Fonte: EBC
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, lançou hoje (8) consulta
pública para receber sugestões de organizações, entidades e pessoas
físicas para o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro. A consulta
foi apresentada após reunião com o Gabinete de Gestão Integrada (GGI) da
Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro
(ENCCLA), que reúne representantes dos poderes Executivo, Legislativo,
Judiciário.
Segundo Cardozo, “o campo da consulta visa a abarcar tudo aquilo que
diz respeito e possa melhorar o nosso sistema na parte punitiva ou na
parte investigatória”. O grupo de trabalho criado pela presidenta Dilma
Rousseff para debater ações nesse sentido realizou audiências públicas e
reuniões com órgãos relacionados ao assunto e formulou uma proposta,
que agora será submetida à consulta pública para receber sugestões da
sociedade.
Ainda de acordo com o ministro, a ideia é receber propostas sobre
prazos para que os processos sejam mais eficientes, o que pode ser feito
para que o dinheiro desviado em corrupção seja recuperado, como
integrar melhor a estrutura estatal para combater esse delito, e
discutir se devem ser criadas varas específicas ou tribunais específicos
para processar agentes públicos envolvidos nesses casos.
“O objetivo é aperfeiçoarmos os processos judiciais e administrativos
para apuração e punição de pessoas que praticam atos de corrupção e
improbidade administrativa. Há uma sensação muito forte e até real na
sociedade brasileira de que há uma impunidade em decorrência desses
delitos. Por isso, é necessário agilizar as investigações e uma
estrutura de Estado que dote o Estado brasileiro de condições de poder
investigar e punir aqueles que praticam esses atos ilícitos”, explicou o
ministro.
A consulta pública ficará disponível até o dia 8 de julho no endereço http://participacao.mj.gov.br/anticorrupcao
, onde os interessados farão um cadastro para poder opinar. No site,
eles terão acesso a diversas propostas para a prevenção e combate à
corrupção e poderão fazer sugestões sobre elas. Ao fim, as propostas
poderão se transformar em projetos de lei, que serão encaminhadas ao
Congresso, ou virar medidas administrativas a serem colocadas em prática
pelos órgãos competentes.
O Grupo de Trabalho, que faz parte do gabinete de gestão integrada, é
formado por representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), do Ministério da Justiça
(MJ), da Controladoria-Geral da União (CGU), da Advocacia-Geral da
União (AGU) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Durante a entrevista coletiva, Cardozo defendeu ainda a reforma
política, como “a mais importante das reformas”, mas criticou a proposta
que está sendo votada na Câmara e que permite financiamento empresarial
para as campanhas eleitorais.
“Acho que a reforma política é a mais importante das reformas e se
nós não mudarmos o nosso sistema político não estaremos combatendo uma
das principais causas que da corrupção no país. Para que isso ocorra –
evidentemente que todos nós temos o nosso posicionamento - eu vou
respeitar qualquer decisão que o Congresso Nacional venha a tomar –,
mas, pessoalmente, sou um defensor do financiamento público de campanha,
porque acho que o enfrentamento ao financiamento privado é algo
fundamental para o combate à corrupção”, disse Cardozo.
O ministro foi ainda questionado sobre a discussão a respeito da
redução da maioridade penal e voltou a declarar que é contrário a essa
possibilidade. Segundo ele, no Ministério da Justiça “não há dúvida de
que a maioridade penal aos 18 anos é uma cláusula pétrea da
Constituição” e seria inconstitucional aprovar uma emenda constitucional
para tentar mudar isso.
Além disso, Cardozo disse que, no mérito, o governo também não é
favorável porque considera que essa redução poderia provocar o efeito
inverso e aumentar a criminalidade.
“É uma ilusão imaginar que nós teremos algum ganho contra violência
com a redução da maioridade penal. Não há nenhum estudo científico que
demonstre isso no Brasil ou no mundo. Os estudos e as indicações são
exatamente inversas. Quando você reduz a maioridade penal e coloca
jovens para cumprir a pena com adultos, você tem uma elevação da
violência. Porque essas pessoas começam a conviver com adultos, aprendem
outras práticas criminais e são cooptadas com mais facilidade pelas
organizações criminosas que atuam dentro dos presídios”, afirmou o
ministro da Justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe, comente e concorra a um livro autografado pelo prof. WR.