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quinta-feira, 13 de junho de 2013

O êxodo dos renegados pedetistas e petistas maranhenses




Vi, na blogosfera da política maranhense, uma fotografia de um triste significado histórico para o centro-esquerda do nosso Estado. O retrato mostra um pouco mais de uma dezena de retirantes da legenda pedetista, simbolicamente posicionados ao redor da esposa e do filho do saudoso governador Jackson Lago. A maioria, fundadores daquela agremiação partidária. Lutadores de longas datas, de diferentes profissões e origens sociais. Identifiquei-os um por um. Afinal, convivi, com quase todos, ao longo de 30 anos, em várias frentes de lutas populares maranhenses. As lembranças de alguns remontam ao longínquo final da década de 70, anos árduos de resistência à ditadura militar. Muitos deles dedicaram os melhores anos de suas vidas à construção e consolidação do PDT no Maranhão. Agora, todos veem os sonhos trabalhistas sucumbirem após o perecimento físico de suas principais lideranças estaduais e nacionais. À margem do processo decisório interno, eles preferem o rompimento político à legitimação de um comando partidário cujos cardeais são acusados de desfigurarem a agremiação e de se locupletarem, a partir de negociatas engendradas em pastas governamentais, onde foram oportuna e convenientemente alocados. A desagregação no arraial dos pedetistas foi rápida e profunda.

No PT do Maranhão, a situação assemelha-se à debandada dos pedetistas. De sua geração fundadora, poucos permanecem por lá. Porém, a abnegação desses militantes, a cada dia transforma-se em desesperança. Foram isolados e alijados dos fóruns de decisão política. A maioria desses remanescentes, pouco a pouco, vai se afastando da vida partidária, outros já arrumaram os teréns e estão prestes a deixar as hostes petistas. É digno de registro que, no PT, a depuração reformista já se arrasta por mais de um quarto de século. O ponto de inflexão foi o V Encontro Nacional ocorrido em 1987, quando teve início, no Partido, a flexibilização das alianças eleitorais. De lá para cá, muitos grupos e militantes do núcleo originário de construção partidária foram expulsos ou deixaram voluntariamente a sigla, por discordarem da progressiva domesticação do PT.

Noutros tempos, durante as prolongadas discussões a respeito da unidade do centro-esquerda maranhense, ouvi, repetidas vezes, o memorável Jackson Lago afirmar que precisávamos “minimizar as diferenças partidárias”. Para ele, diante da avassaladora máquina econômica e política da oligarquia Sarney, éramos obrigados a marchar juntos nos grandes embates político-eleitorais do Estado. No entanto, a profecia da liderança pedetista confirmou-se em sentido negativo: fomos condenados a cerrar fileiras na diáspora. Nesse turbilhão político, alguns se desgarraram de suas agremiações estimulados pelo simples oportunismo de ocasião. Entretanto, a motivação majoritária foi contrapor-se à banalização da ética, ao adesismo conjuntural a toda e qualquer força política conservadora e ao enriquecimento pessoal como primazia da ação política coletiva.

Aliás, como sabemos, no PT, os veteranos e noviços, postos como vencedores desse embate ideológico e político, têm, em poucas palavras, uma resposta cinicamente pronta para todos os males do definitivo pragmatismo partidário: a “construção da governabilidade” e a “falta de uma reforma política” condicionam a nossa ação conjuntural. É um argumento desonesto, cansativo e pouco inteligente. Enfim, de modo deliberado, são reféns e, ao mesmo tempo, fomentadores dessa lógica conservadora de exercício do Governo. Só que, com esse instrumento de persuasão política, eles garantem, invariavelmente, o controle da estrutura partidária, as benesses daí advindas e a reprodução dos paradigmas da política tradicional, antes tão combatida.


*Salvador Fernandes  é economista, servidor Público Federal  e ex-Presidente Estadual do PT/MA

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Cara de pau: Rose Noronha chegou a pedir a saída do chefe da CGU

E-MAIL ENCAMINHADO POR ROSE NORONHA ALEGAVA QUE O SERVIDOR CONTRARIAVA O PT. O pedido original de demissão, que chegou à Casa Civil, foi feito por Paulo Vieira, ex-diretor da agência de águas

Folha de São Paulo

Ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha usou a estrutura do órgão, em junho de 2004, para articular a derrubada do então chefe da CGU (Controladoria-Geral da União) no Estado, João Delfino Rezende de Pádua. Motivo: ele contrariava interesses do PT.

O pedido para trocar o comando da CGU -órgão que combate a corrupção com verbas federais- partiu de Paulo Vieira, o ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas) indiciado com Rose após a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.

Em uma troca de e-mails em 8 de junho de 2004, Vieira encaminha a Rose, com "saudações petistas", um relato do descontentamento de setores da sigla com Pádua, que havia sido nomeado em fevereiro do mesmo ano.

Vieira reclama que, após Pádua assumir, afastou quatro pessoas ligadas ao PT dos cargos comissionados da CGU em São Paulo.

Diz ainda que Pádua fica divulgando sua falta de ligação com o PT: "O chefe da CGU [Pádua] e os indicados para os outros DAS [comissionados] reafirmam constantemente de forma pública que não são ligados ao PT e não apoiam as diretrizes de governo do partido."

Segundo o documento, após a posse de Pádua, entidades comandadas pelo PT no Estado passaram a sofrer "perseguições" da CGU.

A carta faz menção à Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), que administra o porto de Santos, vital para os interesses do grupo desarticulado pela PF em novembro. Em 2004, Vieira era presidente do conselho fiscal da empresa.

Os anexos do e-mail de Vieira são reportagens sobre auditorias da CGU que apontavam irregularidades na Codesp em 2003. Ele reclama a Rose que relatórios internos da CGU estavam sendo vazados à imprensa.

Rose atendeu o pedido de Vieira. Em 28 de junho, ela encaminhou a mensagem a uma assessora do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, frisando que se trata de uma correspondência "em caráter reservado". Rose havia trabalhado com Dirceu durante mais de uma década.

Em um dos anexos foi enviado o currículo do suposto escolhido do partido para o cargo, Alexandre Forte Rodrigues. Conforme Vieira, Rodrigues foi escolhido após consultas a prefeitos e vereadores do PT de São Paulo.

Ontem, Rodrigues, que já trabalhava na CGU em 2004, disse desconhecer as pressões por seu nome. "Havia um descontentamento com Pádua, e Paulo [Vieira] deve ter se aproveitado disso. Paulo realmente demonstrava ter poder no PT. Fiquei surpreso com o que ocorreu com ele", declarou Rodrigues.

O trabalho de bastidores entre Rose e Vieira, porém, não deu resultado. Pádua só deixou a chefia da CGU três anos depois, em maio de 2007. Hoje, está aposentado.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Camuflagem Petista

Por Salvador Fernandes
A notícia da visita do ex-presidente Lula à residência do deputado federal Paulo Maluf (PP/SP) corre o Brasil afora. Motivo do rasga seda: fechar um acordo político-eleitoral com vista a turbinar a cambaleante pré-candidatura do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, à Prefeitura da cidade de São Paulo. Diferentes são as opiniões e atitudes relacionadas ao caso. No ato derradeiro, provocou, inclusive, a desistência da ex-prefeita Luiza Erundina de ocupar a vaga de vice na chapa petista. Se muitos brasileiros se sentem surpresos, indignados e traídos, o que dizer de nós, cidadãos maranhenses, que carregamos sobre os ombros as consequências da “moderna democracia” petista, simbolizada na máxima da eterna gratidão aos favores sarneístas.

Repete-se a cantilena das lideranças hegemônicas nacionais petistas, agora com o reforço do pré-candidato Haddad: “estamos buscando alianças eleitorais com os partidos da base de apoio ao Governo Dilma. Nada de estranho, afinal o Partido Progressista (PP) faz parte da coalizão governista desde 2004”. Sob esta “inovadora” ótica política, uma parcela dos membros do PT - de alta e baixa patentes - vai firmando, nas grandes, médias e pequenas municipalidades acordos eleitorais esdrúxulos, à exemplo da capital maranhense, inclusive com as siglas notadamente oposicionistas - PSDB, PPS e DEM. Todos, em outras épocas, seriam tratados como heresias e não passariam pelo crivo de qualquer uma das instâncias partidárias petistas.

Argumentam ainda que o País mudou, portanto o PT precisa ser renovado. Com isso, no arraial petista, vive-se o frisson do dividendo eleitoral. O programático deu lugar ao pragmático. Nessa nova quermesse estrelada, atraem-se “noviços empreendedores políticos”, alguns por aguçado senso de conveniência, outros, entre eles veteranos da militância política, por puro e rasteiro oportunismo.
No Maranhão, como em outras praças, assiste-se, entre os petistas, a uma frenética busca de parceiros eleitorais. Deslizes relacionados à probidade administrativa, à sonegação e à responsabilidade fiscal, ao crime organizado, à agiotagem com dinheiro público, ao enriquecimento ilícito, entre outros tantos - mazelas comuns à boa parte dos grupos políticos locais - não são, na maioria das situações, impedimentos para um acordo eleitoral.

Antes, nas formulações estruturais petistas, as sucessivas crises institucionais no Brasil teriam sido ocasionadas, em parte, pela ausência de partidos políticos nacionais consistentes. Nesses cenários - que persistem - diziam que as lideranças oligárquicas regionais, por terem o controle das siglas partidárias, transformavam-se nos principais interlocutores políticos junto aos Poderes da República. Assim, esses “monarcas dos sertões” priorizavam, e faziam valer os seus interesses escusos, tanto no tabuleiro político regional quanto no nacional.

No governo petista, a força política dos senhores oligarcas não sofreu qualquer abalo. Porém, tentam, de forma desvelada, convencer a sociedade de que a construção das relações institucionais ocorre sob a supremacia das direções partidárias componentes da base aliada. Na verdade, tais tentativas camuflam as relações políticas personificadas - das quais são reféns. No caso, querem fazer acreditar que nomes conservadores e arcaicos da política brasileira, como José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Paulo Maluf, entre outros, seriam meros coadjuvantes na manutenção da governabilidade e na definição dos acordos políticos e eleitorais. Pior: sem titubear, vangloriam-se que governam com a maior “aliança partidária” da historia republicana brasileira.

Isto posto, e sem a prometida reforma político-partidária, dá para acreditar nessa “reinvenção” petista da política nacional?


Salvador Fernandes  é economista , servidor público federal  e ex-Presidente Estadual do PT/MA