terça-feira, 1 de novembro de 2011

As "senzalas urbanas" do Maranhão

Família em situação de extrema pobreza em Icatu, MA, Brasil
Por Welliton Resende*


As experiências e observações vivenciadas com as viagens de fiscalização retratam uma triste realidade vivida pela maioria do povo maranhense.  Eles sobrevivem apenas com os recursos do Programa Bolsa Família e as aposentadorias dos idosos.

Pode até parecer exagero, mas é a pura realidade. Pouco dos recursos transferidos aos municípios pelo governo federal são efetivamente aplicados neles. A maior parte é drenada pela corrupção das elites políticas municipais e seus protegidos. 

Ao povo, resta a miséria, a fome e as doenças que poderiam ser facilmente curadas caso existisse aplicação de recursos em programas de prevenção, tais como, Farmácia Básica, Programa Saúde da Família e de Agentes Comunitários de Saúde.

É notório os desvios dos recursos da Saúde a ponto de o ex-governador já falecido, Jackson Lago, haver cunhado a expressão "procissão de ambulâncias rumo à São Luís".

O Fundeb, outro exemplo, é aplicado no percentual máximo de 60% na remuneração dos profissionais do magistério em sala de aula. Aqui, em vez de mínimo, virou máximo. Resultado, temos os piores índices do IDEB do Brasil.

 
E a vergonha da corrupção não para por aí. É roubalheira prá todo lado.  Então, caro leitor, o que resta para movimentar as incipientes economias locais? 


Apenas aos recursos que são transferidos diretamente às famílias pelo governo federal. O Bolsa Família e os "aposentos".  E os demais recursos  FPM, ICMS, Fundeb, PAB/SUS, convênios, contratos de repasse, etc... ?

A resposta está nos indicadores sociais do nosso estado, onde dos 100 municípios mais pobres do Brasil, temos 80 na lista.

A maioria dos municípios maranhenses é uma espécie de "senzala urbana", com  prefeito(a)s que se comportam como se fossem senhores de engenho ou donatários de capitanias hereditárias.

E onde reina o clientelismo, as perseguições e a manipulação. São as novas formas de açoite no lombo do povo.

E o que estes facínoras fazem com o produto dos recursos desviados: 1)colocam os filhos para cursar Medicina em instituições privadas, 2)adquirem apartamentos na área nobre da capital, 3)compram carrões de luxo (SUVs, picapes,etc). Este é o maldito "kit prefeito".

Até quando permitireis tal coisa, povo Timbira?!!!


Resende é auditor e coordenador do Núcleo de Ação da Prevenção à Corrupção (NAP)
Welliton Resende

5 comentários:

  1. Muito bom seu espaço como faço pra fazer parte do seu movimento...

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  2. O QUE FAZER SE TEMOS OS RESPONSÁVEIS PELA FISCALIZAÇÃO DOS PREFEITOS, NO CASO OS VEREADORES, TAMBÉM PARTICIPANDO DA ROUBALHEIRA. SE TEMOS ESQUEMAS DO TCE FUNCIONANDO PARA LIVRAR O COURO DOS LADRÕES DE DINHEIRO PÚBLICO. A POPULAÇÃO NEM SE FALA, APENAS ASSISTE E CHEGA A BATER PALMAS DAS BANDALHEIRAS DOS PREFEITOS. SÓ PENA DE MORTE, EXECUÇÃO EM PRAÇA PÚBLICA.

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  3. Welliton, sou de Porto Alegre/RS. Gostaria de parabenizar pela postagem, muito boa mesmo, vocês está de parabéns.
    Com oeu estudo geografia aqui no Rs, em uma das cadeiras vimos os dados sobre saneamento básico no Brasil, além da média brasileira ser muito baixa, os dados do estado do Maranhão são tristes para dizer o mínimo. Todo cidadão do Maranhão não pode pagar a conta por todo este descaso do poder público e destes "senhores de engenho" como você bem colocou.

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  4. texto plagiado para meu blog: www.jarivanio.com

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  5. Não existe desenvolvimento urbano sem desenvolvimento econômico. O ponto nevrálgico de tal quadra hoistórica é simplesmente a falta de um projeto de desenvolvimento do estado. Onde os fomentos as fontes produtivas não existe, lamentavelmente existirá miséria e fome. É mister invstimentos massiço nas forcas produtivas, nas infra-estruturas estranguladas das cidades, industrias. Se não há isso essa perpetuação e romatização da pobreza será perene... Roberto Cesar Cunha

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