Sarney candidato a governador do MA em 1965 |
Por Nogueira Júnior*
Não é de hoje que a propaganda do governo do Estado me chama atenção. Toda a estrutura utilizada pela mídia governamental segue um padrão cujo interesse esta na manipulação das imagens que causam efeito “devastador” naqueles com menos formação onde os índices de educação são baixíssimos se tornando “presas” fáceis para o jogo político, e claro, alcançando a permanência no poder.
A mais recente divulgação está sendo direcionada aos projetos que este governo diz que “fez” e que “irá fazer”. É óbvio que não poderia ser diferente apresentando o Estado como o “primeiro” e o “melhor” em vários pontos.
Mas como não se encantar com as “doces e sóbrias” palavras da nossa gestora quando diz: “Já avançamos muito e vamos avançar cada vez mais”? Pasmem! Eu concordo. Já avançamos, de fato, levando em consideração a repercussão alcançada a nível internacional em relação ao sistema carcerário.
Com a temática “Maranhão Novo” e “Novo Maranhão” (às vezes, o termo novo até se confundem), o governo segue com sua política midiática em jornais, rádios e tv com a seguinte chamada: O primeiro Estado do Nordeste em que o acesso para as cidades serão todos asfaltados, o melhor programa de saúde que o Estado já teve o maior investimento em segurança já feito e não poderia deixar de citar também os investimentos na educação.
Enfatizo que são três pilares de suma importância para o desenvolvimento de qualquer Estado: Saúde, Educação e Segurança. Se houvessem projetos bem elaborados e transparentes e a aplicação dos recursos fosse de maneira correta, considerando que o governo federal é o maior parceiro financeiro, sem dúvida haveria um “salto” de qualidade na vida de todos, e conseqüentemente, veracidade na mídia exposta.
Sempre que um governo é cobrado por suas responsabilidades a resposta é a de que foram e estão investindo milhões. Alguns encontros organizados pela CGE, CGU dos quais participei do “Programa de Educação Fiscal para a Cidadania”, na oportunidade foram citados os valores que são repassados para os estados e municípios que embora sejam altos, os índices de melhoria nem sempre são alcançados.
Isso demonstra que a qualidade do projeto não esta relacionado ao valor do investimento aplicado. Na Secretaria de Saúde no Programa “Saúde é Vida” os valores investidos são de milhões, nesse programa o governo promete melhorar a saúde pública entregando 72 hospitais até o final de seu mandato.
Visto isso, questiono: De que maneira os avanços estão sendo apresentados se a entrega dos 72 hospitais” inclinando” os altos recursos a serem repassados, até o momento não foi concluída? Ressalto que as obras já entregues “nada” se assemelham às vantagens arrotadas pelo governo. Alerto que as eleições se aproximam, e claro, as chamadas midiáticas seguem de maneira voraz.
Neste sentido, segue a secretaria de segurança onde a situação é mais grave, os últimos fatos falam por si. O Estado tem o menor índice de policias por habitantes, o que dificulta mais ainda a elaboração de proposta concreta.
Segundo o secretário a “onda” de ataques que ocorreu na cidade e que, vitimou um policial em pleno espaço de trabalho e o mais recente com atos de barbárie que lamentavelmente uma criança de seis anos veio a falecer e outros feridos, foram decorrentes a ações de desestruturação de quadrilhas por parte da polícia. Sei que esses grupos funcionam como uma “empresa” qualquer tentativa de eliminação a reação é violenta. É uma situação de causa e efeito. Já que houve uma ação “eficaz” para o combate a esses grupos, faltou planejamento por parte da secretaria para a ação de represarias que esses grupos poderiam cometer.
Com toda estrutura eletrônica o governo segue com sua propaganda mostrando dados de que o Maranhão vai muito bem obrigado. Lendo reportagem das mídias a nível nacional não me surpreendeu como o site veja.com apresenta dados contrários em relação ao Maranhão “O Estado é o penúltimo no ranking do IDH. menor renda per capita do país com apenas R$ 348,00. A maioria dos municípios não tem rede de esgoto. Segundo o IBGE, 20,8% dos maranhenses são analfabetos”. Assim, seguem alguns índices que desconstroem toda mídia governamental.
Diante desse quadro há de se pensar que estamos vivendo em dois Maranhões, O Maranhão midiático do grupo que governa a mais de 40 anos, cujo líder principal foi eleito com discurso de modernizar o Estado que diante de vários governos (Militar, FHC, Lula e Dilma) consegue se estruturar e se fortalecer a custa de benefícios e acordos com governos federais, conhecida como a mais velha oligarquia do Brasil que há tanto tempo no poder e por não ter se renovado “sofre” com o desgaste pela maneira de governar, criando barreiras e dificultando o crescimento econômico, social do Estado. E o “verdadeiro” Maranhão que resiste prevalecendo seu povo, sua cultura, riquezas naturais e história.
Assim, por que não recordarmos a Balaiada movimento de cunho popular com os menos favorecidos, contra a opressão dos poderosos; A luta contra os ricos e a autoridade corrupta?
Esse é o nosso Maranhão que não se entrega.
Avante Maranhão!
Nogueira Júnior é bacharel em História (UFMA), especialista em história do Maranhão (UEMA) e técnico em lazer (IFMA)*