Neste ano, a campanha tem como tema “Fraternidade e Saúde Pública” e lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra” (cf.Eclo 38,8). O objetivo geral da campanha em 2012 é “Refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção dos enfermos, e mobilizar por melhoria no sistema público de saúde” (p. 12 do Texto-Base).
No ano de realização da 1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social um dos objetivos específicos da CF 2012 casa muito bem com os objetivos da Consocial, que é o de "Qualificar a comunidade para acompanhar as ações da gestão pública e exigir a aplicação dos recursos públicos com transparência, especialmente na saúde”.
A Consocial, por sua vez, apresenta os seguintes eixos temáticos: I-Promoção da transparência pública e acesso à informação e dados públicos, II)-Mecanismos de controle social, engajamento e capacitação da sociedade para o controle da gestão pública, III)-A atuação dos conselhos como instância de controle, e, IV)-Diretrizes para a prevenção e o combate à corrupção.
Como se poder ver, é nítida a ligação entre o temário discutido na conferência e o da campanha da fraternidade. A escolha do tema saúde foi muito atual, tendo em vista os descasos fartamente denunciados pela imprensa de pessoas que chegam às vezes a morrer nas filas à espera de um simples exame.
A reflexão trazida à baila pela Igreja Católica demonstra o quanto as campanhas da fraternidade estão engajadas nas lutas sociais do nosso tempo. No Brasil é corriqueiro se ouvir que problema da saúde não é falta de recurso e, sim, falta de gestão. Em linhas gerais, falta controle eficiente.
Assim, a campanha da fraternidade deste ano suscita na sociedade brasileira a discussão dos temas transparência e controle social na área da saúde.
Controle Social: uma tendência
No Maranhão, o controle social já é uma realidade e em muitos municípios a ação de ONGs, conselhos, pastorais e associações somadas ao esforço governamental vem começando a dar bons frutos. Sinal de que a nossa sociedade já rejeita gestores que não tem compromisso algum com o controle social e a transparência dos atos de gestão.
O ex-governador do Maranhão, Jackson Lago, chegou a se referir à "procissão de ambulâncias" para definir a situação emergencial em que se encontrava a saúde pública nos municípios. Os municípios teimam em investir na compra e aquisição de ambulâncias, esquecendo-se dos demais atendimentos nas áreas de atenção básica, média e alta complexidade.
Seria interessante descobrir o porquê de os municípios que não aplicam o percentual mínimo na saúde não sofrerem qualquer tipo de intervenção, conforme determina a Constituição Federal de 1988. Uma velha máxima diz que "um pais muda, conforme o seu povo muda". E a sociedade começou a mudar.
O órgãos de controle, tais como, a Controladoria-Geral da União estão implementado ações voltadas ao controle social dos recursos públicos. A CGU, por exemplo, dentre suas linhas de atuação, tem a área de prevenção da corrupção, que fomenta o controle social.
Nesse sentido, a Controladoria criou os Núcleos de Prevenção à Corrupção (NAP), unidades destinadas a realizar as ações de capacitação presencial e virtual de lideranças sociais, conselheiros e agentes públicos. Seguindo esta tendência, o Tribunal de Contas dos Estado do Maranhão recentemente colocou em seu planejamento estratégico a adoção de um modelo de capacitação para conselheiros de acompanhamento de políticas públicas.
Outro exemplo a ser ressaltado, foi o de que, em reunião ocorrida em Brasília, a Auditora-Geral do Estado do Maranhão, Helena Costa, declarou a intenção de a CGE implantar um NAP nos moldes do que existe atualmente na CGU.
Em suma, os órgãos de controle assumiram que precisam da sociedade para que o exercício do controle da gestão pública possa ser efetivado, tal o gigantismo desta tarefa.
Por fim, o grande mérito da Igreja Católica em escolher o tema deste ano é levar à sociedade brasileira a buscar mecanismos para acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recursos públicos na área da saúde. Nem parece que os municípios estão obrigados a aplicar, no mínimo, 15% de suas receitas de impostos e transferências na saúde em face das denúncias veiculadas na mídia.
Viva a Campanha da Fraternidade de 2012!
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