O processo de construção da
cidadania perpassa, acima de tudo, por indivíduos conscientes do seu papel na
sociedade, participando quer sejam como destinatários dos serviços públicos,
quer sejam como atores desse sistema na forma de contribuintes. O processo de
educação fiscal, desse modo, vem contribuir para extrair do inconsciente
coletivo das pessoas a falsa premissa de que pagar tributo é um ato individual
de leso-bolso. O que definitivamente não é. É, pelo contrário, uma forma de
participação na política pública.
De fato, ninguém gosta de pagar
tributo, contudo, o ato que pode parecer apenas uma prerrogativa emanada do
poder soberano estatal deve ser desestigmatizado. O coro dos incrédulos se
fortalece com a velha máxima de que o estado não faz o seu dever de casa com o
produto dos nossos tributos, ou seja, gasta muito mal e, portanto, é
ineficiente. Essa assertiva, contudo, não deve servir para que o cidadão se
exima de contribuir e , portanto, gozar do produto do trabalho gerado pela
contribuição de toda a sociedade na forma da prestação dos serviços públicos
oferecidos, potencial ou efetiva, a todos.
Nas audiências públicas de
controle social e cidadania realizadas no Maranhão, dos quais participamos,
procuramos contribuir para a mudança no contexto social desmistificado a
questão de que o exercício do poder tributário, sobretudo pelos pequenos
municípios maranhenses, acarreta em perda de votos. Sugerimos, que esses entes
instituam os tributos de sua competência (erigidos no Art. 156 da CF/88-Da
Competência Tributária dos Municípios) e exijam, por exemplo, uma tarifa
social, simbólica…, face as particularidades econômicas dos grotões
maranhenses. A idéia é tão-somente que se crie nos munícipes o hábito do
pagamento dos tributos constitucionalmente previstos, sem a preocupação
demasiada de obter superávits primários. Ademais, informamos, ainda, que um
outro normativo, com tal prática, estaria sendo cumprido: A Lei de Responsabilidade
Fiscal (Art. 11).
Destarte, a educação fiscal
dentro de suas diretrizes vislumbra, além da educação tributária, o resgate da
cidadania no sentido de imbuir os cidadãos de exigir, também, a boa versação
dos recursos públicos, vertente que se coaduna com as atividades de controle
social.
Por Welliton Resende
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