quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Prolegômenos para uma antologia do ser social


Resenha da obra de Lukács

 
Por  Welliton Resende


Antologia é a área da Filosofia que estuda o ser enquanto ser.
 
Para Lukács a tentativa de basear o pensamento filosófico do mundo sobre o "ser" se depara com resistências de muitos lados.

Assim, a missão social da teoria do conhecimento consistiria em fundamentar e assegurar o direito à hegemonia científica das ciências naturais desenvolvidas desde o Renascimento.

Desse modo, a condição do "ser" também fundamenta toda práxis humana, ela tem necessariamente de constituir um ponto de partida para todo pensamento humano, que, em última análise, provém dela e surgiu para conduzi-la, modificá-la, consolidá-la etc.



Marx teria operado uma ruptura fundamental com todas as concepções anteriores acerca da relação entre o homem e sua história. Depois dele, a relação da humanidade com seu destino se transformou num problema totalmente diferente do que era antes.

Se, até Hegel, o problema era descobrir qual o limite das possibilidades de evolução da sociedade com Marx o problema se converte em como transformar a história humana a partir de uma nova relação, com o desenvolvimento das forças produtivas. Ou seja, a questão adquire um tom nitidamente revolucionário.

Não se trata mais de justificar a dominação da classe vista pelos pensadores antigos como “fim da história” (Aristóteles e o escravismo, a escolástica e a sociedade feudal, os modernos e Hegel e a sociedade burguesa etc.), mas sim de explorar as possibilidades reais, efetivas, inscritas nas contradições inerentes à ordem presente, para a superação dos estranhamentos (alienação) nela operantes e evoluir para uma sociedade  na qual tais estranhamentos não mais possam operar. 

Certamente, novos estranhamentos surgirão, mas a questão decisiva é como os homens tratarão dos novos estranhamentos, se a partir de uma perspectiva fundada na exploração do homem pelo homem ou se a partir de uma ordem emancipada

Tanto para superar a «pré-história» quanto para conquistar um novo patamar na relação com os estranhamentos, passo indispensável, sempre segundo Lukács, é a superação do capitalismo pelo socialismo e comunismo.

Lukács descobriu as conexões ontológicas mais gerais que consubstanciam as mediações até hoje imprescindíveis a esse processo de autoconstrução do homem:

-trabalho;

-reprodução;

-ideologia; e,

-estranhamento.

ETRI

A Ontologia de Lukács possui  uma clara intenção revolucionária; sua crítica ao capitalismo é radical nos seus fundamentos e sua perspectiva não é nada menos que o comunismo. 

Assim, no plano ontológico, sua postura é claramente revolucionária.

Diametralmente oposta às ontologias (de Aristóteles a Hegel), que sempre justificaram os status quo, a ontologia marxiano-lukácsiana seria uma ontologia de novo tipo, que ele denomina “crítica”.

Qual seria o seu objetivo fundante?
-Demonstrar a possibilidade ontológica, e a necessidade histórica, da superação comunista da sociabilidade burguesa.

Os estudos de Lukács parecem autorizar com segurança a hipótese de ser a Ontologia o esforço mais significativo, neste século, de fundamentar em bases filosóficas sólidas a possibilidade e a necessidade históricas para a emancipação humana, da revolução socialista-comunista tal como no projeto marxiano original.

Uma sociedade sem Estado, sem classes e sem exploração do homem pelo homem. Debilidades aqui e ali existem e estão sendo apontadas; contudo, não parecem colocar em xeque os avanços fundamentais conseguidos por Lukács neste campo.

Frases interessantes de Lukács:

"Só uma lebre que exista  pode ser caçada, só uma amora que exista pode ser colhida".

"Nunca somos capazes do conhecimento de ter um conhecimento total de todos os componentes de nossas decisões e consequências".

"Quando engenheiros medem uma montanha, sua posição filosófica com relação à constituição do ser da coisa medida é totalmente inexpressiva para os resultados dessa atividade".

"A montanha tem que existir como ser para que possa ser medida".

"Se eu for atropelado por um carro, não haverá uma colisão entre minha representação de um carro e minha representação de mim mesmo, mas meu ser como homem vivo é ameaçado em seu ser por um automóvel existente". 

"Uma fundamentação ontológica correta da nossa imagem de mundo pressupõe duas coisas: conhecimento da propriedade específica de cada modo do ser e suas inter-relações com os outros".

"O ser humano pertence ao mesmo tempo à natureza e à sociedade".

"Muitas vezes dizemos que a crueldade humana é animalesca, esquecendo totalmente que animais nunca são cruéis. Sua existência permanece totalmente submetida ao círculo das suas necessidades biológicas de sua autopreservação e reprodução do gênero".

"Só quando o homem primitivo começa a torturar seu prisioneiros de guerra é que surge -como produto casual do devir (transformação)  humano- a crueldade, com todas as suas consequências futuras, cada vez mais refinadas".

"A roda não existe em parte alguma da natureza foi inventada e produzida em fases".



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