Governo agora manobra o PAC

Lista de despesas foi acrescida de R$ 3,2 bilhões


 O Estado de São Paulo

Quando faltavam apenas quatro dias para o fim de 2012, o governo federal lançou mão de um remanejamento de despesas do Orçamento, feito à última hora, para incluir novos proje­tos no Programa de Acelera­ção do Crescimento (PAC).

Portaria da Secretaria de Orçamento Federal (SOF) do Ministério do Planejamento, de 28 de dezembro, acrescen­tou R$ 3,2 bilhões de nova dotação de despesas que se en­quadram nos critérios previs­tos no PAC, que são investi­mentos considerados priori­tários e, se tiverem sido efeti­vamente pagos, poderão ser abatidos para o cumprimento da meta fiscal do ano passado.

A Lei de Diretrizes Orçamen­tárias de 2012 permite ao gover­no abater até R$ 40,6 bilhões de despesas realizadas do PAC pa­ra cumprir a meta de superávit primário das contas do setor pú­blico, que é a economia feita pa­ra o pagamento das despesas com juros. Ou seja, quanto maior for o volume de despesas pagas do PAC, mais espaço fis­cal tem o governo para o cumprimento da meta de R$ 139,8 bi­lhões do ano passado.

Até novembro, as despesas do PAC somavam R$ 28,4 bilhões, mas fecharam 2012 em torno de R$ 38 bilhões, segundo estimati­va preliminar divulgada oficial­mente esta semana pelo Minis­tério da Fazenda. Se confirmados os números oficiais, o paga­mento das despesas do PAC foi próximo a R$ 10 bilhões somen­te em dezembro, um volume muito mais alto do que nos me­ses anteriores.

O Tesouro Nacional explicou que não há nada de excepcional na portaria e que o remanejamento é feito todos os anos, des­de a época do Projeto Piloto de Investimento (PPI), programa precursor do PAC e originário de negociação com o Fundo Mone­tário de Internacional (FMI). O fato de ter a dotação, destaca o Tesouro, não significa que a des­pesa foi efetivamente paga. Os valores pagos de abatimento só serão conhecidos no final de ja­neiro, quando o Tesouro divulgar o resultado das contas públi­cas de dezembro.

Em entrevista à Agência Esta­do, o secretário do Tesouro, Ar­no Augustin, negou que a inclu­são de novas despesas na lista do PAC tenha sido feita para ga­rantir o cumprimento da me­ta de superávit. Questionado sobre a possibilidade de abati­mento, respondeu: “É, pode (o abatimento). Mas, no caso, não será necessário para aba­ter. Houve algumas mudan­ças ao longo de 2012”.

Segundo ele, o PAC antes de mais nada é um programa de monitoramento de despe­sas estratégicas para o gover­no. Na avaliação do secretá­rio, o que o governo fez para cumprir a meta foi usar R$ 124 bilhões de recursos que estavam no Fundo Soberano do Brasil (FSB), que é uma poupança pública.

Pela portaria da SOF, as des­pesas remanejadas são dos Mi­nistérios da Educação (R$ 2,775 bilhões) e de Desenvolvimento Social e Combate à Fo­me (R$ 440 milhões). Elas in­cluem projetos de infraestrutura para a educação básica, de apoio ao transporte esco­lar e acesso à água para a produção de alimentos.

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