quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Os discursos e o campo de visão da nova direita no Brasil



Por Welliton Resende

Michel Lowy (2015)  apontou que a direita brasileira possui características próprias onde repousam projetos, intenções, valores e concepções políticas heteróclitas. Essa visão também é corroborada em vários estudos que apontaram novas arenas de formação de opinião pública.
Chaloub e Perlatto (2016) apontaram 6 hipóteses para o protagonismo recentes dos intelectuais da nova direita: 
1)Coerência com o cenário internacional;
2)O distanciamento do momento epocal da ditadura;
3)As mudanças tecnológicas e funcionais da indústria cultural;
4)A criação de locus institucionalizados para a produção e difusão do pensamento liberal e de direita;
5)A emergência de governos de esquerda no país (com seus sucessos e fracassos  geradores de polarização);
6)Crise do sistema partidário. 

Assim, somaram-se às disputas tradicionais (partidos, eleições e arenas estatais) e ao manuseio das retóricas de Hirschman , as mobilizações de massa, as mídias sociais e a guerra híbrida.

Para Olavo de Carvalho o campo da direita conjugaria o liberalismo econômico com valores tradicionais, exprimindo uma tensão curiosa  no campo: o da liberdade de mercado com a adoção de valores morais coletivos e tradicionais.

Rodrigo Constantino diz que a nova direita vai em defesa da liberdade econômica, da prudência, do respeito às instituições e valores superiores.

Pondé, por sua vez, afirma que surgiu no Brasil uma "direita liberal" a favor de liberdade de expressão, do governo institucional, contra qualquer forma de ditadura e de perseguição às minorias e que se afasta da outra direita (velha).

Sowell (2009) e outros acreditam que os intelectuais se tornaram "presas fáceis" para a esquerda por conta do pensamento abstrato e não prático desta, produtor de projetos normativos e idealistas; das atividades não produtivas e portanto não submetidas às exigências do real, não pressionada pelo risco de isenta de prova ou teste; e da condição funcional parasitária e ao mesmo tempo privilegiada.

 Pondé acredita que os intelectuais vivem das benesses do sistema público e, ao mesmo tempo, são capazes de reproduzir sua visão de mundo ao formar outros intelectuais que também não irão para o mundo produtivo. Para ele impera o "carreirismo", ou seja, já não se importam com o que pensa, contanto que ganhe um bom salário e tenha a garantia de emprego. "A universidade é um dos lugares de maior miséria espiritual que conheço" (Pondé).

Berlanza (2017) afirma que os intelectuais são inferiores porque outros atores satisfazem melhor as necessidades produtivas da sociedade. 

Olavo de Carvalho diz que a esquerda dominou a imprensa e as universidades brasileiras há várias décadas em estratégia que seguia o ideário de Gramsci. O objetivo era criar uma "atmosfera mental" em que o povo se tornasse socialista sem perceber.

A direita está se organizando para enfrentar o debate com a esquerda no ambiente universitário e intelectual porque não há pensamento político sem teorias de suporte, sem porta-vozes, sem literatura, sem instituições e sem mecanismos de reprodução de sua visão de mundo. Assim, surgiram institutos, sites e blogs conservadores e liberais; formação de uma rede editorial para a produção de textos; preparação de quadros e atuação junto à juventude; disputa por espaço na arena acadêmica e intelectual explorando as falhas recentes da esquerda brasileira.













 





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