sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Os inimigos da segurança pública
Por Nathalie Coutinho*
Com os conflitos entre traficantes e policiais no Rio de Janeiro, pode-se observar que as aparências enganam, que nem sempre os “traficantes” são traficantes e os “policiais” são policiais. Digo isso pelo simples fato de que vivemos num país em que o rótulo e o estereótipo prevalecem no momento de conhecer uma pessoa, ou seja, se é um traficante, um bandido, um marginal, estes possuem características próprias, seus trajes são perfeitamente reconhecíveis como tais e denunciam o que realmente são.
Não estou defendendo estes criminosos, só faço uma análise de como o status e o papel social pode provocar um impacto nas pessoas, quer dizer que o policial, por ser policial merece todo respeito possível, afinal de contas tem uma integridade intelectual inigualável e uma sensibilidade social invejável, mas e estes que abusam de sua autoridade, que aproveitam a autonomia que possuem para invadir as casas dos cidadãos e lhes desrespeita, violando a integridade física e psicológica dos mesmos e tomando atitudes contraditórias ao seu código de ética?
Tudo isso que está acontecendo neste contexto, faz-se refletir que a corrupção policial é uma das principais inimigas da segurança pública. Já não basta o problema de encontrar os criminosos traficantes e aprisioná-los, agora os próprios “defensores” da população precisam ser identificados em meios a centenas de justos, competentes e sensíveis com a situação, por terem cometidos diversos atos contra os cidadãos e seus patrimônios, agindo contra a lei e ocasionando prejuízos aos que sofreram os maus tratos, havendo ocorrendo de roubos e ameaças.
O que se tem percebido é que a violência tomou conta da sociedade em geral e, que agora está sendo evidenciada de uma forma mais explícita nesta parte do país, mas em outros largos extratos da população brasileira ela continua sendo praticada das mais diversas maneiras, fazendo com que os cidadãos sintam medo de sair de suas residências para desenvolver alguma atividade, seja passear ou até mesmo trabalhar, dessa forma , as pessoas estão se acomodando cada vez mais, envelhecendo, pois a juventude não é mais vivida como antigamente. Com o estado de espírito pobre, “ser jovem” se tornou um adjetivo raro de encontrar em alguém, pois atualmente já não se luta em comunhão por direitos, já não se tem uma perspectiva de vida como antes, principalmente via-educação e, pior já não se sonha...
Voltando ao caso da busca pelos traficantes em morros no RJ, o que se observa é que estes detém de um poder no lugar que mora, espalhando terror por onde passam e um dos motivos que ocasiona medo e desconfiança por parte das pessoas que, de certa forma convivem com eles é de possuírem armas dos mais variados tipos. Armas estas, que muitas vezes nem os policiais possuem. Ao contrário do que as os cidadãos sentem ao perceberem a presença dos traficantes, percebe-se que estes não temem muito com a presença dos policiais em seus territórios e, um dos problemas talvez seja o fato de que os criminosos procurados possuem armas também avançadas e os policiais não detém de recursos mais eficientes.
Com a falta de investimento destes materiais, essenciais para o desenvolvimento do trabalho dos policiais, dificulta uma ação mais produtiva e mais eficaz. O Poder Público deve ter um olhar mais amplo para esta questão, pois muitas vezes alega não ter dinheiro para fazer tal investimento, enquanto isso os traficantes detém dos melhores equipamentos para possíveis confrontos.
Diante disso, tenho a consciência de que só nos resta esperar que os gestores públicos continuem tomando providências cabíveis e, acima de tudo louváveis, efetivando com a colaboração de outras instâncias, políticas sociais que favoreçam a busca pela paz, ações coletivas que fazem com que os criminosos, tanto os traficantes quanto os próprios policiais, que estão aproveitando a situação e agindo de má fé, sejam encontrados e identificados e levados as autoridades competentes, para que paguem pelos atos ilícitos que cometeram. Assim, acredita-se que o nosso país aos poucos alcançará a dimensão de sua grandeza através do predomínio da liberdade, fraternidade e justiça.
*Caxiense, professora e idealista.
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Um outro aspecto a ser considerado é que as imagens da ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, foram divulgadas nos principais jornais e TVs de todo o mundo nesta semana, expondo internacionalmente o problema da segurança pública vivido ali. Segundo estudos sobre a percepção global a respeito do Brasil, as últimas ações das forças de segurança podem começar a danificar a forma como o país é visto pelos estrangeiros. E isso pode nos afetar drasticamente. Se o estado brasileiro não ver o problema da violência com seriedade, o País será muito mais prejudicado. Parabéns pelo artigo, Carlos Alberto, São Luís-MA
ResponderExcluirTendo em vista a pressa das pessoas, não há mais tempo de se conhecer verdadeiramente o outro. E como disse a nobre professora, se traça o perfil de alguém apenas pela aparência física. Oxalá que voltemos aos tempos de outrora, onde as relações eram menos frívolas e mais verdadeiras. Pietro Sansebastian
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