segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os insaciáveis corruptos

Heloísa Helena

Por Heloísa Helena (Publicado no jornal Extra desta sexta-feira)


Escrever ou falar ou até pensar em Corrupção é verdadeiramente insuportável. Ao contrário do que pensam alguns – geralmente políticos ladrões e seu bajuladores usufruidores da safadeza – eu pessoalmente não tenho nenhum prazer em ficar todo o tempo denunciando os crimes contra a administração pública patrocinados pelos excelentíssimos vigaristas... só o faço para falar o que muitos gostariam de fazê-lo e para não ser parte do imenso conluio silencioso dos cínicos e covardes.

Alguns dizem, em estado de desesperança, que nem adianta enfrentar a ordem reinante pois ela nunca vai se alterar... outros lutarão todos os dias e ostentarão suas cicatrizes como sinais sagrados que estiveram na batalha e não se renderam...outros, muitas dores na vida já precisam esquecer e preferem buscar bálsamos diversos para evitar enfrentar mais angústias...e outros e outros mais!

É fato que em nosso Brasil querido há muito tempo os oportunistas - espalhados em todos os terrenos sem respeitar ideologia ou partido ou religião - sempre dão um jeitinho de fomentar espaços apodrecidos para que eles possam continuar a reinar. Desde que Pero Vaz de Caminha inaugurou a solicitação, numa longuíssima e detalhadíssima carta à Sua Alteza, de uma “singular mercê” ou seja tráfico de influência, o negócio sujo prosperou. Depois de mais de 450 linhas, onde ele tudo escrevia sobre o que via na paisagem - dos mares à inocente nudez indígena, das águas infindas à imensidão de terra que “querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo” - resolveu o dito cujo, nas duas últimas linhas, solicitar que seu genro (que cumpria pena em São Tomé pelo vício de roubar igrejas e surrar padres) saísse da prisão e fosse curtir a família!

Daí em diante os fatos graves e relevantes relacionados às mais diversas modalidades de roubar os cofres públicos e confiar na impunidade se agigantou. Vemos de tudo do mais vil e imundo possível... da ostentação vulgar de riqueza familiar inimaginável resultante dos roubos deles até os malditos e criminosos leilões de virgindade de crianças pobres que eles participam... e foram de tal forma se avolumando que gerou da indignação de alguns à banalização dos fatos por muitos mais!

Enquanto isso, para minimizar o odor fétido desse submundo, os reinados resolveram incorporar também a “arte” de reduzir cabeças...uma técnica “inovadora” de prensagem dos neurônios com destino à ignorância, omissão e cumplicidade! Entre os discípulos dessa concepção estão alguns exemplares “interessantes”...aqueles que geralmente se acovardam diante do Político Caráter-de-rato, esse tipinho de gente bem silenciosa e ladra, e de repente se apresentam violentos diante do roubo dos pobres...exemplo: é incapaz de fazer um barulhinho denunciando um político ladrão mas é capaz de quebrar os ossos de um menino de rua que lhe roube o celular. Existem outros também que ficam atacados e beirando a histeria se alguém falar mal do político ladrão que lhe dá os restos do que a dita excelência come e se empanturra na roubalheira desavergonhada.

Mas existem muitos também... e são muitos mesmo que nem imaginam a força que unidos têm... que insistem em mostrar os fétidos esgotos, onde silenciosos ratos políticos transitam, e insistem mais ainda em trabalhar por mudanças concretas e objetivas para que a miséria humana e a barbárie social não continuem a ser cotidianamente reproduzidas na vida do povo e simbolizadas nas lágrimas de sofrimento e desespero das mães que perderam suas crianças para o crime organizado!

Estou entre aqueles que são honestos por convicção e do mundo da bondade por opção... e que embora tenhamos certeza que as possibilidades de vitória do nosso lado, por enquanto, são poucas, continuamos lutando e semeando as pequenas e frágeis sementes da esperança que um dia possibilitarão a bela e perfumada festa de flores e frutos, de ética e justiça social!

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