanto,
o domínio permanente de classes sobre outras exige que as classes dominadas se
vejam como “inferiores”, preguiçosas, burras, menos capazes, menos éticas...
Por fim,
se o dominado socialmente não se convencer da sua inferioridade, não existe dominação
social possível. RESISTÊNCIA!!!
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29/03/2020