Por Nathalie Coutinho*
Ao longo do tempo, pode-se observar as manifestações de profissionais das mais diversas áreas no que diz respeito ao papel da educação.
De fato, a educação é destacada como a solução para os inúmeros problemas existentes no nosso país, principalmente em relação à promoção da paz e ao respeito aos direitos humanos. Neste prisma, vale ressaltar que a democracia se faz presente tornando-se um procedimento fundamental no convívio entre as pessoas, uma vez que a mesma estabelece uma organização da sociedade tendo em vista o poder de participação dos cidadãos sobre aquilo que a importa. Naturalmente, tudo isso é enfatizado na lei maior da nação, a Constituição Federal de 1988 e na legislação educacional, a Lei das Diretrizes e Bases.
Realmente a democracia requer a contribuição da escola, pois dentre as múltiplas faces da educação é da aprendizagem na sociedade em que prioriza o conhecimento, uma função social relevante nesta instituição é a articulação da democracia e a cidadania, uma vez que é imprescindível a presença da última neste contexto, pois ela é que garante a participação efetiva na sociedade. A escola é o lugar onde há socialização, em que se aprende não só conteúdos, mas regras de convivência social como o respeito mútuo e a solidariedade, construindo seres capazes de viver bem coletivamente, dessa forma institui o ensino da cidadania e é através dela que haverá uma boa convivência democrática no país.
Diante desta análise, percebo que não se deve deixar de falar da dignidade humana, que só será alcançada se for efetivados projetos educacionais que garantam a formação de agentes críticos e cidadãos plenos, essa conquista é uma grande meta da educação brasileira, a construção de seres capazes de atuar na sociedade com conhecimento de causa, questionando situações através da autonomia intelectual, lutando por interesses coletivos, só assim a democracia se tornará mais real e visível aos nossos olhos, expressada como instrumento de valor nas mãos da população.
Importante ressaltar que atualmente quando se fala em democracia, muitas pessoas logo pensam em política e quando se fala em política, muitas pessoas logo lembram de eleições. Isso acontece constantemente na nossa sociedade. Está faltando informações que possam quebrar estes paradigmas, baseado no senso comum, informações estas que possibilitarão uma visão mais ampla do conceito e das inúmeras formas de organização que viabilizam a participação, pois são muitas as possibilidades de manifestações sociais que permitirão a atuação de cidadãos, visando o bem estar e a igualdade através do controle e do zelo pela boa conduta do Estado na implementação do que é direito de todos, tudo isso demonstra a real necessidade de se investir na área da educação.
Certo que a escola cumpre papel de relevância no contexto democrático, assegurando a todos a igualdade de condições para que lutem por vidas melhores. Voltemos então a questão da política, muitas pessoas acham que é apenas eleição, mas será se assim fosse vivíamos numa democracia plena? Deixemos pro final uma intervenção crítica desta análise. Agora partimos para um assunto de extrema importância que não pode ser desvinculado da educação, da democracia e da cidadania. Trata-se da política.
É preciso lembrar que antes de tudo, somos um ser social, mas não nascemos preparados pra viver nesta sociedade, nascemos livres, mas não conseguimos sobreviver sozinhos. À medida que amadurecemos, estamos sempre freqüentando grupos nas mais diversas instituições sociais, esta é a forma de convivência, e até mesmo de sobrevivência entre as pessoas no meio social, que ao ser considerado como um todo, teremos uma sociedade política, pois cada parte tem um poder dirigente e para este não abusar da autoridade, foram estabelecidas as leis que atuam para que haja igualdade de direito entre as pessoas.
Se a educação é responsável pela construção de seres humanos plenos, deve preocupar-se com um ensino de padrão de qualidade baseado na formação de agentes políticos, que desmistificam a eleição como único ato político. A instituição escolar deve repassar desde o Ensino Fundamental Menor o conceito e a importância desta ação que propicia a organização da nossa sociedade, que a eleição é apenas um de muitos atos políticos que existem no contexto democrático que exige votação e que sua indiferença quando for em prol do bem comum beneficiará os espertos, ou seja, os governos corruptos.
Vivemos numa democracia formal, em que tudo no papel é perfeito. Brilhante a mente dos nossos legisladores!. Para que o país se torne realmente democrático é necessário apenas passar os princípios constitucionais para a prática. Tarefa difícil, tarefa que exige cada vez mais formação de cidadãos que tenham consciência dos direitos e deveres e que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária. A educação neste ponto é uma alternativa eficaz quando se trata do exercício da plena cidadania, pois um ser instruído é capaz de compreender suas prerrogativas e as do Estado, tem uma visão de participação e sabe como intervir em assuntos de seu interesse e de sua comunidade.
Todos alegam a importância da educação para o desenvolvimento do país, aqui foi comentado sobre sua relevância no processo democrático, mas sabemos que são muitas as controvérsias. Precisamos repensar sobre a definição da educação, não a nosso ver, que felizmente continua sendo benevolente, mas para que ocorra alguma transformação deste quadro é preciso que a vemos no espelho do sistema capitalista que vivemos, em que precede uma sociedade de consumo insaciável. Neste caso, as coisas tomam outro rumo, a educação deixa de ser caracterizada como cooperação ao bem comum e passa a ser vista como um objeto de controle social que manipula as massas, a cidadania deixa de ser conquistada e passa ser praticamente uma atribuição do Estado, a dignidade humana é desrespeitada e a democracia? Se torna quase inexistente, de dois em dois anos somos chamados para determinar quem vai administrar nossa sociedade e também quem vai fazer a fiscalização, este é um instante muito importante na vida de cada cidadão, pena que muitos deles se iludem com promessas falsas ou vendem seu voto, pior, vendem sua consciência a partir do momento que abrem mão de um poder decisivo que eles possuem para que ocorra alguma mudança. Estes não têm direito de cobrar nada dos políticos, afinal já foram pagos por eles, fazem a má política e prejudicam a si e a sociedade.
Tenho muitas inquietações sobre muitas questões do sistema atual. Por isso devo fazer algumas indagações como : Será se um dia iremos acreditar que o nosso país só é democrático quando formos as urnas para a escolha de uma parte dos nossos governantes, sim porque não são somente os que elegemos que nos governam. Em decorrência disso será se um dia iremos acreditar mesmo que a eleição é o único ato político predominante no nosso país, por isso vamos aos poucos desistir de vez de lutar por nossos interesses?
E assim vamos vivendo... procurando a educação que torna mulheres e homens livres, mas no fundo sabemos que há uma contradição entre a importância de sua efetivação prevista nas leis e a implementação de sua prática. Infelizmente se estudarmos os antecedentes históricos da educação, bem como os movimentos sociais vividas nas diferentes épocas, veremos que muito se conquistou com as reformas, mas ainda falta acontecer mudanças significativas que a torne como única alternativa política e social capaz de garantir uma verdadeira convivência democrática, tornando a sociedade mais harmoniosa. Agora, portanto, devemos escolher um destes caminhos: ou fazemos a nossa parte ou esperamos deitados, sonhando que os outros a façam por nós.
*Caxiense, estudante universitária e anarquista.
Mande também o seu texto, que o publicaremos com o maior prazer.
Parabéns à professorA pelo brilhante artigo, muito profícuas as suas elocubrações.
ResponderExcluirWagner-São Luís(MA)
Excelente blog. Cheguei até vocêspelo blog do Dr. JUAREZ MEDEIROS.
ResponderExcluirhttp://notasjudiciosas.wordpress.com/