Por Welliton Resende
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À despeito da importância do
gasto público para a otimização do desenvolvimento local, Crocco e Diniz (2006)
afirmam que até os anos de 1970 a política de desenvolvimento regional seguia o
padrão Top-Down com ênfase na demanda e na correção das disparidades
inter-regionais sob a inspiração de paradigmas Keynesianistas. E citam, como exemplo,
a Teoria do Big-Push
(Rosenstein-Rodan, 1943) que afirma que a escassez de capital, a ausência de
complementaridade da demanda local e a existência de um mercado de capitais
inexpressivo são os fatores que deprimem economicamente uma região. Isto posto,
sob a inspiração deste paradigma teórico, os recursos federais transferidos aos
municípios são imprescindíveis para o dinamismo da economia regional, uma vez
que aumenta a circulação de moeda.
Corroborando a tese acima, o
modelo de crescimento Solow, através de observações empíricas e de testes
econométricos, demonstra que a eficiência da máquina pública, o consumo
do Governo, o nível educacional, o bem-estar social, o grau de abertura
externa da economia, a estabilidade política e outras variáveis de natureza
social e política afetam o crescimento econômico (CROCCO e DINIZ, 2006). Nesse tocante, basta
vislumbrar o impacto à economia maranhense que as transferências federais no
montante de quase R$ 18 bilhões acarretaram, somente no exercício financeiro de
2018.
Um outro
aspecto salientado por Crocco e Diniz (2006), diz respeito à inovação como
sendo arma central da competição e do
crescimento, tendo em vista que os agentes produtivos estão em constante
processo de busca e seleção de soluções inovadoras para investir. Camagni (2006)
sintetiza os princípios básicos da organização territorial que ajudam a
responder questões fundamentais sobre “a natureza, a estrutura e as leis de
movimento da cidade” (CAMAGNI, 2006, p. 19-20). Tais princípios são:
• aglomeração (ou sinergia), que explica a
concentração de pessoas e equipamentos em lugares determinados, contrapondo-se
à noção de dispersão e diferenciando cidade de campo;
• acessibilidade (ou concorrência espacial),
que contribui para definir as formas que localizam as diversas atividades,
residenciais e produtivas, no espaço intra e interurbano;
• interação espacial (ou demanda por mobilidade
e conexões), que interreta os fluxos entre pontos fixos situados em distintas
localizações em uma cidade ou em cidades diferentes;
• hierarquia (ou ordem das cidades), que
descreve as leis da organização no espaço urbano ampliado, isto é, no conjunto
de cidades que se articulam nas mais distintas escalas (regional, nacional,
supranacional e global); e
• competitividade (ou base de exportação),
que responde pelo dinamismo de um centro em relação aos demais, explicando as
razões do crescimento urbano diferenciado.
Crocco e Diniz (2006) observaram que as mudanças decorrentes de globalização,
financeirização e mundialização do capital, por um lado, e a revolução
molecular-digital, por outro, influenciam ou mesmo determinam as escolhas
locacionais do capital produtivo, alterando os clássicos padrões locacionais.
Nesse sentido, a transparência pública tem o condão de dar visibilidade aos
municípios e potencializá-los para serem objeto de escolha locacional para
investimentos e geração de emprego e renda.
Com base na pesquisa
Regiões de Influência das Cidades –REGIC (IBGE, 2008), Pereira e Matteo (2011)
chegaram à conclusão de que os critérios adotados para alocação de serviços e
investimentos pelos atores do setor privado em determinada localidade são orientados
por aqueles critérios já consagrados em análises mercadológicas. Entre os
aspectos mais considerados estão:
demanda potencial;
• análise de viabilidade;
• infraestrutura urbana;
• indicadores populacionais;
• incentivos fiscais;
• existência de mão de obra qualificada;
• número de empresas na região;
• investimentos públicos e privados previstos para a região;
• infraestrutura de transportes existente;
• oferta de energia; e
• análise de risco e liquidez do mercado.
De acordo
com os dados apontados pela REGIC, municípios que apresentam uma infraestrutura
urbana melhor, promovem incentivos fiscais, qualificam a sua mão-de-obra e
promovem investimentos públicos apresentam mais chance de atrair investimentos
e com isso galgar um patamar mais elevado de desenvolvimento. Mais uma vez o paradigma da transparência
pública pode vir a fazer a diferença tendo em vista que o gasto público sob os
diversos olhares da sociedade tende a ser mais efetivo. Para Hely Lopes
Meirelles (1997), é fundamental que haja um controle sobre a atuação do gestor de
forma a assegurar que o interesse perseguido seja sempre o público.
Referências:
CAMAGNI, R.
Economía urbana. Barcelona: Antoni Bosch, 2006. 303 p.
DINIZ, Clélio
Campolina; CROCCO, Marco (Org.). Economia
regional e urbana:
contribuições teóricas recentes. 1.
ed. Belo Horizonte: UFMG, 2006.
INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Divisão territorial brasileira.
Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
______.
Região de influência das cidades 2007. Rio de Janeiro, 2008.
INSTITUTO DE
PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA); INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA (IBGE); UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP). Configuração
atual e tendências da rede urbana. Brasília: Ipea, 2001. 396 p. (Série
características da rede urbana do Brasil, vol.1).
MEIRELLES, Hely
Lopes. Direito Municipal
Brasileiro. São Paulo, Malheiros Editores, 1997
Resende é auditor federal, mestrando em Desenvolvimento Regional e vencedor do Prêmio Innovare 2018.