O caso Bertin e a falta de controle social

Bertin foi assassinado em 2008

O Caso Bertin foi, indiscutivelmente, um dos assuntos mais comentados na imprensa maranhense desde o fatídico acontecimento ocorrido em março de 2008, na BR 222, próximo ao povoado Cigana em Itapecuru-Mirim (MA), que culminou com a execução do prefeito da cidade de Presidente Vargas (MA) o Sr. Raimundo Bartolomeu Aguiar, o Bertin.

Desvinculando-me, um pouco, das manchetes dos jornais, ousei lançar um olhar um pouco mais aprofundado acerca do caso.  Veja-se, por exemplo, a seguinte indagação: por que alguém mataria tão covardemente, e com tantos requintes de crueldade, uma pessoa? A resposta é muito óbvia, alguém ou algum grupo teve a sua estrutura de poder ameaçada.

O que significa estrutura de poder? Em um município pobre como Presidente Vargas, onde dos 10.483 hab, 74,83% estão excluídos de água encanada, saneamento básico, coleta de lixo, educação e renda digna, conforme aponta o professor José Lemos (2005) na obra Mapa da Exclusão Social no Brasil, o poder perpassa basicamente pela prefeitura. Ou seja, teria havido a possibilidade de erosão na estrutura de poder formada a partir dos cofres públicos. Quem então teria chacinado o prefeito Bertin? Volto a essa questão adiante.

Eu conheci a cidade de Presidente Vargas, em meados de outubro de 2006, quando eu e uma colega fomos visitar 11 municípios da região de Itapecuru-Mirim ajudando na mobilização dos atores sociais locais (agentes públicos, conselheiros e lideranças) para participarem do 3º evento do Programa Federal Olho Vivo no Dinheiro Público da CGU (www.cgu.gov.br), que visa capacitar os atores locais com vistas à prática do Controle Social. A cidade que eu encontrei me chocou, pois me pareceu uma cidade sem esperança, perdida no longínquo e abandonada; a prefeitura estava fechada às 16 h e ninguém sabia informar onde estava o prefeito.

Voltando a questão anterior, sem dúvida alguma, a estrutura de poder que se montou subsistiu graças à ausência de um Controle Social existente no município. Indubitavelmente, se a sociedade de Presidente Vargas (MA) exercesse efetivamente o controle sobre os recursos públicos, a situação não teria chegado aonde chegou. Uma lição é válida, o Controle Social inibe a prática da corrupção, pois se existe algo que o corrupto tem ojeriza é a TRANSPARÊNCIA. Então eu conclamo a todos para que incentivem, apóiem e mobilizem o Controle Social, para que situação análoga à deste município não venha mais a macular o nosso estado.

*Republicado a pedidos

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