Síntese do pensamento do filósofo Francisco de Oliveira
Por Welliton Resende
Francisco de Oliveira |
Por Welliton Resende
O golpe de 1964 e toda a sua duração não foram senão o esforço desesperado de anular a construção política que as classes dominadas haviam realizado no Brasil, pelo menos, desde os anos 30.
"Em verdade, procurou-se anular a possibilidade da reivindicação da parcela dos que não têm parcela, tanto na produção quanto na distribuição do produto social", filosofa a autor Francisco Oliveira.
A crise interna no Estado colocou os holofotes sobre a despesa pública e converteu as despesas sociais no bode expiatório da falência do Estado, quando na verdade isto se deveu à dívida interna pública e ao serviço da dívida externa da simultaneidade das duas crises, com a incapacidade clássica das burguesias em abrirem-se para a política, o que significa dizer que a resolução de seus impasses não conseguia ser arbitrada, abriu o passo a que solução burguesa viesse, uma vez mais, de fora para dentro, agora na forma de globalização.
O absenteísmo burguês que tornou o Estado impotente e roubou-lhe o monopólio legal da violência criou o monstro de uma polícia oficial que age como se estivesse tratando de negócios privados: mata, tortura, extorque, cobra proteção, no pressuposto, quase sempre confirmado, de que o absenteísmo burguês a torna imune e impune.
Ao longo do tempo, a ideologia oficial, a desmoralização dos trabalhadores, de funcionários públicos, a desmoralização da própria função pública, o apontar tudo o que é público como inimigo de cada indivíduo tem uma carga simbólica mortífera, que amplificou extraordinariamente a tragédia que já ocorria.
FHC utilizou com maestria a arma da desmoralização da fala, do discurso. Sua arrogância em nomear como ignorantes, atrasados, burros, neobobos, todos os que se opõem a seus métodos, não tem outro objetivo: a anulação da fala e, através dela, a destruição da política, a fabricação de um consenso imposto, ao modo das ditaduras.
A presença constante de FHC na mídia legitima a própria mídia na sua função de exclusão dos falantes e na sua substituição da política.
No Brasil, o neoliberalismo foi chamado de "neoliberalismo de entreguismo, fundamentalismo". Aqui ele virou um grande Frakenstein construído com pedaços de social-democratas , antigos e novos oligarcas do nordeste, populistas de direita, trânsfugas (vira-casaca) de esquerda, numa articulação presidida pelo "príncipe dos sociólogos", passa por uma estranha metamorfose: sua face real é a do totalitarismo.
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