TCU aponta falhas e irregularidades em contratos do Hospital Universitário Pres. Dutra

Tribunal de Contas da União concluiu análises de 7 dos 24 hospitais avaliados - e todos apresentaram problemas; falta de funcionário especializado e pesquisa de preço deficiente são alguns dos pontos levantados; contratos auditados ultrapassam R$ 187 milhões



O Estado de São Paulo

Auditoria do Tribunal de Con­tas da União (TCU) em sete hospitais universitários do País apontou uma série de fa­lhas e irregularidades na con­tratação de serviços e compra de bens. A inexistência de fun­cionários especializados, pes­quisas de preços deficientes e falta de pareceres jurídicos atestando a legalidade da dis­pensa de licitação são alguns dos problemas encontrados. O valor dos contratos auditados ultrapassa R$ 187 milhões, mas o TCU não informou quanto, desse total, está sob suspeita.

Segundo o TCU, os problemas identificados inibem o controle preventivo de fraudes e propi­ciam a aquisições com preços su­periores à média de mercado.

O trabalho do órgão compreen­deu auditorias em 24 hospitais universitários de várias regiões do País. Sete delas já tiveram seus relatórios publicados: os hospitais das universidades fede­rais do Maranhão (UFMA), Mato Grosso (UFMT), Mato Grosso do Sul (UFMS), Triângulo Minei­ro (UFTM), Espírito Santo (UFES) e Amazonas (UFAM), além do Instituto de Pediatria, vinculado à Universidade Fede­ral do Rio de Janeiro (UFRJ).

O resultado das auditorias foi divulgado no momento em que a rede de 46 hospitais universitá­rios do País passa por um proces­so de mudança de gestão, com a entrada da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a Ebserh.

Problemas. Na análise dos contratos do Hospital Universitário Getúlio Vargas da UFAM - que su­peram R$35 milhões -, o TCU iden­tificou que só três pessoas traba­lham no setor de compras. E, sem sistema informatizado, não há con­trole de entrada e saída de mate­rial. "Fazemos tudo manualmen­te, como se estivéssemos na Idade da Pedra", diz o diretor-geral do hospital, Lourivaldo Rodrigues.

No hospital da UFES, não há participação da unidade na con­tratação de terceirizados. De acordo com o TCU, a situação "pode levar a prejuízos financei­ros, bem como a danos à imagem da entidade". Em nota, a universidade reconhece a situação.

No Triângulo Mineiro, a audi­toria identificou a não realização de controles preventivos de fraude, a falta de funcionários e a ausência de um setor específico para gerenciar os contratos do Hospital de Clínicas. A direção da instituição informa que as mi­nutas são analisadas pela Procu­radoria Jurídica da UFTM e "os contratos só são celebrados após parecer favorável".

No Hospital Universitário Jú­lio Müller, da UFMT, "há um grande número de processos ad­ministrativos disciplinares des­de 2010 que ainda está em anda­mento". A unidade diz que, após a auditoria, remanejou servido­res para finalizar os processos.

Em Campo Grande, a Polícia Federal deflagrou uma operação para combater o grupo que frau­dava as licitações do Hospital Universitário da UFMS. O então diretor José Carlos Pontes foi afastado temporariamente.

Em quase metade dos proces­sos de licitação examinados no hospital da UFMA, a pesquisa de preços prévia não foi adequada­mente realizada, diz o TCU. Também há falta de pessoal.

No Instituto de Pediatria da UFRJ, na maioria dos casos exa­minados não houve comparação de pelo menos três propostas de preços nos processos de compra e não há parecer jurídico atestan­do que as licitações podem ser dis­pensadas. "São processos rotinei­ros, não vemos necessidade pare­cer jurídico", diz Bruno Leite Moreira, vice-diretor do Instituto.

Consultada, a Ebserh informa que, para suprir a ausência de pessoal, há a previsão de concur­so para os hospitais do Mara­nhão e do Triângulo Mineiro.

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