OS PERSONAGENS DA CORRUPÇÃO



Por Nathalie Coutinho*

Fazendo uma análise sobre a política brasileira, a má gestão pública em largos extratos da população nacional. É notório que a corrupção é um dos principais problemas que faz com que o país continue vivendo numa democracia meramente formal, em que na prática o exercício da cidadania, que por sua vez tem um significado ideológico, está longe de se tornar real. Partindo pro foco, sabe-se que a corrupção causa prejuízos gravíssimos a sociedade, uma vez que a desigualdade se acentua cada vez mais, mas não é minha atenção apenas apontar os erros dos outros, ou seja, dos gestores políticos. Pretendo analisar a nossa conduta como cidadão e eleitor para que possamos perceber que se a política brasileira é assim a culpa não é somente dos gestores públicos.

No artigo anterior, Gevérson Aparício fez uma articulação interessante entre a corrupção e a miséria, realmente este problema social destrói, violenta e pode até matar, mas vamos fazer uma reflexão sobre a corrupção como uma falta de ética, que é um código de conduta que visa a um fim comum, o bem social, o que leva ao bem-estar coletivo.

Até aí tudo bem, mas vejamos: a corrupção é um termo facilmente aplicado a um homem público porque ele está em evidência e nos parece distante, mas é preciso reconhecer que a deslealdade com o semelhante é praticada sem constrangimento em todos os níveis de nossa sociedade.

É cômodo apontarmos a falta de lisura de alguns políticos no que concerne a coisa pública, mas esse desrespeito com o ser humano é tão condenável quanto a atos que constantemente costumamos praticar, como por exemplo, a arrogância e a impaciência de passar à frente de alguém em uma fila até a ausência de consciência ao jogar lixo na via pública. Costumamos atirar pedras no político desonesto e, no anonimato, proceder com igual falta de escrúpulos com o semelhante. Isso é o que se caracteriza como falta de educação para a ética, para a cidadania, valores que passam a ser banalizados, pois ninguém os ensina.

A falta de ética generalizada gera uma sociedade cuja convivência se torna quase insuportável e a desconfiança passa ser lema de sobrevivência. Não estou querendo justificar a atitude de corromper como muitos políticos fazem na gestão pública, simplesmente cito que devemos repensar mais sobre as nossas ações, antes de julgar os gestores. Falo isso pelo fato de que muitos dos cidadãos vendem seu voto, trocam por mercadorias e ainda querem cobrar dos políticos, sendo que já foram pagos pelos seus votos.

O que se define neste contexto é que tanto o político quanto o eleitor são corruptos, por venderem sua consciência, por prejudicar não só a si com tal atitude, mas a sociedade como um todo. Quanto se trata da propina, isso se torna mais nítido, pois de que adianta a lei municipal que proíbe a presença de casas comercias em determinado bairro de uma cidade, se ela existe para decisões em contrário? Corrupto é quem recebe e quem paga a propina, tanto quem exige quanto que dá.

Sei que a corrupção não é só falta de ética, vai muito além disso, mas o que se pretendeu enfocar mesmo, foi a necessidade de se estabelecer uma política que faça com que os cidadãos tenham a verdadeira noção da importância de seu voto, não só para o bem individual, mas para a sociedade em geral, para o bem coletivo, pois o que se percebe é que há uma falta de conhecimento dos cidadãos em argumentar e denunciar os políticos de mau caráter, mas ao mesmo tempo, vemos que com a atuação da CGU através de ações que visam informar a todos sobre como devemos proceder diante de situações que envolvem a corrupção, a má gestão política, acredito que aos poucos essa realidade será transformada e quem sabe um dia viveremos num país de oportunidades, de respeito e coexistência pacífica.


*Professora caxiense.

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