Por Welliton Resende
Gramsci constrói seu conceito de Estado Integral ao ampliar a tradicional definição de Estado ligada ao governo, inserindo a esfera da sociedade civil como pertencente ao Estado (BIANCHI, 2008, p. 176).
Nesta concepção de Estado, Gramsci observa que não é apenas a coerção que faz esse novo modo de produção se desenvolver, mas é também o consenso na sociedade civil. Por isso, ele apresenta sua concepção: “Estado = sociedade política + sociedade civil, ou seja, hegemonia encouraçada de coerção ou Estado.
Ao analisar os dois termos chaves: sociedade política e sociedade civil fica claro em Gramsci que o conceito de sociedade política trata-se do Estado no sentido restrito, ou seja, o aparelho governamental encarregado da administração direta e do exercício legal da coerção sobre aqueles que não consentem nem ativa nem passivamente. Ao afirmar sociedade política também como “Estado político” ou “Estado-governo” Gramsci não perde de vista a dimensão coercitiva da política mas não reduz a política à ela (Bianchi, 2008).
O Estado, no Oriente, permanecia com muitas características feudais,
era despótico e centralizado e a sociedade
civil era frágil e pouco organizada. No Ocidente a democracia permitia a participação
política e formação de sindicatos, a disputa entre partidos políticos, o sufrágio
universal e o direito individual, o que torna o Estado mais complexo e ultrapassa
seu papel coercitivo, “no Oriente, o Estado era tudo e a sociedade civil era primitiva
e gelatinosa; no Ocidente entre Estado e sociedade civil havia uma relação equilibrada[...]
Sendo estas diferenças construções sociohistóricas”(SIMIONATTO,2011,p.46).
A sociedade civil,
para Gramsci,é um
campo de disputa,
uma arena de
lutas. Na sua
perspectiva, no Ocidente, a
disputa pelo poder
deve ser travado
no âmbito da
sociedade civil,
pois é nesse local
que os grupos
buscam influenciar uma
parcela cada vez
maior da sociedade
para tornar hegemônica
sua visão de
mundo. Mas,a classe
dominante se torna
dirigente através da
dominação das duas
esferas onde o poder
reside(Sociedade Política e
Sociedade Civil), à medida
que o poder é exercido
na sociedade em
dupla função: dentro
da Sociedade Política
que é a detentora dos
meios de coerção
(lei e armas) e na
Sociedade Civil o poder é
exercido através da
criação de consenso
dentro do senso
comum da população,
formando assim a hegemonia.
O
exercício do poder
consiste na direção
política do aparato
coercitivo do Estado e
pela direção da
hegemonia dentro
dos aparelho privados da sociedade civil, "O
Estado não é somente a
sociedade política, a
ditadura, mas uma
espécie de Centauro:
tem também o seu
lado “humano”, a
instância da hegemonia
que é a sociedade civil”(Soares,2000,p.99).