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quinta-feira, 18 de junho de 2020

A teoria do iceberg explica a corrupção?



Por Welliton Resende

A expressão “apenas a ponta do Iceberg” é comumente utilizada para dizer que um problema ou situação difícil é bem maior do aparenta parece ser.
Essa referência ao iceberg é feita tendo em vista que apenas uma pequena parte (10%) da grande massa de gelo flutuante pode ser vista acima água. A maior parte do iceberg está submerso (90%).
Assim é a corrupção. Você sente os efeitos dela no seu dia-a-dia, mas não sabe as suas reais causas. Por isso, elaborei a teoria da ponta do iceberg voltada para a corrupção.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Roubar wi-fi do vizinho é corrupção?


Welliton Resende é auditor federal e coordenador do Núcleo de Ação de Ouvidoria e Prevenção à Corrupção.

Por Welliton Resende


O primeiro efeito invisível da corrupção é o cidadão começar a achar não há mais soluções possíveis, uma generalização de que todos são corruptos e, principalmente, de que o Estado e, sobretudo, as pessoas têm um preço.

Esta última concepção engloba a interpretação equivocada de que o valor moral tem necessariamente um respectivo valor monetário, podendo ser medido ou quantificado em moeda. Aí voltamos, por analogia, ao período sombrio e nebuloso da escravatura, onde valia mais o escravo mais forte e apto para o trabalho.

Quando a moral passa a ser associada ao dinheiro, desconsidera-se que há outras formas de corrupção tão nocivas quanto, ou seja, a sociedade passa a interpretar que só ocorre a corrupção quando há um prejuízo material ou o enriquecimento ilícito do agente público (ROSA, 2004, p. 08).

Por isso é que as “pequenas corrupções” são tão aceitas e praticadas e têm levado o país a solidificar, cada dia mais, a imagem de dar “jeitinho” em tudo. Cito aqui algumas bem antigas e outras mais novas:
  • Furar fila;
  • Fingir que está dormindo no assento dos idosos para não dar lugar no transporte público;
  • Falsificar carteirinha de estudante para pagar meia entrada;
  • Pagar propina em auto-escola para passar no exame (ou qualquer outro tipo de “quebra” para facilitar a vida);
  • Comprar óculos, software, bolsa, tênis, roupa e tantos outros artigos pirata (lembrando que pirataria é crime);
  • Viver buscando pdf gratuito de livros (e passar para meio mundo pelo WhatsApp);
  • Comprar curtidas nas redes sociais (recebo praticamente todo dia “ofertas” para que eu “compre curtidas” e tenha “mais fãs” nas minhas redes e “pareça” mais popular… ridículo!)
  • Colar em provas e exames;
  • Inserir informações falsas e mentirosas na declaração de Imposto de Renda;
  • Roubar o wi-fi do vizinho;
  • Imprimir arquivos pessoais na impressora do trabalho;
  • Pedir dinheiro emprestado (e não pagar) ou objetos e não devolver; e,
  • Colocar no currículo atividades que não sabe executar ou habilidades que não possui, como “inglês intermediário”, quando na verdade não passa de básico (isso quando não é totalmente inexistente).
Essas são apenas treze coisas que sabemos que acontecem todos os dias em todos os níveis sociais, culturais e econômicos. A corrupção está aí, solta, livre e, pior: aceita por muita gente.

E se a gente decidir se rebelar e começar a fazer diferente? 

Podemos ganhar um pais novo.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Faculdade Pitágoras promove mesa redonda sobre a corrupção




Como parte da programação da VI Acadêmica de Ciências Contábeis, a Faculdade Pitágoras realiza no dia 11 de novembro uma mesa redonda voltada para a reflexão sobre os malefícios que a corrupção causa à sociedade.

As discussões serão mediadas pelo auditor federal e vencedor do Prêmio Innovare Welliton Resende. A mesa começa às 9h30 no Campus da faculdade no Bairro Turu e a entrada é franca.



sábado, 15 de dezembro de 2018

Para onde vai a nossa riqueza?


Por Welliton Resende
 
Há muito trabalho a ser feito. O nosso combalido e saqueado Maranhão apresenta indicadores sociais dramáticos e é o Estado, segundo o IBGE, com o maior número de pessoas abaixo da linha da pobreza. Os dilemas dessa confluência perversa são os seguintes: somos o 16° PIB e o último em todos os indicadores sociais. Para onde vai a nossa riqueza???

Esses dados chocantes nos ferem a alma, mas temos que ser resignados. A corrupçao nos coloca nesse patamar vergonhoso e precisamos enfrentá-la fortalecendo o controle social dos recursos públicos.


Só auditores sociais formados salvarão o Maranhão.

Por que a corrupção é vista como algo natural na América Latina?


Por Welliton Resende

Para responder à pergunta temos que olhar pelo retrovisor, ou seja, deixar que as "areias do tempo" desnudem a questão.


O passado colonial imperial, a subsequente república dos coronéis e depois os líderes populistas levaram ao desenvolvimento de uma cultura política na sociedade latino-americana em que se observa uma "naturalização" das relações sociais entre os cidadãos e o Estado.


Destarte, há uma relação de dominação expressa em termos de clientelismo e paternalismo que passou a ser a norma geral, vista como natural pela própria população. 

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Um live sobre corrupção e miséria


Um papo sobre os malefícios causados pela corrupção à sociedade brasileira com o auditor federal Welliton Resende (CGU).

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Igreja Católica promove debate sobre corrupção


Cartaz da palestra "Pecadores, sim. corruptos, não"
Com o objetivo de debater os malefícios causados pela corrupção na sociedade, a Paróquia Santa Paulina, que fica localizada no Residencial Pinheiros, em São Luís, promove palestra com o tema "Pecadores, sim. Corruptos, não".

A palestra será realizada na sede da paróquia no dia 29/09/2017, às 20h, e todos estão convidados a participar. "O cristão não pode ficar de fora da discussão dos malefícios que a corrupção causa à vida das pessoas", afirmou o auditor federal Welliton Resende.

Os dados são alarmantes, segundo a organização Transparência Internacional cada brasileiro perde por ano o equivalente a 27% do seu salário para compensar o que é desviado no país.

Mais informações poderão ser obtidas por meio do telefone: (98) 3303-0103

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Corrupção e pobreza: causa e efeito




Arenas da copa do mundo, estádios das olimpíadas, mensalão, superfaturamento, dinheiro na meia ou na cueca. Tudo isso faz o Brasil perder, por ano, entre R$ 41,5 bilhões e R$ 69,1 bilhões, segundo estudo do departamento de competitividade e tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Numa escala de zero a 10 feita pela ONG Transparência Internacional - pela qual quanto menor a pontuação, maior é o índice de corrupção - o país tem 3,7 pontos. Se tivesse a mesma pontuação das nações menos corruptas (7,45), o brasileiro poderia ser 15,5% mais rico.


O levantamento mostra que, hoje, cada brasileiro recebe em média R$ 14,47 mil por ano, e passaria a receber R$ 16,71 mil, ou seja, 4,4 salários mínimos a mais. Se a corrupção não existisse, o aumento da renda per capita (R$ 18.388) seria de 27%, o equivalente a quase oito salários mínimos a mais.

"Se o nível de corrupção no país diminuísse, mais recursos seriam liberados para as atividades produtivas, o que poderia gerar mais empregos, mais infraestrutura e um maior crescimento econômico, o que se traduz em ganhos de competitividade", afirma o diretor do Decomtec, José Ricardo Roriz.

Lutar é preciso!!!



segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O peculato de Adão




Muito se fala sobre corrupção no Brasil, assim como, infelizmente, ainda se pratica muito também. Mas uma reflexão interessante teima em poluir a minha mente. Como teria começado este "fenômeno" que mitiga as perspectivas de futuro e o tempo de vida das pessoas.

Agora uma interrogação. Por que diminui a perspectiva de futuro das pessoas? Vejam só, caros leitores, imaginem os recursos desviados na área da Educação. Sem uma remuneração digna os professores não terão condições de preparar da melhor maneira as suas aulas. Além disso, experimente aprender alguma coisa com a barriga vazia. É exatamente o que ocorre quando os recursos da alimentação escolar são desviados para o pagamento dos financiadores de campanhas eleitorais, os famigerados agiotas.

Sob a outra perspectiva, vejamos uma pessoa com uma enfermidade leve indo até um posto de saúde e não conseguindo receber um atendimento adequado. Resultado, esta moléstia pode vir a evoluir e transformar-se em um quadro letal. Por isso, temos que bater na tecla incessantemente da prevenção e do combate à corrupção.

Mas, voltando ao tema do artigo, de minhas memórias das aulas de catequese recordei-me que o personagem bíblico Adão caiu em desgraça com Deus porque comeu do fruto proibido de uma árvore. Aqui,  nem me atrevo a culpar apenas a Eva pelo desgraçado infortúnio do gestor do patrimônio divino.

Ao descumprir às ordens do criador, Adão apoderou-se de um bem do qual não era de sua propriedade, mas apenas estava sob a sua guarda. No direito penal este crime é conhecido como peculato. Que é o ato de "apropriar ou desviar" valores, bens móveis, de que o funcionário tem posse justamente em razão do cargo/função que exerce. Tendo em vista que Adão era um "funcionário" de Deus e, digamos, uma espécie de "vigia" do paraíso, poderíamos enquadrá-lo nesta tipificação penal.

Está aí, caros leitores, o primeiro caso de corrupção da HISTÓRIA humana. E descrito exatamente no livro que foi concebido pela inspiração do próprio Deus. De minha parte, nem ouso duvidar


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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Balanço da CGU revela desvios de R$ 2 bilhões da merenda escolar



Fonte: UOL
Balanço divulgado hoje (27) pela Controladoria-Geral da União (CGU) mostra que, desde 2003, foram desviados R$ 2 bilhões destinados à merenda e ao transporte escolar em diversos municípios no país. Os recursos foram desviados de programas federais que recebem repasses da União.

Os ministérios da Justiça, da Educação e a CGU assinaram uma portaria conjunta estabelecendo medidas para combater as irregularidades e atuar na fiscalização desses recursos.

Ao todo, 2,7 mil municípios foram fiscalizados durante esse período. Em 199 deles foram constatadas irregularidades. Em operações conjuntas feitas pela CGU e Polícia Federal, foram presas 350 pessoas. A GCU citou, como exemplo, cinco municípios que, juntos, tiveram um prejuízo estimado em R$ 380 milhões, no período: Sermão aos Peixes (MA), onde foi constatado o desvio de R$ 114 milhões; Infecto (BA), de R$ 90 milhões; Fidúcia (PR), de 70 milhões; Cauxi (AM), de R$ 56 milhões; e, Carona (PE), R$ 50 milhões.

"A corrupção retira recursos públicos que servem para atender as demandas da sociedade. É indiscutivelmente mais grave e doloso quando se vê desvio de verbas na educação e, ainda mais, em áreas como merenda e transporte. Estão minando a possibilidade que o jovem ou a criança venham a ter um futuro melhor", disse o ministro interino da CGU, Carlos Higino Ribeiro de Alencar.

A CGU constatou, nesses municípios, a relação entre a má gestão e o desempenho dos alunos. A média dos Índices de Desempenho da Educação Básica (Ideb) onde há corrupção é menor que a média nacional. A média nacional é 5,2, enquanto nos locais onde foi constatada fraude nos programas é 3,55.

Alencar disse que, em muitas das cidades visitadas, foi constatada ainda má gestão, o que não necessariamente configura crime. Ele citou, como exemplo, o mau condicionamento dos alimentos que seriam servidos às crianças e a falta de zelo dos gestores com os programas.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que os desvios foram feitos de recursos enviados diretamente a estados e municípios por meio de ações como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate). Pelo primeiro, o Ministério da Educação (MEC) transfere uma complementação de R$ 0,30 a R$ 1,20 por aluno e, pelo segundo, além de comprar ônibus e outros meios de transporte, o MEC transfere recursos para custeio.

Em 2016, a pasta vai investir R$ 3,6 bilhões em alimentação e R$ 600 milhões em custeio do transporte, que inclui tanto verbas para gasolina, quanto para aluguel de veículos, em algumas localidades.

Medidas de combate à corrupção

Para combater os desvios, MJ, MEC, CGU, PF atuarão juntos. A portaria assinada hoje tem o objetivo de aumentar tanto o rigor em relação aos repasses para alimentação, transporte e  fiscalização nos municípios.

"Estamos criando uma força-tarefa. Vamos aumentar o patamar das nossas ações e ampliar a investigação. Nossas áreas de inteligência darão mais atenção a isso", ressaltou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O ministro interino da CGU destacou que as operações serão ampliadas. O MEC também vai ampliar o controle e monitoramento da gestão desses recursos.

Leia também: Maranhão: falta merenda escolar, sobra corrupção

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Sem transparência, sobra corrupção

Por Welliton Resende


Não se enganem, caros leitores, onde impera a falta de transparência a corrupção abunda. Afinal de contas, quem é que deseja abrir as contas da prefeitura quando se está metendo a mão no dinheiro público?

Para falar a verdade, um gestor corrupto quer andar a léguas de distância da transparência pública, porque suas mazelas administrativas podem vir à tona facilmente.

O desejo febril pela obscuridade na gestão do patrimônio público, por parte de alguns prefeitos/prefeitas,  não os faz cumprir regras básicas estatuídas na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Completar nº 101/2000).

Onde estão os portais da transparência municipais que deveriam ser obrigatórios?

Onde estão garantidos o acesso à informação aos cidadãos previsto na Lei 12.527?

Enfim, a resposta a perguntas como estas pode significar se na sua cidade os ratos estão tomando conta dos cofres da prefeitura ou não.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O efeito contrário da reeleição no Maranhão

Os casos de reeleição na maioria dos municípios do MA têm sido um verdadeiro desastre para boa parte da população. Muitos dos prefeitos, quando trabalham, fazem alguma coisa somente no primeiro mandato. No segundo, por seu turno, transformam as nossas já dilapidadas cidades em verdadeiras terras arrasadas onde predominam a corrupção, o clientelismo e o nepotismo. Por isso, temos 66 das 100 cidades mais pobres do Brasil.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Corrupção se combate todo o dia



Jornal Valor Econômico

No dia 21 de agosto, em Brasília, o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etc) fez um evento de comemoração de seus dez anos de existência, no qual o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, falou sobre a atuação do órgão e a legislação aprovada no Brasil, que permite um combate mais efetivo à corrupção. O que as informações da CGU mostram é que muita coisa vem sendo feita para coibir o mau uso do dinheiro público e que essas coisas não são devidamente divulgadas e tratadas pela imprensa.

Pelo contrário, há inúmeros programas de televisão, inclusive com grande audiência, que fazem questão de enfatizar casos de corrupção e fraude, preferencialmente aqueles cujo impacto simbólico é grande, sem jamais mostrar quanto as instituições no Brasil vêm avançando para coibir tais males. Nenhum programa de grande audiência disse, por exemplo, que 274 prefeitos eleitos em 2008 tinham sido cassados até 2011. Não saberia dizer se 274 prefeitos cassados em um total de 5.563 eleitos é muito ou pouco. O que é possível afirmar é que todos os prefeitos não cassados acabam por saber que um colega seu perdeu o mandato por causa de algum ilícito. Somente isso já ajuda no combate à corrupção. Aqueles que sobreviveram às punições passam a saber que poderá chegar sua vez. Assim, aprendem que é preciso, para sobreviver, ser menos corrupto e mais discreto quando se tratar de ilícitos. Resultado: a corrupção tende a diminuir.

Isso, todavia, não atrai audiência. O que dá audiência é mostrar uma fraude baseada em meia dúzia de cesárias alegadamente feitas em homens. A população que vê isso fica com a impressão que nada é feito no Brasil para combater fraudes com o dinheiro público. Pior ainda, passa-se a impressão de que estamos no país mais corrupto do mundo e que nada do que acontece aqui existe em outros lugares. Para continuar avançando, é preciso criticar, mas é necessário também reconhecer os avanços, em particular aqueles que não dependem deste ou daquele governo, mas, sim, que são resultado da pressão de uma sociedade que gradativamente aumenta seu nível escolar e, por isso, pressiona mais os políticos para que se comportem de forma honesta.

Segundo dados do Portal da Transparência do Governo Federal, foram aplicadas, até o final de agosto, nada menos do que 5.278 penalidades a 3.755 empresas. As pessoas também não escaparam de punições: 3.040 foram punidas e 3.892 penalidades aplicadas. O Portal da Transparência apresenta dados detalhados: o nome da empresa e seu CNPJ, o tipo de punição, que órgão aplicou a punição e em qual unidade da federação. Aqueles que realmente estão comprometidos com o combate à corrupção devem divulgar essas informações, e não apenas o que ainda resta ser feito.

Dados da CGU mostram que, entre 2003 e meados de 2013, um total de 3.670 funcionários públicos foram demitidos, 293 foram cassados, 367 foram destituídos e 91 afastados da função pública. O total é de 4.421 punições, que foram muito além de simples advertência. Novamente, para muitos, a pergunta é se esse número é muito ou pouco. É difícil dizer, mas é correto afirmar que no serviço público a demissão, suspensão ou cassação de funcionários é uma informação que se espalha bastante e acaba servindo de alerta para aqueles que querem preservar seu emprego. Tais punições ajudam no combate consistente e contínuo às fraudes e à corrupção.

Depois dos protestos de junho, não foram poucas as pessoas que afirmaram ter passado a orgulhar-se do Brasil, passaram a gostar de ser brasileiras. Obviamente, o caráter simbólico dos protestos é fundamental para motivar essa transformação súbita. É difícil imaginar que alguém passe a ter orgulho do Brasil por que a CGU está punindo funcionários públicos, por que prefeitos são cassados pelos Tribunais Regionais Eleitorais ou por que políticos são declarados inelegíveis por causa de uma condenação no âmbito dos Tribunais de Contas dos Estados. O povo nas ruas, sua alegria e carisma, causam mais comoção e mexem mais com a emoção do que tribunais frios e distantes, cujo papel é punir efetivamente toda sorte de ilícitos. Contudo, no que tange aos resultados concretos do combate à corrupção, esses tribunais deixarão um legado muito mais relevante do que o povo nas ruas. Deveriam, então, ser muito mais motivo de orgulho, orgulho de ser brasileiro, do que as manifestações.

As instituições brasileiras vêm constantemente se tornando mais preparadas para combater fraudes e ilícitos. Isto só se tornou viável por que várias leis foram aprovadas nos últimos anos - leis que atendem a demandas da sociedade e que, justamente por isso, tiveram apoio de todas as forças políticas à esquerda e à direita, no governo e na oposição. Em 2000, foi aprovada a Lei de Responsabilidade Fiscal, que se tornou para os tribunais um poderoso instrumento de punição dos administradores públicos irresponsáveis. Em 2003, foi criada a CGU e em 2004, o Portal da Transparência. Em 2005, foi regulamentado o pregão eletrônico e em 2008 foi estabelecido o cadastro de empresas inidôneas (CEIS). Várias outras leis foram aprovadas desde então, com destaque para a Lei de Acesso à Informação de 2012.

Os manifestantes que foram às ruas em junho não fazem a mínima ideia de que vários marcos legais vêm sendo aprovados, ano após ano, que permitem estreitar a margem de manobra de políticos e administradores corruptos. Tampouco sabem que, em agosto, foi aprovada a lei 12.846, que permite a responsabilização de pessoas jurídicas por atos contra a administração pública. Foi mais um passo na direção correta. Não é papel dos manifestantes ter esse tipo de informação. O papel deles é fingir que não avançamos em nada e protestar, para que tudo avance de uma só vez. O mundo real é bem mais complexo do que isso. É cheio de tecnicalidades, detalhes e nuances, e cabe aos formadores de opinião chamar atenção para quanto já avançamos, como sociedade, no combate à corrupção.

A percepção nem sempre está de acordo com a realidade. Um dos principais exemplos desse fato está no livro "Freakonomics", que mostra a grande preocupação existente em relação à necessidade de colocar nos carros cadeirinhas de segurança para crianças pequenas. Cientistas comprovaram que as cadeirinhas reduzem de maneira irrelevante a taxa de mortalidade em casos de acidentes, em geral, por causa da gravidade dos acidentes fatais. Então, a criança que morreria em um acidente estando fora da cadeirinha também morreria se estivesse na cadeirinha. Com base na percepção equivocada de que isso não acontece dessa maneira, são feitas campanhas e aprovadas leis de uso obrigatório da cadeirinha, quando o que seria mais efetivo para a redução da morte de crianças pequenas seria uma lei que obrigasse ao uso de cerca de proteção em piscinas.

De fato, muitos leitores deste artigo conhece alguém que perdeu uma criança afogada em uma piscina de algum parente ou amigo. Nesse caso, a percepção da gravidade de um acidente não guarda relação com a realidade. Na verdade, as piscinas são mais ameaçadoras do que os carros, e as cercas seriam mais úteis do que as cadeirinhas. Não há o que fazer para corrigir isso, o mundo é assim. Muitas de nossas decisões são baseadas mais na percepção do que na realidade, e muitas vezes as duas estão em conflito.

A percepção é de que a corrupção só vem aumentando no Brasil, mas não temos certeza de que a realidade seja essa. A percepção é de que nada é feito para combater fraudes e ilícitos na administração pública, mas a realidade nega isso: nossas instituições jurídicas têm atuado fortemente no combate àqueles delitos, com resultados claros e efetivos. O Brasil nunca dependeu do voto deste ou daquele ministro do Supremo Tribunal Federal para combater mais ou menos a corrupção. Quem pensa assim acredita em mágica. O que tem sido efetivo no combate à corrupção são as inúmeras ações de procuradores e juízes anônimos espalhados por todo o Brasil.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo, é diretor do Instituto Análise e autor de "A Cabeça do Brasileiro". alberto.almeida@institutoanalise.com

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Um cruzado contra a corrupção

Por Welliton Resende*

A princípio o tema do ensaio pode dar ao entender que alguém se propõe a dar um cruzado (moeda antiga que vigorou no país durante o governo do presidente Sarney) para banir a corrupção reinante em nosso país. Ou então, um soco, utilizando-se do jargão do boxe.

No entanto, a terminologia cruzado refere-se à época medieval das cruzadas. Período em que os povos da Europa realizavam incursões com o objetivo de dominar e subjugar as populações do oriente. Esta, portanto, a utilização contextualizada deste vocábulo, ou seja, um cruzado era aquele indivíduo dotado de paixão, de amor e de lealdade à causa. Um verdadeiro militante.

O termo cruzado foi utilizado pelo antropólogo Darcy Ribeiro que se intitulava um cruzado na luta contra as desigualdades reinantes em nosso querido e amado Brasil.

Desse modo, utilizando-nos da contribuição de Darcy, sejamos todos uns verdadeiros cruzados contra a praga do século que se chama corrupção. Não há que haver tréguas no combate a este mal, que tanto aflige às nossas populações. E no Maranhão tanto acarreta que ostentamos o 2º pior IDH (índice de desenvolvimento humano) e a menor renda per capita dentre todos os estados da federação.

Por causa do desvio de recursos, o que acarreta na falta de perspectiva da maioria da nossa população economicamente ativa (PEA), nos tornamos o maior exportador de mão-de-obra escravizada e ultrajada nos rincões deste País.

O chamamento para o despertar da cidadania conclama a todos: homens, mulheres, jovens, idosos; enfim, a qualquer um que almeje viver em uma terra onde a expressão cidadania possa ser ouvida, entendida e vivenciada em toda a sua plenitude.

Portanto, sejamos todos cruzados contra a corrupção.


*Resende é auditor e coordenador do Núcleo de Prevenção à Corrupção da CGU-MA
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Welliton Resende

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Petição para incluir corrupção como crime hediondo

Corrupção como crime hediondo, assine a petição e ajude a limpar o Brasil

 

 O auditor da CGU de Santa Catarina, Rodrigo Bona, criou uma petição on-line para enviar ao Senado  pedindo a inclusão, na reforma do Código Penal, do Projeto de Lei que enquadra como crime hediondo os casos de corrupção nas áreas de Saúde e Educação. O que isto significa? os políticos permanecerão muito mais tempo presos. Segue o link.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Conheça o "kit prefeito" no Maranhão

Kit prefeito



Ontem, em minha palestra no evento do Ministério Público, apresentei aos presentes o "kit prefeito". Traduzindo, todo prefeito(a) tem que ter necessariamente três coisas: um super carrão, um luxuoso apartamento e todos os filhos estudando Medicina em universidade particular. Eles fazem verdadeira mágica com seus salários que variam de R$ 8 a R$ 15 mil. (Postado no face por Welliton Resende).

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Auditoria aponta desvio de verbas secretas da ABIN

Relatório da Presidência diz que funcionário do alto escalão da agência contratou empresa de sua família e usou notas fiscais frias



O Estado de São Paulo

Relatório secreto da Presidência da República acusa- um alto funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de usar, com autorização da cúpula do órgão, verba sigilosa para contratar a empresa de sua própria mulher. A auditoria diz que a empresa e as notas fiscais apresentadas para comprovar os serviços seriam "fictícias".

Segundo o documento, a que o Estado teve acesso, a empresa - apesar de ter sido usada para aluguel de carros, emissão de passagens e deslocamentos de agentes - é na verdade uma lojinha de souvenirs em Brasília.

De 2006 a 2011, a Razen Turismo e Locadora de Veículos Ltda., registrada em nome Iolanda Ferreira Guimarães e Johnatan Razen Ferreira Guimarães, esposa e filho de José Ribamar Reis Guimarães, então coordenador-geral de Operações de Contrainteligência da Abin, recebeu R$ 134.577 dos cofres públicos sem que tenha comprovado despesas. Os pagamentos foram feitos com por meio dos cartões corporativos sigilosos da agência. Somente no governo Dilma Rousseff, as verbas secretas da Abin chegaram a R$ 24,4 milhões. O relatório diz ainda que a prática foi adotada nos jogos Pan-Americanos de 2007 e cobra novas investigações.

Segundo a Abin, a contratação da empresa estava prevista no Plano de Operações 01/2006, que tinha como objetivo a Operação Milhagem, montada para "acompanhar e eventualmente neutralizar a ação de estrangeiros suspeitos de prática de ações adversas à segurança da sociedade e do Estado, inclusive espionagem". A operação previa ações em Brasília e São Luís (MA), incluindo o disfarce dos agentes que se passariam por operadores de viagens e guias turísticos.

Contudo, os investigadores da Presidência rastrearam as notas fiscais emitidas por Ribamar e descobriram que a Abin aceitava como comprovantes notas da Razen sem que fossem comprovadas as despesas.

"As notas e recibos da Razen, assim como a própria empresa, são, em princípio, fictícias e portanto não espelham os serviços e bens adquiridos, nem identificam as empresas que prestaram e/ou o forneceram (os serviços) ". "Em cinco dos seis anos analisados (2006-2010), verificamos que o servidor José Ribamar Reis Guimarães foi responsável direto por gastos com a empresa Razen, no valor de R$ 18,5 mil, representativo de 13,79% do total despendido com a empresa, porquanto tenha sido ele o detentor do suprimento de fundos", afirma o documento.

Plano. A Abin afirmou que a direção da agência tinha ciência da utilização da razão social da Razen Turismo para intermediar a contratação de serviços no âmbito de operação de contrainteligência, com a utilização de "recursos despendidos por suprimentos de fundos (gastos sigilosos)". O uso da Razen, uma pequena loja na Asa Sul, na galeria Cine São Francisco, segundo a agência, estava previsto no Plano de Operações 01, de abril de 2006, proposto pela Coordenação de Contrainteligência e autorizado pelo então diretor-geral do órgão, Márcio Paulo Buzanelli.

A Secretaria de Controle Interno da Presidência, responsável pelo relatório, reafirma as irregularidades e sustenta que as despesas sigilosas já dispensam procedimentos exigidos por lei. "Mostra-se desnecessária a constituição de empresa de fachada para a execução dessas despesas. Agrava a situação, ainda, o fato de esta empresa constituir-se de familiares exatamente do servidor responsável pela guarda e controle das operações e da verba sigilosa."

Por telefone, Ribamar informou que seguiu o manual de contratação da Abin e que o assunto está sendo tratado no âmbito da direção-geral da agência. "É fantasioso", disse sobre o relatório.

O Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin é vinculada, informou que o procedimento administrativo disciplinar encontra-se em vias de instalação para apuração dos fatos. Segundo o GSI, o servidor continua exercendo suas atividades e não figura como acusado, pois os fatos ainda serão apurados.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Quando roubar o dinheiro público é a regra

A Redação

Neste início de gestão, infelizmente,  boa parte dos municípios maranhenses vive um verdadeiro "marasmo". Muitos prefeitos e prefeitas estão se utilizando dos cofres públicos para o pagamento dos tais "compromissos de campanha"; que nada mais é que o pagamento dos financiadores das campanhas eleitorais.

Os famigerados agiotas não tem pena de ninguém. Não dão a mínima em abocanhar os recursos públicos destinados à aquisição da alimentação escolar para as crianças, à compra de alimentos para os postos de saúde, dentre outras receitas.

Já virou prática corriqueira a justificativa de "arrumar a casa". Em verdade, a casa a ser arrumada é a do gestor e a dos financiadores de campanha.

Quem é o culpado? primeiramente o povo que adora votar em quem apresenta poderio econômico pujante. Em segundo, a própria Justiça Eleitoral que se omite e não estanca esta praga do financiamento ilícito de campanha.

Um vergonha que teima em assolar o Maranhão. Até quando?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Povo quer penas mais severas aos crimes de corrupção



Editorial 

Vem de longe o desejo que a sociedade brasileira acalenta de tipificar os crimes de corrupção como crimes hediondos, ou seja, aqueles em que a Justiça não permite fianças e a pena é cumprida integralmente em regime fechado.

No entanto, a nossa classe política jamais se interessou pelo assunto. Contudo, a população brasileira pode se expressar por meio da Consocial e aprovou em seu relatório final a aplicação de penas mais severas aos crimes de corrupção. Registre-se, uma das propostas mais votadas em todos os estados e uma das mais priorizadas na etapa nacional.

Assim como a Lei da Ficha Limpa, que deu um novo rumo ao processo eleitoral no Brasil, a severidade de penas a quem pratica corrupção também deve ser um divisor de águas. Desta vez, nos desprenderemos de uma fase da História conhecida como República Velha (1889 a 1930).