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domingo, 7 de julho de 2024
Economia para concursos: O modelo IS-LM
O modelo IS-LM é uma interpretação da teoria keynesiana, desenvolvida por John Hicks e Alvin Hansen. Ele busca representar as principais ideias de John Maynard Keynes sobre o funcionamento da economia.
Esse modelo se baseia em 2 curvas: IS e LM.
A Curva IS. IS quer dizer “Investment-Saving”, que em bom português significa Investimento-Poupança.
Essa curva IS aí mostra todas as combinações possíveis de TAXA DE JUROS e nível de RENDA que deixam o mercado de bens e serviços em equilíbrio. Ou seja, é onde o investimento e a poupança se encontram e ficam em harmonia.
Nessa curva, um aumento da taxa de juros leva a uma diminuição do investimento e, consequentemente, do nível de renda. A taxa de juros e o produto são inversamente proporcionais - ou seja, quanto maior um deles for, menor o outro será. Uma política fiscal expansionista desloca a curva IS para cima, levando a um aumento da taxa de juros e do nível de renda. No entanto, o aumento da taxa de juros pode parcialmente neutralizar o efeito multiplicador da política fiscal. Portanto, quanto maior a taxa de juro (i) da economia, menor o produto ou renda obtida. (Y)
Curva LM
A Curva LM. O LM vem de “Liquidity-Money”, que traduzindo fica Liquidez-Moeda. A curva LM mostra as combinações de taxa de juros e nível de renda que fazem o mercado monetário ficar em equilíbrio. É quando a demanda por moeda (a tal da liquidez) e a oferta de moeda se acertam. Um aumento da taxa de juros leva a um aumento da demanda por moeda e, consequentemente, a uma diminuição do nível de renda. Um aumento da oferta de moeda desloca a curva LM para baixo, levando a uma diminuição da taxa de juros e um aumento do nível de renda.
Então, juntando as duas curvas, o modelo IS-LM mostra como esses dois mercados (o de bens e serviços e o monetário) se relacionam e determinam o equilíbrio geral da economia no curto prazo. O ponto de intersecção entre as curvas IS e LM representa o ponto de equilíbrio no modelo IS-LM. Nesse ponto, tanto o mercado de bens e serviços quanto o mercado monetário estão em equilíbrio.
E sabe onde está o ponto de equilíbrio geral? Bem no cruzamento das curvas IS e LM!
Ah, e esse modelo é muito útil para analisar como mudanças na política fiscal (que mexem com a curva IS) e na política monetária (que influenciam a curva LM) afetam o equilíbrio da economia como um todo.
A elevação da taxa de juros pelo CAMPOS NETO desloca a curva LM para cima, levando a um aumento da taxa de juros e uma diminuição do nível de renda. Essa contração pode ajudar a conter a inflação, mas também pode levar a um aumento do desemprego.
Vamos entender melhor essa relação:
Keynes defendia que a economia pode encontrar equilíbrio com desemprego involuntário, ou seja, que o mercado não se autorregula para garantir o pleno emprego.
Palavras-chave do keynesianismo: demanda agregada. O Keynes argumentava que a demanda agregada (consumo, investimento, gastos do governo e exportações líquidas) é o principal determinante do nível de atividade econômica e emprego.
No modelo IS-LM, a curva IS representa o equilíbrio no mercado de bens e serviços, que é influenciado pelos componentes da demanda agregada do Keynes!
Já a curva LM representa o equilíbrio no mercado monetário, que é afetado pela preferência pela liquidez (demanda por moeda) e pela oferta de moeda.
GENIAL: Keynes enfatizava o papel da política fiscal (gastos do governo e tributação) para estimular a demanda agregada e, assim, aumentar o nível de atividade econômica e emprego.
No modelo IS-LM, mudanças nos gastos do governo ou nos impostos deslocam a curva IS, afetando o equilíbrio da economia.
Além disso, Keynes também destacava a importância da política monetária (controle da oferta de moeda e taxa de juros) para influenciar o investimento e, consequentemente, a demanda agregada. No modelo IS-LM, mudanças na oferta de moeda deslocam a curva LM, impactando o equilíbrio econômico.
Portanto, o modelo IS-LM é uma forma de representar graficamente as ideias centrais da teoria keynesiana, mostrando como as políticas fiscal e monetária podem ser usadas para afetar a demanda agregada e, assim, o nível de atividade econômica e emprego.
Se você quiser mais dicas matadoras para turbinar seus estudos e garantir a aprovação, não deixe de conferir o conteúdo exclusivo do prof. Welliton Resende. Tô aqui na torcida por você nessa jornada!
quarta-feira, 3 de julho de 2024
Economia para concursos: Teoria da firma
A Teoria da Firma, proposta por Ronald Coase, explica a existência das empresas como forma de reduzir custos de transação no mercado. As empresas atuam como organizadoras da produção, tornando-a mais eficiente e lucrativa.
Os custos são auqeles incorridos para realizar trocas no mercado, como busca de informações, negociação e assinatura de contratos.
Desse modo, a empresa surge como uma forma de internalizar essas transações, diminuindo custos e aumentando a eficiência.
E quais são as vantagens das Empresas?
a)Redução de Custos: A organização interna da produção e contratos de longo prazo diminuem custos de transação.
b)Maior Eficiência: Equipes especializadas e organização da produção otimizam o processo produtivo.
c)Estabilidade: Contratos de longo prazo garantem fornecimento de insumos e mão de obra, reduzindo incertezas.
Portanto, o mercado, apesar de maior flexibilidade, apresenta custos de transação mais altos e incertezas na obtenção de recursos.E as empresas, por sua vez, apresentam custos de transação menores, maior eficiência e estabilidade, mas menos flexibilidade.
A Teoria da Firma demonstra que as empresas são resultado da busca por eficiência e redução de custos na produção. Ao internalizar transações e organizar a produção, as empresas garantem maior competitividade e lucratividade.
IMPLICAÇÕES DA TEORIA DA FIRMA:
(1)No mercado competitivo, as empresas enfrentam um preço determinado pelo mercado, ou seja, não têm poder para influenciar o preço de venda de seus produtos. Se o preço de mercado for inferior ao custo total médio da empresa, ela estará incorrendo em perdas a cada unidade vendida. No longo prazo, empresas que operam com perdas não são sustentáveis e tendem a sair do mercado em busca de oportunidades mais lucrativas.
(2)A entrada e saída de empresas em mercados competitivos são mecanismos que garantem a eficiência e a competitividade do mercado. No longo prazo, quando o preço de mercado está acima do custo médio total de todas as empresas no mercado, incentivos surgem para a entrada de novas empresas, o que aumenta a oferta e leva o preço a cair até o nível do custo médio total. Por outro lado, se o preço de mercado estiver abaixo do custo médio total, empresas existentes tendem a sair do mercado, reduzindo a oferta e elevando o preço até o nível do custo médio total. Esse processo de entrada e saída de empresas garante que, no longo prazo, o lucro econômico das empresas em mercados competitivos seja zero, pois o preço de mercado se ajusta ao nível mínimo em que as empresas conseguem cobrir seus custos totais.
domingo, 30 de junho de 2024
Economia para concursos: Conceitos básicos de microeconomia
O mercado é composto por consumidores e produtores. Por isso, começa-se pelo estudo de dois conceitos fundamentais em economia: demanda e oferta. Quando nos referirmos à demanda, retrataremos o comportamento do consumidor. Da mesma forma, a oferta reflete o comportamento do produtor.
1)DEMANDA: A demanda é definida como a quantidade de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir a um certo preço.A
demanda reflete uma intenção, um desejo, a disposição de comprar, e não a aquisição efetiva do bem, ou seja, demandar não é sinônimo de comprar. Portanto, demanda é o desejo de comprar e a quantidade demanda é o que efetivamente o consumidor pode comprar vendo a sua carteira.
A Lei Geral da Demanda: Qualquer elevação de preço de um bem, o consumidor tende a consumir menos, e vice-versa. Efeito substituição: os consumidores comprarão mais do bem que teve seu preço reduzido e menos do bem que se tornou relativamente mais caro. Efeito renda: a mudança no consumo de um bem resultante de um aumento do poder de compra, com os preços relativos mantidos constantes.
Em regra, a quantidade demandada é determinada pelo preço do próprio bem. Contudo, existem outros fatores, denominados extrapreço: Preço de outros bens, Renda e Gostos e preferências.
ATENÇÃO: O bem de Giffen foge desta regra porque o aumento de preço provoca aumento da quantidade demandada.
2)OFERTA: as quantidades de um determinado bem ou serviço que os produtores desejam oferecer no mercado a determinados preços em um dado período. À medida que o preço de um bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem também tende a aumentar. Assim, a curva de oferta tem inclinação positiva, o que significa que, para cada aumento no preço, as empresas estão dispostas a oferecer mais do bem.
3)EQUILÍBRIO DE MERCADO: Quando a lei da oferta interage com a lei da demanda para determinar o ponto de equilíbrio de mercado. Contudo, quando as forças não estão em equilíbrio, as principais manifestações são o excesso ou a escassez de produtos no mercado. Um mercado em desequilíbrio é aquele no qual as quantidades ofertadas e as demandadas são divergentes.
4)ELASTICIDADES: A elasticidade-preço da demanda é uma medida do grau de sensibilidade dos consumidores diante das variações de preço de um determinado produto. Elasticidade-renda indica o quanto a quantidade demandada de um bem muda em resposta a uma mudança na renda.
5)ESTRUTURA DE MERCADO: As principais estruturas de mercado são: Concorrência perfeita, Concorrência monopolística (um mercado mais próximo da realidade, onde diversas empresas competem entre si, mas os produtos não são totalmente homogêneos), Oligopólio ( mercado dominado por poucas empresas) e Monopólio.
6)FALHAS DE MERCADO: As principais falhas de mercado são:
• Mercados imperfeitos (são aqueles que não atendem às condições ideais da concorrência perfeita, como grande número de empresas, produtos homogêneos, livre entrada e saída de empresas e informação perfeita. Essa imperfeição abre caminho para diversas falhas de mercado).
• Externalidades (ocorrem quando as ações de um agente econômico geram efeitos colaterais positivos ou negativos para outros agentes, sem que haja uma contrapartida financeira).
• Bens públicos (são aqueles que possuem não rivalidade no consumo (uma pessoa consumir não impede outra de consumir) e não exclusão (é impossível impedir alguém de usufruir do bem).
• Assimetria de informações (quando um agente possui mais informações do que outro em uma transação, gerando desequilíbrio de poder e potencial para oportunismo) gera SELEÇÃO ADVERSA e Risco Moral.
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quinta-feira, 27 de junho de 2024
Resumão “amostradinho” de Economia para concursos: Necessidade de Financiamento do Setor Público (NSFB)
A NFSP é a quantidade de recursos que o governo vai precisar tomar emprestado para honrar seus gastos. Portanto, NFSP é a diferença entre as receitas e as despesas do setor público.
Assim, um resultado positivo (superávit) indica que o setor público gerou recursos, enquanto um resultado negativo (déficit) indica que o governo vai ter NFSP.
Didaticamente são utilizados 2 tipos de resultados: Primário e Nominal (+ juros e correção). Em linhas gerais, o RN vai ser a soma do RP com os com juros e correções.
O RP é um indicador que representa a capacidade de pagamento da dívida pública. Portanto, quanto maior for o RN menor será a NFSP. Se o RN for superavitário, não haverá a NFSB e isso diminui a dívida pública.
Portanto, o NFSP é uma medida de fluxo, também conhecido como resultado fiscal deficitário do Governo e representa o montante de recursos que o Setor Público não-financeiro necessita captar junto ao setor financeiro interno e/ou externo, além de suas receitas fiscais, para fazer frente aos seus gastos.
No Brasil, as NFSP são apuradas pelo REGIME DE CAIXA, à exceção dos resultados de juros, que são apurados pelo REGIME DE COMPETÊNCIA. Isso significa que as despesas públicas (exceto os juros) são consideradas como déficit no momento em que são pagas (REGIME DE CAIXA), e não quando são geradas (REGIME DE COMPETÊNCIA).
Assim, o mesmo vale para as receitas, que são computadas no momento em que entram no caixa do governo (REGIME DE CAIXA), e não no momento em que ocorre o fato gerador (REGIME DE COMPETÊNCIA).
A NFSP pode ser subdividida em categorias: nominal, operacional e primária.
(1) déficit primário ou fiscal (Necessidade de Financiamento do Setor Público – conceito primário) é medido pelo déficit total (NOMINAL), MENOS a correção monetária e cambial da dívida e os pagamentos de juros de dívidas contraídas anteriormente.
RESULTADO PRIMÁRIO (NFSP): RECEITAS < DESPESAS.
Simplificando, a NFSP-Primário é a diferença entre os gastos públicos e a arrecadação tributária no exercício, menos os juros e correções da dívida passada.
Pode ser representado matematicamente como: déficit primário = déficit nominal – pagamento de juros nominais.
(2)déficit nominal ou total (Necessidade de Financiamento do Setor Público – conceito nominal) engloba qualquer necessidade de novos financiamentos para fazer frente a qualquer despesa. Pode-se então concluir que o déficit nominal significa: gastos totais menos receitas totais.
Déficit nominal = déficit primário + pagamento de juros nominais.
(2) déficit operacional (Necessidade de Financiamento do Setor Público – conceito operacional) é medido pelo déficit primário acrescido dos pagamentos de juros da dívida passada. Portanto, é o déficit nominal, excluindo a correção monetária e cambial.
Assim, as cláusulas de correção monetária (devido à inflação) fazem com que qualquer aumento da inflação eleve as NFSP, sem que isso signifique maiores gastos. Nos períodos de inflação elevada, era o conceito para se medir o déficit público.
Pode-se, então, concluir que o déficit operacional significa: déficit operacional = déficit primário + pagamentos de juros reais.
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segunda-feira, 24 de junho de 2024
CONCURSEIROS: Resumo de Economia para Concursos: O Estado e a Economia.
O Estado assume diversas funções na economia, buscando garantir o bem-estar social e o desenvolvimento do país. As principais funções do Estado são:
1)Função Alocativa: Intervenção na economia para corrigir FALHAS de mercado, como monopólios e externalidades. São instrumentos a regulação, subsídios, produção estatal, etc.
2)Função Estabilizadora: Combate às FLUTUAÇÕES cíclicas da economia, buscando o pleno emprego e a estabilidade de preços. São instrumentos a política fiscal (gastos públicos e impostos), política monetária (taxa de juros e oferta de moeda).
3)Função Redistributiva: Redução das desigualdades sociais e promoção da justiça social. São instrumentos políticas sociais (educação, saúde, previdência social), sistema tributário progressivo, etc.
O papel do governo na economia varia de acordo com a ideologia política e o contexto socioeconômico. As principais visões sobre o papel do governo são:
• Liberalismo: O governo deve ter um PAPEL LIMITADO na economia, priorizando a liberdade individual e a livre iniciativa.
• Keynesianismo: O governo deve INTERVIR ativamente na economia para estimular o crescimento e combater o desemprego.
• Social-democracia: O governo deve ter um papel importante na economia, buscando CONCILIAR o crescimento econômico com a justiça social. (MEIO-TERMO).
Por fim, o papel do governo é alcançar 3 objetivos: estabilização, crescimento e redistribuição.
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terça-feira, 28 de abril de 2020
Guedes pisa na bola de novo
''Servidor não pode ficar em casa com a geladeira cheia, enquanto milhões perdem o emprego'', diz Guedes
Por Welliton Resende
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Por Welliton Resende
O ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou que o governo pode avançar, nesta semana, com o plano que prevê o congelamento dos salários dos servidores públicos federais. A ideia, segundo Guedes, é não liberar aumentos por um ano e meio, pois o funcionalismo não pode "ficar em casa trancado com a geladeira cheia assistindo à crise [do coronavírus], enquanto milhões de brasileiros estão perdendo o emprego".
São alienígenas informações com esse teor. Vejamos, o Estado possui 3 funções econômicas: alocação de recursos, distribuição de renda e estabilização.
Quando o servidor recebe o seu salário ele investe (automaticamente) na economia, por meio de consumo.
Desse modo, ele acaba contribuindo para que a "roda" da economia se movimente. E isso gera um círculo virtuoso de aquecimento da demanda.
O impacto é o mesmo do pagamento do Bolsa Família, aposentadorias e do auxílio emergencial.
O salário pago ao servidor, trabalhando em sistema de home office, representa alocação de recursos, distribuição de renda e estabilização econômica.
Basta ler um pouco a experiência norte-americana do pós-guerra com o New Deal para se chegar a essa conclusão.
O problema é ter que ler!!!
terça-feira, 21 de abril de 2020
De acordo com o FMI, economia levará tombo
Por Welliton Resende
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou relatório no início da semana prevendo que a economia brasileira encolherá 5,3% em 2020.
Segundo o Fundo, o impacto negativo da crise pandêmica não afetará somente o Brasil, mas toda a economia mundial deve cair em torno de 3%.
Outras quedas também previstas pelo fundo: Itália (9,1%), Espanha (8%), França (7,2%), Alemanha (7%) e Estados Unidos (5,9%).
E a economia do Maranhão como está se comportando?
Segundo o IMESC, desde 2013 que o PIB do Estado vêm caindo, no entanto, em 2017 ele apresentou um crescimento vigoroso. Via de regra, por ter uma economia muito atrelada ao agronegócio e à exportação de comoditties, o Maranhão sofre muito mais com a retração da economia globalizada.
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sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Corrupção emperra economia
Por Correio Brasiliense
A corrupção é fator subjacente a múltiplas distorções na economia. Leva à redução de receita e ao aumento do gasto público, trazendo até mesmo consequências inflacionárias. Causa prejuízos à sociedade, priva os mais pobres de políticas públicas e agrava as desigualdades sociais. Provoca perda de competitividade das empresas. Fortalece a cultura da leniência e a conivência com situações de transgressão.
Na sua definição mais sucinta, corrupção é o uso de uma posição pública para benefício privado. Especialistas que se têm debruçado sobre o problema concordam que a prevenção é a forma mais eficiente de combater esse desvio.
Como prevenir a ação de corruptores e corruptos representa o grande desafio a uma sociedade. Para que a prevenção seja efetiva, deve-se inicialmente analisar quais são os fatores que contribuem para a corrupção. No Brasil, os principais “gatilhos”, sem sombra de dúvidas, residem na burocracia, na alta carga tributária, na complexidade para o pagamento de tributos, na percepção de impunidade e na falta de consciência da sociedade sobre a ética nos negócios.
A elevação dos índices democráticos de um povo representa uma das formas de prevenção, segundo a ex-ministra do STF Ellen Gracie, para quem a corrupção é um flagelo nacional. De acordo com ela, é fundamental uma sociedade perceber que a lei atinge a todos igualmente.
Em um ambiente político-econômico de corrupção, o país paga seu preço. Ele pode ser mensurável. José Augusto Coelho Fernandes, diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), calcula que se um país perde US$ 1 milhão em recursos desviados de seu destino, o prejuízo para a economia como um todo é de US$ 3 milhões. Essa espécie de indexador leva em conta não apenas o recurso que não foi aplicado, mas o que poderia resultar em atividade econômica decorrente dele.
O impacto sobre a economia, porém, não se dá apenas no plano interno. A imagem externa do país pode ser seriamente prejudicada, afastando investidores e credores. O resultado dessa retração é claramente um prejuízo para a economia.
De acordo com o nranking de percepção sobre corrupção organizado pela Transparency International, o Brasil está em 73º lugar, entre 180 países. Aparecem como os três menos corruptos Nova Zelândia, Dinamarca e Finlândia. Na lanterna, vem a Somália. A Transparency International calcula que os países em desenvolvimento perdem US$ 1 trilhão por ano em verbas desviadas. Segundo o representante da organização no Brasil, Josmar Verillo, outra pesquisa, feita em 96 países, mostra que duas em cada cinco empresas já perderam negócios por causa de corrupção. Ou seja, o impacto sobre o desenvolvimento de um país é direto.
Organismos internacionais da área econômica levam em conta a questão da corrupção em suas estratégias macro. Baseada na premissa de que a corrupção “impede o desenvolvimento, mina a competição justa, drena os recursos naturais e distorce o mercado”, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) trabalha na prevenção, de acordo com informações do diretor de Governança Pública e Desenvolvimento Territorial da OCDE, Rolf Alter. A visão da organização é a de que a responsabilidade pela corrupção é compartilhada entre o setor público, o privado, o cidadão e a sociedade civil.
O Banco Mundial, por exemplo, tem um programa de monitoramento da corrupção: o BEEPS, Business Environment and Enterprise Performance Survey. Esse levantamento mostra que, desde 2005, diminuiu a corrução administrativa, que tem impacto nos gastos públicos, mas aumentou nas compras públicas (public procurement).
Segundo Otaviano Canuto, vice-presidente e diretor do banco para a Redução da Pobreza e Administração Econômica (PREM, na sigla em inglês), o Bird trabalha com três pontos básicos no combate à corrupção: o fortalecimento de instituições, a transparência e a prestabilidade de contas (accountability). Ou seja, como Ellen Gracie, o Bird associa mais democracia a menos corrupção.
Não há dúvida de que o Brasil investiu em transparência nos últimos anos. Bons exemplos disso são a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Portal da Transparência e a Lei 8.666, segundo a qual uma empresa considerada inidônea por um órgão do governo não pode ser contratada por nenhum outro órgão. Também tramita no Congresso o PL 6.826/10, que estabelece punições às empresas que praticarem atos ilícitos contra a administração pública. Como lembra o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), relator do PL, que também é conhecido como Lei Anticorrupção, o Brasil é um dos três países dos 34 integrantes da OCDE que não tem m uma lei específica para punir corruptores. Ele propõe a criação do Cadastro das Empresas Inidôneas, a ser operado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
O ministro de Estado chefe da CGU, Jorge Hage, afirma que a aprovação da PEC 15, que cria Conselhos de Ética nas Assembleias Legislativas estaduais e Câmaras Municipais, significará um salto gigantesco no caminho da transparência.
Outra via possível para tornar mais transparentes as relações entre os diversos níveis de governo e entre o poder público e a iniciativa privada é a legalização do lobby. O Congresso brasileiro abriga hoje 11 projetos de lei que advogam por isso. Com o lobby legalizado, a conquista de um setor poderá ser compartilhada com toda a sociedade de forma a se tornar uma conquista de todos.
Um ambiente de concorrência desleal e de opacidade nas relações estimula a corrupção. Medidas sérias e articuladas na direção da transparência e da democracia, como as aqui enumeradas, entre tantas outras, são os maiores trunfos para acabar com as “facilidades” e criar um ambiente propício ao desenvolvimento econômico e social. Saudável e sem corrupção.
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