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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Redes sociais: aprecie, mas com moderação

 


As redes sociais, e eu não nego a importância delas na atualidade, são um produto da “indústria cultural de massa”.  Mas qual o papel da indústria cultural? Para Adorno e Horkheimer (1985) é a formação de um vasto público consumidor de comportamento passivo e, tanto quanto possível, desprovido de senso crítico.


“O espectador não deve ter necessidade de nenhum pensamento crítico e deve ser levado a cultivar a preguiça e o comodismo para que lhes seja evitada a reflexão” (ADORNO). Esses impactos anestesiadores das redes sociais (imagens de bundas perfeitas, viagens incríveis e festas colossais etc) devem atrofiar a imaginação crítica dos seus usuários. 


“A diversão favorece a resignação”. Lembram-se que quando se passava fome na Roma antiga o imperador Calígula reativou as lutas dos gladiadores para distrair a população? “Divertir-se significa estar de acordo”. Se o prefeito da cidade não coloca medicamentos no hospital, mas faz uma festa de carnaval com bandas caríssimas, a população aceita tranquilamente ele é até reeleito.


Redes sociais: aprecie, mas com reflexão. 



domingo, 29 de março de 2020

O que faz pessoas “perdedoras” ou “vencedoras”?



Por Welliton Resende

Na sociedade moderna os indivíduos acreditam que são sujeitos do próprio destino, mas não o são apenas em um nível muito pequeno. As pessoas acreditam tolamente em uma “igualdade de oportunidades” para quem quer “vencer na vida”.

Em verdade, o caminho dos “vencedores” já está pré-decidido por vantagens acumuladas desde o berço. A ideologia da    “meritocracia” é um completo engano e transforma privilégio social em “talento individual”.

Você, atento leitor(a), crer mesmo que o filho de um carroceiro e o de um médico terão as mesmas oportunidades em um dos países mais desiguais e injustos do planeta (Brasil)?

Na competição desenfreada da sociedade moderna, adquire todo sentido o pensamento de Axel Honneth - filósofo e sociólogo alemão- sobre a importância das relações afetivas e emocionais familiares como pressuposto para o exercício do trabalho pelo indivíduo.

Nesse sentido, como o filho do carroceiro, pegado como exemplo, que nunca viu o pai lendo, apenas fazendo serviços braçais e brincando com os instrumentos desse tipo de trabalho, pode ter sucesso escolar?

Nessa linha de pensamento,  as crianças das classes inferiores já chegam à escola como “perdedoras”, enquanto as crianças da classe média já chegam “vencedoras” pelo exemplo e estímulo paterno e materno efetivamente construído.

Jessé Souza (2015) revela, por meio de pesquisa acadêmica, que nas “classes populares” os exemplos bem-sucedidos na família são muito mais escassos, quando existentes. Quase todos necessitam trabalhar muito cedo e não dispõem de tempo para estudos, o alcoolismo, fruto do desespero com a vida, ou abuso sexual sistemático, são muito relatados.

Assim, a tríade disciplina, autocontrole e pensamento prospectivo (visão de futuro), que são pressupostos básicos de qualquer aprendizado na escola ou no mercado competitivo, é parcial e incompleto, ou até inexistente, nas classes populares.

Portanto, o domínio permanente de classes sobre outras exige que as classes dominadas se vejam como “inferiores”, preguiçosas, burras, menos capazes, menos éticas...

Por fim, se o dominado socialmente não se convencer da sua inferioridade, não existe dominação social possível. RESISTÊNCIA!!!


29/03/2020