Um prejuízo de R$ 96,5 milhões com hospitais




O Globo

A Controladoria Geral da União descobriu o que pode ser uma sangria de dinheiro público nos seis hospitais federais do Rio de Janeiro (Bonsucesso, Cardoso Fontes, Andaraí, Ipanema, Lagoa e dos Servidores). A pedido do Ministério da Saúde, a CGU analisou contratos de R$ 888 milhões referentes a serviços de alimentação, lavanderia e compra de medicamentos de janeiro de 2009 a abril de 2011. O prejuízo acumulado pode passar de R$ 96,5 milhões.

A partir do relatório da CGU, o Ministério da Saúde decidiu centralizar o seu sistema de compras em Brasília. No Hospital de Bonsucesso, por exemplo, descobriu-se um sobrepreço de R$ 16,5 milhões em equipamentos de videocirurgia e remédios. Só da Microview Comércio e Representação de Produtos Médicos Hospitalares, foram adquiridos R$ 3 milhões em máquinas que estavam ociosas há dois anos.

A unidade também registrou um superfaturamento de 3.200% na compra do sistema de exaustão para banheiros - que custa R$ 532 e saiu por R$ 17,6 mil cada um, pagos à Midas Engenharia.

No Hospital de Ipanema, o superfaturamento foi de 79% no serviço de lavanderia. A unidade também alugou da Microview equipamentos que já tinha. O prejuízo anual foi de R$ 4,2 milhões. Só a reforma da fachada custou R$ 1,2 milhão a mais.

Gasto de R$ 1,3 milhão com funcionários fantasmas

Já no Hospital dos Servidores do Estado, houve despesas de R$ 18,4 milhões sem contrato assinado. Da Microview, foram alugados equipamentos por R$ 5,6 milhões e mais R$ 1,2 milhão da Renal-Tec em máquinas e insumos para hemodiálise. Situação parecida ocorreu no Hospital da Lagoa, onde foram constatados superfaturamentos de R$ 5 milhões.

No Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, funcionários terceirizados receberam R$ 1,3 milhão sem trabalhar. Lá também foram alugados equipamentos da Microview. Se a unidade os tivesse comprado, haveria uma economia de R$ 5,8 milhões.

A partir da auditoria, o ministério abriu 32 licitações para substituir contratos sob suspeita de superfaturamento e decidiu acabar com o aluguel de equipamentos médicos. Estima-se que a economia alcançada sem esse gasto seja de R$ 60 milhões por ano.

Em janeiro, suspensão de 37 contratos foi anunciada

Em 27 janeiro deste ano, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a suspensão de 37 contratos referentes a obras, prestação de serviços e aquisição de material nos seis hospitais federais do Rio. Ao longo de todo o ano passado, tinham sido analisados 12 contratos de obras, 30 de serviços, 41 de aquisição de insumos e equipamentos, além de 16 de aluguel de aparelhos.

Na época, o ministro informou terem sido abertos 51 pregões para a aquisição de insumos, que, de acordo com ele, iam combater o desperdício e incluiriam a compra de 2.240 itens diferentes. Também foi divulgado que seria aberto um novo processo licitatório para substituir 18 contratos de serviços como vigilância, limpeza, lavanderia, alimentação e de apoio administrativo. 

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