sábado, 19 de novembro de 2016

Como os Estados Unidos dominaram o mundo (Parte I)

Criminoso ou herói, julgue você mesmo Nixon!!!


Richard Nixon (1913-1994)
Após a Segunda Guerra Mundial, cerca de 45 países aliados chegaram a um acordo para definir os parâmetros que iriam reger a economia mundial no pós-guerra. O sistema financeiro que surgiria de Bretton Woods colocaria o dólar como moeda mundial e dali em diante teria o controle de fato de boa parte da economia mundial bem como de todo o seu sistema de distribuição de capitais.

Os pilares de Bretton Woods eram paridade do dólar com o ouro (portanto, emissão controlada de moeda) e a criação de instituições financeiras mundiais (BIRD, FMI) que se encarregariam de dar o sustento necessário ao modelo que estava sendo criado.

No regime de Bretton Woods a base da estabilidade de uma moeda estava intimamente ligada tanto à sua balança comercial quanto à atitude do FMI e dos governos (bancos centrais) em relação aos países com dificuldades na balança de pagamentos.

Em duas décadas, o acordo não se mostrava mais interessante aos Estados Unidos e foram gestadas estratégias para restaurar o domínio. No início dos anos 70, o presidente norte-americano Richard Nixon tomou duas decisões capitais: cortar a ligação entre o dólar  e o ouro (1971) e pressionar a OPEP a aumentar o preço do petróleo (1973).

A moeda agora poderia se movimentar segundo o desejo do tesouro americano-era o padrão "dólar puro". Com o aumento do preço do petróleo, Nixon pretendia dar um golpe arrasador nas economias europeia e japonesa. Aqui no Brasil,  país dependente da importação, o fato marcou o fim da era de crescimento econômico conhecido como "milagre brasileiro".


Como a subida do preço do petróleo, entraram muitos dólares nos países da OPEP (petrodólares)  e esses países não poderiam absorver tais recursos em seus próprios setores produtivos. De um lado os Estados Unidos desejavam que os petrodólares fossem reciclados (reinvestidos na economia mundial) em bancos privados do Atlântico, liderados por eles (claro, óbvio, certamente (...), e os demais países achavam que deveria ser via FMI. Nem preciso dizer quem venceu a queda de braço!!!

A base da hegemonia estadunidense estava sendo desviada do poder direto sobre outros países (intervenção militar, financiamento de golpes de estado...) para uma forma de poder mais baseada no mercado, ou estrutural.  O novo sistema possuía dois mecanismos fundamentais: o dólar e o mercado financeiro internacional.

Tal fato trouxe maior dependência dos acontecimentos dos mercados financeiros anglo-americanos aos  demais países. Nixon deu a Washington mais poder de alavancagem do que nunca e a nova centralidade do dólar levou as pessoas a Wall Street.

Se você acha que parou por aí, caro leitor, estarreça-se. Como o dólar virou moeda internacional, todos os países do mundo devem adquiri-lo para as suas transações. Imagine você sendo um exportador e um comprador do Chade vindo lhe pagar com a moeda nativa? Nem pensar, não é!

Todos os países do planeta precisam adquirir dólares fora, no entanto,  os Estados Unidos apenas  imprimem o que precisam. A senhoriagem significa o lucro do governo pela emissão (impressão) de moeda, ou seja, é a diferença entre o valor do dinheiro e o seu custo para produzi-lo ou distribui-lo.

Quando Nixon liberou os sistemas bancários privados para realizar operações internacionais ele acabou com o antigo domínio dos bancos centrais (premissa de Bretton Woods), abriu brechas na supervisão pública das operações financeiras internacionais (propiciou a lavagem de dinheiro, o suborno transnacional), tornou vulneráveis os sistemas financeiros e as taxas de câmbio de outros países, gerou pressões competitivas dentro dos sistemas bancários do países da OCDE e definiu a agenda de regulamentação sobre os mercados financeiros internacionais.

Criminoso ou herói, julgue você mesmo Nixon!!!


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